Sheik do Bitcoin injetou R$ 30 milhões em empresa de Malafaia, diz testemunha
Pastor Silas Malafaia confirma ter recebido ajuda financeira do Sheik do Bitcoin, mas pondera que sociedade durou apenas um ano
Publicado: 25/08/2025, 09:47

Condenado a 56 anos de prisão, o empresário Francisley Valdevino da Silva, o Sheik do Bitcoin, investiu R$ 30 milhões em uma sociedade com o pastor Silas Malafaia, fundador da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. O valor do aporte foi revelado em depoimento, até então inédito, de uma testemunha-chave do processo criminal que resultou na condenação do Sheik do Bitcoin, em outubro passado.
À coluna, Silas Malafaia confirmou que recebeu investimentos de Francisley, mas ponderou que a sociedade durou cerca de um ano e terminou antes mesmo de o Sheik do Bitcoin ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Silas Malafaia e Francisley foram sócios na Alvox Gospel Livros Marketing Direto, uma loja digital com foco no segmento evangélico. A empresa foi aberta em maio de 2021 e encerrada em julho de 2022. O aporte milionário realizado pelo Sheik do Bitcoin tinha como principal objetivo ajudar financeiramente a Central Gospel LTDA, editora que pertence ao pastor e que, em 2019, entrou em recuperação judicial no valor de quase R$ 16 milhões.
O início da parceria entre Silas Malafaia e Francisley é detalhado pelo empresário Davi Zocal à Polícia Federal. Davi atua no ramo da música gospel e é considerado uma testemunha-chave em razão da proximidade que mantinha com o Sheik do Bitcoin. O depoimento ocorreu em agosto de 2022, mas só agora o seu conteúdo está sendo divulgado pela imprensa.
“Se perguntar é mais fácil. Que nem Malafaia. Eu vi do começo do processo até o fim. Nessa, nessa, nessa sede do Francis em ter pessoas influentes por perto, o Malafaia… Pô, por mais que eu não concorde com o evangelho dele, é um dos maiores. E aí, a Central Gospel, que é a empresa principal dele, de livro, tava quebrada, com R$ 38 milhões de arresto. ‘Não, pastorzão. Vou te ajudar. Deixa comigo. Eu vou comprar essa dívida’. O Francis entrou”, relata Davi Zocal.
“Ele [Francis] gastou muito. Juntando informações, entre confecção e tudo, foram R$ 30 milhões… R$ 30 milhões para erguer a empresa. Só que eles combinaram o quê? Eu estava do lado. O Silas falou assim pra ele: ‘Cara, vamos fazer uma empresa com outro nome para não ferrar para nós, né?’ Então abriram a Alvox, mas o foco do Malafaia… O Francis foi sócio direto dele na principal empresa, mas foi só para dar uma esquivada, né?”, prossegue a testemunha.
O Sheik do Bitcoin foi alvo de operação da Polícia Federal em outubro de 2022, cerca de três meses depois do fim da sociedade com Silas Malafaia, e condenado a 56 anos de prisão em outubro de 2024 pela Justiça Federal do Paraná (JFPR). Ele era dono da Rental Coins e de outras 100 empresas, que movimentaram cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022.
O esquema de pirâmide financeira teria prejudicado cerca de 15 mil pessoas, entre elas Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa. De acordo com a PF, Fracisley convencia as vítimas a investirem em uma de suas empresas com a promessa de um grande retorno, a partir da operação de criptomoedas.
Informações: Metrópoles