Com 238 mil veículos, PG busca soluções para o trânsito

Com o crescimento e desenvolvimento do município de Ponta Grossa, o planejamento urbano se torna pauta importante para manter um ambiente saudável para a população. Um dos principais impactos sentidos nos últimos anos, foi o aumento do fluxo de veículos, causando engarrafamentos em gargalos viários de diferentes pontos do município.

No último levantamento divulgado pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), haviam 238 mil veículos registrados em Ponta Grossa. Do total, os maiores números eram de 141 mil automóveis, 27,5 mil motocicletas e 21,5 mil caminhonetes. Ainda, estavam registrados 6,9 mil caminhões no município.

Devido a este aumento, a Prefeitura de Ponta Grossa, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento, vem executando uma série de ações e projetos voltados à melhoria do trânsito e à modernização da mobilidade urbana em toda a cidade.

A Prefeitura de Ponta Grossa, por meio da Superintendência de Trânsito e Segurança Viária, informa que vem realizando diversas ações com o objetivo de aprimorar a segurança e a fluidez do tráfego de veículos na cidade. “Entre as medidas estão a ampliação e o fortalecimento da sinalização viária, o uso de tecnologias de gestão de fluxo — como os semáforos inteligentes — e a execução de intervenções estratégicas em pontos considerados sensíveis da malha viária do município”, afirma o superintendente de trânsito, João Rodrigo Pontes.

TRANSTORNOS - O grande fluxo de veículos acaba gerando transtornos para a população, principalmente nos chamados ‘horários de pico’, onde a maior parte de trabalhadores, estudantes e demais populares estão saindo ou indo para suas residências, o que gera gargalos, altamente utilizados para deslocamento aos maiores bairros de Ponta Grossa.

O alto fluxo pode ser visto em sua maior parte no Centro, em locais como a avenida Vicente Machado e a rua Balduíno Taques. Avenidas que ligam a grandes bairros, como o Contorno e Uvaranas, também acabam apresentando um número elevado de veículos.

Nestes casos citados acima, na avenida Visconde de Taunay, com maior fluxo em rotatórias, como a do Núcleo Santa Paula, ou na avenida Carlos Cavalcanti, que liga a região central a Uvaranas.

“Atualmente, entre os locais monitorados pela Superintendência, estão o acesso à região do Costa Rica, além de trechos de algumas ruas centrais. Esses pontos já recebem acompanhamento constante das equipes municipais e, em breve, devem passar por melhorias”, conta o superintendente de trânsito, João Rodrigo Pontes.

Segundo material encaminhado ao Portal aRede, entre as obras e intervenções já finalizadas, destacam-se:

- Duplicação da Avenida Valério Ronchi, que amplia a capacidade de tráfego e melhora a ligação entre bairros da região leste;

- Ligação da Anita Garibaldi, criando uma nova alternativa de acesso e contribuindo para a fluidez do trânsito na região;

- Implantação de novos binários viários, como exemplo da Siqueira Campos, que têm contribuído significativamente para a organização do fluxo e a segurança no trânsito urbano.

Ainda, há outras obras em andamento, como:

- Ligação Vila Cipa com Campo Belo

- Ligação Departamento de Estradas de Rodagem (DER) com Colônia Dona Luiza

- Ligação Hilgenberg com Jardim Maracanã 

MEDIDAS - Além dessas intervenções, a Prefeitura também trabalha em projetos em fase de desenvolvimento, com o objetivo de antecipar soluções para pontos de congestionamento e acompanhar o crescimento urbano:

- Solução Costa Rica – projeto em fase de aprovação de financiamento;

- Binário da Nicolau Kuppel Neto

- Três rotatórias em estudo na região de Uvaranas

- Solução viária do bairro Ronda, entre outros.

COMÉRCIO - Outro fator que preocupa a população é o baixo número de vagas de estacionamento público, especialmente no Centro. Segundo a presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Giorgia Bin Bochenek, existe um diálogo constante com a Autarquia de Trânsito para tratar do assunto. “Temos mediado um diálogo com a Autarquia de Trânsito, atendendo a pedidos recorrentes dos comerciantes, para ampliar as vagas de estacionamento. Essa é uma demanda fundamental para que os lojistas possam oferecer maior comodidade aos seus clientes”, comenta.

Para lojistas que trabalham em uma das avenidas mais movimentadas do município, a avenida Vicente Machado, o grande fluxo de veículos significa que há clientes e impacta positivamente nas vendas. Porém, o que atrapalha o cenário favorável é a falta de vagas de estacionamento.

Para Giorgia, a Acipg reconhece que é necessário equilibrar a fluidez do trânsito na região central com a criação de um ambiente atrativo e acessível para o consumidor. “Um Centro com trânsito fluido e estacionamento adequado, fortalece o comércio local, beneficia toda a população e contribui para o desenvolvimento econômico da nossa cidade”, completa a presidente da Associação.

.

.

Administração Municipal busca soluções para o trânsito

Sobre o tema, a prefeita Elizabeth Schmidt (União) ressalta que o município tem trabalhado de forma integrada e planejada para melhorar a mobilidade urbana e garantir mais segurança e qualidade de vida para quem circula por Ponta Grossa.

Desde 2024, Ponta Grossa conta com semáforos com inteligência artificial. Os aparelhos que receberam o sistema 'Headway Dataprom' ficam nos cruzamentos da avenida Ernesto Vilela com a rua Francisco Otaviano (Nova Rússia); da avenida General Aldo Bonde com a avenida Jardim (Contorno); rua Saldanha da Gama com rua Francisco Ribas (Órfãs); rua Aldo Vergani com rua Suíça (Oficinas); rua Saint Hilaire com avenida Visconde de Mauá (Oficinas) e rua Emílio de Menezes com rua Luiz da Gama (Oficinas).

Com a medida, os aparelhos passaram a funcionar de forma inteligente, com abertura e fechamento automático - por inteligência artificial, de acordo com o fluxo das vias.

Segundo o Departamento de Engenharia de Tráfego, a diferença dos dispositivos é que, uma vez identificado o aumento do fluxo em uma via ou outra, o próprio sistema do semáforo inteligente escolhe a melhor configuração para ordenar o fluxo, optando, por exemplo, aumentar ou diminuir o tempo de sinal verde no intuito de comportar melhor o tráfego, contribuindo para evitar congestionamentos e facilitando os deslocamentos.

VEÍCULOS DE GRANDE PORTE - Outra medida adotada pela Administração Municipal foi a proibição da circulação de veículos de grande porte na região central. A restrição foi implementada através do Decreto nº 25.758/2025, que dispõe sobre o trânsito de veículos de grande porte – como carretas e bitrens. A medida pretende melhorar o tráfego nas imediações e ampliar a segurança viária da região.

Conforme ressalta a Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública, a restrição será implementada no quadrilátero central, área composta por diversas vias e delimitada pelas ruas Penteado de Almeida, Padre João Lux, Visconde de Nácar e Benjamin Constant. A definição deste quadrilátero foi feita com base nas características do fluxo de veículos na região e considera ligações elétricas e de comunicações que existem nas imediações e que são atingidas de maneira recorrente devido ao grande porte desses veículos. 

“Por isso, pensando na segurança da população e dos próprios motoristas, estamos restringindo o trânsito, que só será liberado mediante requisição prévia e autorização do Município”, explica o secretário da pasta, Guilherme Rangel.

PROJETO - Recentemente, o vereador Professor Careca (PV) protocolou o Projeto de Lei nº 389/2025, que propõem mudanças nos semáforos com radares em Ponta Grossa. A medida visa a instalação de temporizadores regressivos ou numerais indicadores de tempo nos semáforos com radares em toda a cidade.  

Conforme o texto do PL, será obrigatório a instalação e manutenção de temporizadores regressivos com numerais indicadores de tempo em todos os semáforos que possuam equipamentos de fiscalização eletrônica de trânsito, inclusive radares, detectores de avanço de sinal vermelho ou de velocidade. Fica estabelecido ainda que, os temporizadores deverão informar, de forma clara e visível aos condutores e pedestres, o tempo restante para a mudança do sinal luminoso, em todas as fases (verde, amarelo e vermelho).  

Professor Careca (PV) explica a importância das mudanças. “Esse projeto é uma resposta aos diversos pedidos que recebemos de motoristas da nossa cidade. Essa mudança já é uma realidade de diversos municípios em nosso estado, e os números mostram uma redução importante no número de acidentes”, afirma o parlamentar.  

O vereador ainda destaca que a medida é um avanço para um trânsito mais seguro e eficiente. “A partir dessa adequação, teremos um avanço em favor de um trânsito mais humano, previsível e educativo, consolidando Ponta Grossa como referência em gestão moderna e transparente de mobilidade urbana”, conta Professor Careca.  

Após protocolado, o Projeto de Lei deverá passar pelas Comissões Permanentes da Câmara Municipal nos próximos dias e, posteriormente, enviado para leitura em Plenário e votação.

CRESCIMENTO - Para o conselheiro da área de Urbanismo do Grupo aRede e arquiteto urbanista, Henrique Wosiack Zulian, Ponta Grossa vive um momento de transformação. “A cidade cresce ano a ano, recebe novos moradores, novos empreendimentos e, junto com isso, vê o trânsito ficar cada vez mais intenso. Mas há um ponto importante: nossas ruas centrais não foram planejadas para o tamanho atual da cidade — e isso se reflete diretamente na mobilidade de quem vive aqui”, ressalta.

Na sequência, Zulian afirma que durante muito tempo, acreditou-se que ampliar ruas e abrir novas avenidas seria a solução para o trânsito. “Mas a experiência de várias cidades ao redor do mundo mostrou o contrário: quanto mais espaço se cria para os carros, mais carros aparecem. É um ciclo sem fim. É como querer resolver o vazamento de um telhado colocando mais baldes embaixo das gotas. Cidades como Amsterdam, Copenhagen e Bogotá perceberam isso há décadas. Elas entenderam que o trânsito é, na verdade, um reflexo de como o espaço urbano é distribuído. Em vez de apostar só no asfalto, investiram em alternativas — ciclovias seguras, calçadas amplas, transporte público de qualidade e espaços que convidam as pessoas a caminhar e permanecer”, comenta.

Para ele, Ponta Grossa, com seu relevo acidentado e histórico de crescimento desordenado, enfrenta alguns desafios. “Nas últimas décadas, Ponta Grossa vem crescendo com um conceito desatualizado de urbanismo que a pode levar à ruína no tema da mobilidade. Muitos pontos do centro sofreram alterações que são contrárias a uma construção de cidade que visa a mobilidade urbana funcional e qualitativa. Por exemplo: ruas em que as já exíguas calçadas foram diminuídas para alargamento de vias, ou espaços públicos subtraídos para exageradas vagas em 45° (como em frente à igreja “dos Polacos”) e até mesmo as poucas ciclovias executadas sem continuidade ou conexão entre si”, completa.

MOBILIDADE - Vale ressaltar que o espaço público deve ser pensado para melhorar não apenas o trânsito viário e o fluxo de veículos, mas também na qualidade de vida da população pontagrossense. Ou seja, investir em mobilidade urbana é investir em qualidade de vida. É otimizar o tempo das pessoas que saem de suas casas todos os dias, além de proporcionar espaços adequados e seguros para o deslocamento dentro do município.

Ponta Grossa possui problemas no trânsito, principalmente nas áreas destacadas pela reportagem acima, por isso, cabe a Prefeitura Municipal estudar, entender e buscar soluções, pois o município segue crescendo, em pleno desenvolvimento, mas precisa, ao mesmo tempo, ampliar a mobilidade urbana, sem deixar este obstáculo impedir a cidade em crescer com um ambiente saudável para a população.