Deputado critica roupa da colega que o acusa de faltar sessões no Paraná
Ataque aconteceu depois que a deputada Ana Júlia (PT) pediu que o deputado Ricardo Arruda (PL) fosse substituído na CCJ por excesso de faltas
Publicado: 09/04/2025, 21:57

Depois de a deputada Ana Júlia (PT) apresentar um pedido para que o deputado estadual Ricardo Arruda (PL) fosse substituído na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por excesso de faltas, as vestimentas dela foram criticadas pelo parlamentar antes e durante a sessão de abertura da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desta semana.
A confusão começou quando Arruda cedeu entrevistas afirmando que a deputada parecia estar no diretório acadêmico de uma universidade pelo jeito que ela fala e pelas roupas que veste. A deputada estadual Ana Júlia foi eleita em 2022, aos 22 anos, como a mais jovem a ocupar o cargo na história do Paraná.
Durante a sessão, o deputado voltou a comentar as roupas de Ana Júlia. As declarações geraram reações da bancada feminina e da oposição.
“Quando a gente está em algum lugar temos de saber que roupas vamos portar. Nesse plenário, os deputados têm de vir de paletó e gravata. As mulheres não têm isso no regimento, mas nós olhamos para as deputadas e todas vêm com vestimentas que condizem com o plenário. É só ver. […] Isso não é pejorativo, é só um comentário que eu fiz. […] Mas tem pessoa que se acha acima de tudo e, quando eu falei que ela parece que está em um DA [diretório acadêmico] de uma universidade, é por conta das atitudes que ela tem aqui. É uma opinião minha”, afirmou Ricardo Arruda durante a sessão.
DEFESA - Líder da bancada feminina da Alep, a deputada Mabel Canto (PSDB) criticou a fala do deputado. “Eu não acho que ele tem propriedade de falar sobre a questão de vestimenta de uma deputada aqui dentro. Todos podem ver, visivelmente, o quão apropriada ela está para estar aqui”, defendeu Mabel.
O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota de solidariedade em apoio à deputada estadual Ana Júlia.
De acordo com a sigla, a tentativa de reduzir uma mulher ao que ela veste é um instrumento antigo do patriarcado, usado sistematicamente para deslegitimar, silenciar e controlar a presença das mulheres nos espaços de poder. “Quando essa atitude parte de um colega parlamentar, dentro do espaço democrático da Assembleia Legislativa, trata-se de uma violência política de gênero que precisa ser denunciada com firmeza.”
A nota esclarece que, após a deputada Ana Júlia “cumprir seu papel com responsabilidade e cobrar sua destituição do deputado da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ele preferiu atacá-la em vez de apresentar justificativas ou assumir responsabilidades.”
“Ana Júlia representa uma nova geração de mulheres na política: combativas, conscientes, comprometidas com os direitos sociais e com a democracia. Sua coragem em enfrentar o machismo e exigir ética na atuação parlamentar nos inspira e reforça a urgência de seguirmos lutando por uma política feminista, inclusiva e transformadora”, acrescentou.
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