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TSE pede que Bolsonaro mostre provas de fraude em horário eleitoral

Tribunal abriu prazo para que campanha do presidente apresente provas da suposta fraude denunciada

Alexandre de Moraes, presidente do TSE, não vê provas sérias em documentação apresentada até o momento
Alexandre de Moraes, presidente do TSE, não vê provas sérias em documentação apresentada até o momento -

Da Redação

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou nesta segunda-feira (24) que não há provas sérias na tese apresentada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que rádios do Norte e Nordeste estariam privilegiando a propaganda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Moraes abriu prazo de 24 horas para os advogados de Bolsonaro mostrarem os documentos que comprovam a suposta fraude, sob pena de determinar a apuração de crime eleitoral por parte da campanha do chefe do Executivo.

Bolsonaro havia pedido ao TSE, horas antes, a suspensão da propaganda eleitoral de Lula em rádios de todo o país sob argumento de que emissoras estariam deixando de veicular as inserções da campanha à reeleição do chefe do Executivo.

Bolsonaro tem histórico de questionar o sistema eleitoral e insinuar em tom golpista que pode não aceitar resultado diferente da própria vitória. "Os fatos narrados na petição inicial não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documento sério, limitando-se o representante a juntar um suposto e apócrifo 'relatório de veiculações em rádio', que teria sido gerado pela empresa 'Audiency Brasil Tecnologia'", afirma Moraes na decisão tomada na noite desta segunda.

O ministro diz ainda que o pedido de Bolsonaro e o relatório "apócrifo" não indicam as "rádios, dias ou horários em que não teriam sido veiculadas as inserções de rádio" do presidente. "Nem tampouco [há] a indicação de metodologia ou fundamentação de como se chegou à determinada conclusão.

"Tal fato é extremamente grave, pois a coligação requerente aponta suposta fraude eleitoral sem base documental alguma, o que, em tese, poderá caracterizar crime eleitoral dos autores, se constatada a motivação de tumultuar o pleito eleitoral em sua última semana", disse Moraes.

O anúncio da entrega do relatório foi feito pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada. O titular da pasta havia divulgado em suas redes sociais que faria a "exposição de um fato grave".

O pedido apresentado ao TSE diz que a suposta fraude tem potencial de "assentar a ilegitimidade do pleito", se não for corrigida "imediatamente". A campanha de Bolsonaro pede a suspensão da propaganda de Lula no rádio em todo o país "até que se atinja o número de inserções usurpadas da Coligação peticionária". Também requer apuração administrativa do caso, "com vistas à responsabilização dos envolvidos".

Os advogados do presidente apresentaram um relatório feito pela empresa Audiency Brasil Tecnologia, sediada em Florianópolis (SC), para sustentar o argumento da fraude. A empresa afirma em seu site que faz a "distribuição, gerenciamento e acompanhamento de veiculações das campanhas de mídias offline (rádio) em tempo real", e oferece serviços a anunciantes, artistas musicais e emissoras.

Moraes já chamou de mentiroso e fraudulento um parecer do PL, partido de Bolsonaro, que levantava dúvidas sobre a segurança das eleições dias antes do primeiro turno. Também disse que os militares parecem querer agradar o chefe do Executivo no trabalho de auditoria do pleito realizado pelas Forças Armadas.

Fábio Faria afirmou que uma segunda empresa também da área estaria fazendo a checagem das inserções nas rádios que supostamente teriam reduzido o espaço de Bolsonaro. Na ação apresentada ao TSE, os advogados de Bolsonaro afirmam que houve "beneficiamento ilegal e fraudulento" a Lula e por ter aumentado a exposição no Nordeste, "onde, justamente, teve melhor desempenho eleitoral proporcional no primeiro turno de votação".

O documento principal da ação tem sete páginas e cita seis vezes a palavra fraude. O processo é acompanhado por dois relatórios que somam 18 páginas e apresentam o levantamento feito pela empresa sobre o número de inserções de Bolsonaro e Lula veiculadas em emissoras de rádio nos estados do Norte e Nordeste.

O ministro afirmou que o documento entregue ao TSE é um relatório preliminar que trata da primeira semana de campanha eleitoral no segundo turno no Norte e Nordeste. No entanto, disse que a campanha já possui uma auditoria referente a duas semanas nestas regiões que somou 154.085 inserções a menos da propaganda de Jair Bolsonaro, na comparação com seu rival.

Sem detalhar os dados e o método utilizado na auditoria, Faria disse que um dos principais problemas teria ocorrido na Bahia. Segundo ele, em algumas rádios da região, a cada quatro inserções, três teriam ido para Lula e apenas uma para Bolsonaro.

O ministro afirmou que o rádio é um dos meios de comunicação de maior audiência no Nordeste e que o PT teve mais votos "exatamente nessas pequenas cidades onde essas rádios estão e onde nós não chegamos com o nosso programa".

"O que queremos é que seja restabelecido o direito igualitário de disputar as eleições. Não sei se dá tempo para que seja restabelecido todas essas horas. Tem que fazer uma conta. Mas que seja feito rápido isso. O TSE vai fazer agora sua própria checagem, buscar lá a sua auditoria para que a gente possa ter as mesmas condições de tratamento", disse Faria.

O ministro das Comunicações se encontrou nesta segunda com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, para tratar da acusação de fraude.

Integrante da campanha de Bolsonaro, o ex-chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) Fabio Wajngarten disse que as campanhas eleitorais enviam para o TSE as inserções de rádio e televisão, que ficam armazenadas em uma espécie de repositório. Esse material depois é baixado digitalmente pelas emissoras, que o veiculam em sua grande, nos horários específicos destinados para a propaganda eleitoral.

"Constatamos que na região Nordeste, tivemos 29.160 inserções a menos na nossa candidatura, o que corresponde a 241 horas de programação impedida de ser transmitida.", disse Wajngarten.

As informações são do Yahoo!

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