Paraná reforça internacionalização da erva-mate em evento em São Mateus do Sul
O encontro reuniu nesta semana representantes do setor público, pesquisadores e produtores com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da erva-mate no Paraná
Publicado: 22/05/2025, 16:02

A Invest Paraná, agência de promoção de investimentos do Governo do Estado, promoveu dentro do programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) o evento "Erva-Mate: Oportunidades e Desafios na Internacionalização", em São Mateus do Sul. Realizado por meio do VRS Lab+, o encontro reuniu nesta semana representantes do setor público, pesquisadores e produtores com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da erva-mate no Paraná e ampliar sua presença no mercado internacional.
A realização do evento contou com apoio da Prefeitura de São Mateus do Sul, Sebrae, Paraná Projetos, além da coordenação do Cogemate e da IG-Mathe.
A programação incluiu painéis sobre identidade territorial, rastreabilidade, exportação e boas práticas agrícolas, além de oficinas com produtores e especialistas da cadeia produtiva e reuniu mais de 70 participantes e 21 das principais ervateiras do estado. Durante o evento, foi apresentada uma parceria estratégica entre a Invest Paraná, a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) voltada à valorização do mate produzido.
A parceria consiste em um projeto de pesquisa para dinamizar a cadeia produtiva da erva-mate paranaense, que recebeu financiamento de R$ 500 mil do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, uma dotação orçamentária gerida pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Entre as metas estão a implementação de boas práticas agrícolas e o desenvolvimento de um aplicativo de rastreabilidade da cadeia produtiva da erva-mate paranaense.
O estudo será desenvolvido no âmbito do Programa de Estímulo às Ações de Integração Universidade, Empresa, Governo e Sociedade, denominado Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (Ageuni).
Segundo o diretor de Ciência e Tecnologia da Seti, Marcos Aurélio Pelegrina, a ideia é aliar pesquisa científica às demandas do setor produtivo, assegurando sustentabilidade e competitividade. “Esse projeto exemplifica a importância de alinhar a produção científica às necessidades reais do setor produtivo, pois ao implementar novas tecnologias agregamos valor à erva-mate e fortalecemos a economia local e regional, com base em conhecimento e inovação”, afirma.
“A integração entre universidade, empresas e produtores é essencial para transformar pesquisa em resultados concretos, gerando impacto socioeconômico”, complementa.
A professora Daniele Ukan, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), integra a equipe responsável pelo levantamento de dados e pelo desenvolvimento científico e tecnológico do projeto. Para ela, a criação de uma identidade territorial e mercadológica para a erva-mate é fundamental para agregar valor ao produto e consolidar um ativo cultural, ambiental e socioeconômico.
“Essa identidade vai além do aspecto visual ou comercial. Ela valoriza as especificidades regionais, como o solo, o clima e o manejo sustentável que garante a permanência da floresta com araucárias e promove a sustentabilidade da cultura. Além disso, aumenta a competitividade e possibilita o acesso a mercados premium”, avalia.
A plataforma de rastreabilidade, que será desenvolvida no âmbito do projeto, também é apontada como estratégica para a valorização do produto. “Ela permite registrar todas as etapas da cadeia, desde o cultivo até a comercialização, garantindo conformidade com normas sanitárias e facilitando certificações. Isso fortalece a confiança entre produtores, indústria e consumidores”, afirma.
Daniele destaca ainda que os principais beneficiários do projeto serão os produtores rurais. “A marca coletiva e a rastreabilidade fortalecem a governança da cadeia e ampliam o protagonismo dos produtores locais.”
EXPORTAÇÕES EM ALTA – Durante o encontro, o diretor de Desenvolvimento Econômico da Invest Paraná, Rogério Chaves, apresentou um painel sobre as oportunidades de exportação da erva-mate e as perspectivas do setor. “O que fizemos foi apresentar os dados levantados no campo e nossa visão estratégica como entidade que atua na abertura de mercados internacionais. A erva-mate já está presente em países como Uruguai, Chile, Estados Unidos e Emirados Árabes, e ainda temos muito potencial para crescer”, afirmou.
Chaves destacou que o objetivo foi levar uma visão técnica e realista aos produtores, abordando desde a necessidade de qualificação para acessar mercados de alto valor até os desafios de comercializar com grandes compradores internacionais. “Mostramos que há espaço tanto para quem busca mercados com padrão mais alto de qualidade quanto para quem quer melhorar sua inserção no mercado nacional. Mas é preciso investir em melhorias nos processos internos, como rastreabilidade e adequações sanitárias”, disse.
O diretor também ressaltou o papel das missões internacionais realizadas pela Invest Paraná, que atuam na preparação das empresas, promovendo reuniões de negócios, exposição de produtos e articulação institucional em mercados estratégicos. “Representamos gratuitamente os negócios do estado em feiras e agendas no exterior, com o objetivo de abrir portas e qualificar a presença do Paraná no comércio internacional.”
De acordo com dados do Comexstat (sistema de divulgação de estatísticas do comércio exterior do Brasil), o Paraná exportou US$ 12.009.019 em erva-mate em 2024, um crescimento de US$ 4,34 milhões em relação ao ano anterior, quando o Estado ocupava a terceira colocação nacional. Com esse resultado, o Paraná ultrapassou Santa Catarina e passou a figurar como segundo maior exportador do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com US$ 79.988.289 exportados.
Os principais destinos da erva-mate brasileira em 2024 foram Uruguai (US$ 66,7 milhões), Argentina (US$ 13,8 milhões) e Chile (US$ 10,6 milhões).
Com informações: AEN.