Exercício leve é aliado no tratamento do câncer de mama e melhora bem-estar emocional
Especialista explica como o movimento pode aliviar o impacto emocional da doença e orienta exercícios simples que podem ser feitos em casa
Publicado: 17/11/2025, 09:53

O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras e uma das doenças que mais afetam o bem-estar emocional. Além dos efeitos físicos do tratamento, como dor, fadiga e limitações motoras, muitas pacientes enfrentam também sintomas de ansiedade e depressão. Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 30% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama desenvolvem algum grau de depressão durante ou após o tratamento.
Para a fisioterapeuta Dr.ᵃ Mariana Milazzotto, mestre em Ciências Médicas e especialista em reabilitação funcional, a fisioterapia é uma ferramenta essencial não somente na recuperação física, mas também na saúde emocional dessas mulheres. “O movimento é uma forma de reconectar o corpo com a mente. A fisioterapia ajuda a aliviar a dor, melhora a circulação, estimula a liberação de endorfinas e promove uma sensação real de bem-estar. Quando o corpo se sente melhor, a mente também responde positivamente”, explica.
Os exercícios fisioterapêuticos, especialmente aqueles voltados à reabilitação pós-cirúrgica, têm impacto direto na autoestima e na confiança da paciente. Segundo Mariana, o processo de reabilitação após a mastectomia ou quadrantectomia vai além da parte física, ele representa uma oportunidade de reencontro com o próprio corpo.
“O toque, o movimento e o cuidado diário devolvem à mulher o senso de controle sobre si. Isso é muito poderoso para quem passou por uma doença que, muitas vezes, causa perda de identidade corporal”, destaca a fisioterapeuta.
Estudos publicados na Psycho-Oncology Journal e em periódicos como o Journal of Clinical Oncology mostram que a prática regular de exercícios físicos supervisionados, incluindo fisioterapia e atividades de baixo impacto, está associada à redução significativa dos sintomas de depressão e ansiedade em mulheres com câncer de mama. A melhora no humor, na qualidade do sono e na disposição física ocorre devido à liberação de endorfinas e à recuperação gradual da funcionalidade corporal.
Exercícios simples que podem ser feitos em casa
A especialista destaca que alguns exercícios leves e seguros podem ser praticados em casa para complementar o tratamento fisioterapêutico, desde que com orientação profissional:
- Respiração profunda: sentada, inspire pelo nariz e solte o ar lentamente pela boca, mantendo os ombros relaxados. Esse exercício ajuda a reduzir a ansiedade e melhora a oxigenação.
- Mobilização dos ombros: faça movimentos circulares lentos com os ombros, para frente e para trás, aliviando a tensão acumulada na região cervical.
- Alongamento de braços: estenda um braço à frente e segure o antebraço com a outra mão, puxando suavemente até sentir o alongamento dos músculos. Repita do outro lado.
- Elevação dos braços com apoio: encostada em uma parede, deslize lentamente as mãos para cima, sem forçar, e mantenha por alguns segundos. Esse movimento ajuda a recuperar a mobilidade após cirurgias de mama.
- Caminhadas curtas: mesmo pequenas caminhadas diárias ajudam a melhorar o humor e a circulação, além de combater a fadiga.
Mariana reforça que o mais importante é respeitar o ritmo de cada corpo. “O movimento deve ser aliado e não castigo. A paciente precisa entender que o retorno à atividade é gradual e que cada conquista, levantar o braço, dormir melhor, caminhar sem dor, é uma vitória que impacta diretamente a saúde mental.”
Além dos benefícios fisiológicos, o acompanhamento fisioterapêutico oferece algo essencial no enfrentamento da doença: o acolhimento humano. A relação próxima entre fisioterapeuta e paciente cria um espaço seguro para que ela se sinta ouvida e apoiada.
“A fisioterapia é, também, um lugar de escuta. Quando a mulher se sente compreendida, ela adere melhor ao tratamento e enfrenta a doença com mais confiança. Cuidar do corpo é, em essência, cuidar da mente”, conclui a especialista.
Com informações das Assessorias.





















