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Coluna MSN: Planos para a aposentadoria

“É preciso aproveitar a aposentadoria como se fôssemos jovens”

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Publicado por Camila Souza.

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Estou a um ano e meio da data em que posso me aposentar. Tem horas em que não consigo entender o que aconteceu. Se ontem eu tinha 18, como posso estar à beira dos 60? Entre estas duas idades, deve ter havido algum processo de aceleração cronológica que me passou despercebido. É que acho que vivi muito mais coisas antes dos 18, quando não podíamos fazer nada e esperávamos com tanta angústia a maioridade. Foi o período das descobertas, que ficam gravadas em nós, e das paixões instantâneas, que tornavam a vida insuportável sem a pessoa amada, até que na semana seguinte nos apaixonávamos de novo.

Estes anos iniciais são por isso bem mais extensos do que os 40 que os sucederam, quando estamos envolvidos no trabalho, nos problemas de sobrevivência, nos cargos conflituosos, em criar os filhos, em crescer na carreira, etc. A vida nos convoca com tanta insistência que não a vemos nos roubar da própria lembrança de ter vivido.

E assim chegamos a esta idade fronteiriça. Daqui para frente, restam-nos dois caminhos. Tentar restaurar a disponibilidade para o novo das duas primeiras décadas, fazendo das últimas um momento de convívio intenso com o tempo, ou de continuarmos fingindo que precisamos construir uma biografia, ganhar dinheiro, comprar carros caros, trocar de casa ou apartamento.

Para todos os assalariados, a aposentadoria impõe uma redução de receitas e um aumento de despesas. Então é necessário, se queremos recuperar o que fomos no início de nossas vidas, uma mudança de hábitos, uma redução de estrutura. É um desafio porque nos adestraram para achar que aos 60 continuamos altamente produtivos, uma vez que o sistema precisa que compremos cada vez mais bugigangas. Imagina, você ainda tem uns bons 20 anos de consumidor descontrolado! Que tal conhecer o mundo em excursões parceladas?

Muitos amigos me diziam que, depois de aposentados, iam morar na praia e viajar. Quase ninguém fez isso. Ficaram em casa vendo a Sessão da Tarde, cuidando do jardim, fazendo caminhadas pela cidade e comendo em buffets – uma vida que, sinceramente, me parece muito mais plena do que a do os que se atiram daqui para lá em viagens e labutas desnecessárias.

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://www.facebook.com/miguelsanchesneto; no Twitter: @miguelsanchesnt.

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