Nenhum município da região atinge meta de vacinação contra a gripe
Abaixo da meta há sete anos, Ponta Grossa tem uma das menores coberturas de imunização dos Campos Gerais
Publicado: 10/06/2024, 13:39
Um levantamento feito pelo Portal aRede, a partir de dados do Ministério da Saúde (MS) atualizados até a última sexta-feira (07), mostra que nenhum município dos Campos Gerais atingiu a meta de vacinação contra a gripe. O MS orienta que as cidades imunizem pelo menos 90% das pessoas que fazem parte dos grupos prioritários, como idosos, crianças, gestantes, mães até 45 dias após o parto (puérperas) e povos indígenas.
A imunização contra a influenza costuma acontecer entre abril e maio. No entanto, em 2024, a vacinação foi antecipada para março devido à alta circulação de vírus respiratórios. Em maio, a aplicação foi liberada para toda população a partir dos seis meses. A campanha oficial se estendeu até o fim do mesmo mês. Em razão da baixa procura, o Ministério da Saúde orientou que os municípios continuem vacinando enquanto houver doses.
PANORAMA - Até o momento, Ipiranga apresenta o maior índice de imunização dos Campos Gerais, com 62% do público-alvo vacinado. Em seguida, aparece Tibagi, com 60%. Enquanto isso, Jaguariaíva tem a pior cobertura vacinal da região, com apenas 37,12% da população prioritária imunizada. Logo depois vem Ponta Grossa, que atingiu somente 37,77% da cobertura. A expectativa do Ministério da Saúde é que a vacina contra a gripe chegue no braço de mais de 123 mil ponta-grossenses.
Ao olhar para cada grupo prioritário, Ipiranga também se destaca com a maior cobertura da população idosa (65%). Enquanto isso, Imbaú é a cidade com o menor índice de imunização de pessoas com mais de 60 anos (37%).
Em relação ao público infantil, Jaguariaíva aparece novamente com resultado negativo - apenas 30% das crianças receberam o imunizante. Já em Porto Amazonas, mais de 75% da população entre seis meses e seis anos já se vacinou contra a influenza.
Em Ponta Grossa, o baixo número de grávidas imunizadas chama a atenção. Somente 11% delas foram contempladas com a vacina. Outro dado que preocupa é a imunização de puérperas em Porto Amazonas. Até a última sexta-feira (07), a cidade que tem a melhor cobertura vacinal de crianças não imunizou nenhuma mãe 45 dias após o parto. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos sete mulheres porto-amazonenses fazem parte desse grupo.
POVOS INDÍGENAS - Os povos indígenas que vivem tanto em terras indígenas quanto fora delas também fazem parte do grupo prioritário contra a gripe. Nos Campos Gerais, Ortigueira é a única cidade que apresenta dados da imunização dessa população, com 69% dos indígenas vacinados.
O enfermeiro da vigilância epidemiológica Diego Franciscato explica que a campanha no município tem apoio de lideranças das aldeias Queimadas e Mococa. “A gente promove ações para conscientizar e multiplicar informações sobre os benefícios da imunização”. Segundo Diego, uma das formas de ajuda das lideranças é a tradução da língua Kaingang.
QUEDA NA COBERTURA - Em Ponta Grossa, a cobertura vacinal contra a gripe está em queda pelo quarto ano consecutivo. A última vez que o município atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde foi em 2017, com 93% do público-alvo imunizado.
Para a médica infectologista Gabriela Gehring, a circulação de fake news é um dos principais motivos para a baixa adesão vacinal. “Essa redução vem desde a época da pandemia de Covid. Com tantas notícias falsas em relação às vacinas, houve uma queda significativa na imunização”, comenta.
A gripe é causada pelo vírus influenza e pode evoluir para casos graves tanto em pessoas saudáveis quanto em crianças, idosos e imunocomprometidos. A vacina é a forma mais eficaz de prevenção. “Vacinando toda a população a gente consegue proteger as pessoas mais vulneráveis e também ajuda a diminuir a circulação do vírus”, reforça a doutora.
Segundo boletim da Secretaria Estadual de Saúde, a gripe matou 51 pessoas de janeiro a junho deste ano no Paraná - uma delas em Palmeira.