Coluna Fragmentos: “Belarmino e Gabriela” Hoje em Ponta Grossa! | aRede
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Coluna Fragmentos: “Belarmino e Gabriela” Hoje em Ponta Grossa!

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Anúncio da apresentação da dupla Belarmino e Gabriela na Rádio Difusora,publicado no JM no dia 22 de outubro de 1967
Anúncio da apresentação da dupla Belarmino e Gabriela na Rádio Difusora,publicado no JM no dia 22 de outubro de 1967 -

João Gabriel Vieira

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As primeiras emissoras de rádio do Brasil foram criadas ao longo da década de 1920. Inicialmente apresentaram um caráter puramente cultural, transmitindo textos educativos, música erudita, declamações de poesias e notícias lidas dos jornais e revistas da época.

Porém, a partir da década de 1940 esse perfil “educativo” das rádios perdeu espaço. Com o avanço da urbanização, da industrialização e com a ampliação dos mercados consumidores no país, as emissoras de rádio voltaram-se para o entretenimento das massas.

Foi nesse contexto que surgiu a fórmula dos programas de auditório. Capazes de mobilizar multidões e de prender milhares de pessoas sentadas diante de um aparelho radiofônico por três ou quatro horas a fio, os programas de auditório marcaram época na história do rádio brasileiro e foram responsáveis pelo surgimento dos primeiros artistas de massa em nosso país, como é o caso de Orlando Silva, Francisco Alves, Ângela Maria, Ataulfo Alves, Dalva de Oliveira, Vicente Celestino, entre outros.

Grande parte das emissoras brasileiras, nas décadas de 1940 e 50, tratou de construir seus próprios auditórios, para, desta forma, produzir os seus programas. Este exemplo é encontrado em Ponta Grossa. A Rádio Clube Pontagrossense, fundada em 1941, disponibilizou um auditório para seus ouvintes, estabelecendo, com isso, uma forte relação sentimental entre a emissora e o público princesino.

Misturando música, humor, mágica, teatro, sorteios e distribuição de brindes, os programas de auditório tornaram-se as principais atrações das rádios brasileiras por duas décadas. Com o advento e a popularização da televisão no país, a partir dos anos 60, foram “transplantados” para a TV e serviram de modelo para inúmeros programas que até hoje chegam a nossas casas.

No caso do Paraná, a Rádio Clube Paranaense e a Rádio Guairacá, ambas na Curitiba de meados da década de 1940, foram as primeiras emissoras a investir no formato de programas de auditório e a possuírem um “cast” exclusivo de artistas. Foi nesse contexto que nasceu o maior fenômeno da história do rádio paranaense: a dupla sertaneja Nhô Belarmino e Nhá Gabriela! Inicialmente integraram o elenco da Guairacá, onde se apresentavam no programa “O Boa Noite das Casas Lorusso”, passando depois para a Rádio Clube, onde atingiram o auge do sucesso.

Formada por Salvador Graciano (1920 – 1984) e por Júlia Alves (1923 – 1996), a dupla sempre foi sinônimo de sucesso. A fórmula era simples: a mistura entre música e humor. Em um momento em que o país falava em modernidade e que a urbanização era uma meta a ser atingida, Nhô Belarmino e Nhá Gabriela nunca se envergonharam por cantar a verdadeira música sertaneja, nem por representarem, diante de um público predominantemente urbano, a figura do caboclo do interior brasileiro. Pelo contrário, orgulhavam-se por representar a mais pura essência da brasilidade, e foi exatamente a forma singela e pura com que representavam o simpático casal de caipiras, que Salvador e Júlia marcaram a cena cultural paranaense, permanecendo vivos em nossa memória até o dia de hoje!

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 23 de novembro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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