Pauliki cobra união política por novos investimentos para PG
Empresário é o entrevistado desta semana na série especial 'De Olho em 2024'
Publicado: 27/10/2023, 19:36
Ex-deputado estadual, candidato a prefeito de Ponta Grossa por duas vezes, ex-presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial (Acipg) e atual CEO do Grupo MM, Márcio Pauliki é o entrevistado desta semana na série especial 'De Olho em 2024', que conversa com pré-candidatos ao governo municipal e/ou personagens influentes da política ponta-grossense.
Na entrevista, Pauliki destaca a necessidade de investimentos na área social. “É reconhecer que existem mais de 20 mil famílias que vivem abaixo da linha da miséria”. Ele também cobra uma união da classe política em prol do desenvolvimento. “Temos que abrir a cidade” para que deputados que tiveram votos aqui, mas não são daqui, tragam investimentos. “Dinheiro tem lá no governo federal, no governo estadual, mas é preciso fazer projetos”, crava. Confira os principais trechos da entrevista abaixo. Veja a versão completa em vídeo neste link.
Portal aRede/Jornal da Manhã: Márcio, você é um nome relevante na política ponta-grossense, seja porque foi deputado estadual e candidato a prefeito, ou como empresário e ex-presidente da ACIPG. Como você vê a discussão sobre o seu nome para ser um eventual candidato a prefeito?
Márcio Pauliki: Primeiro fico feliz com essa referência, afinal de contas, me sinto muito realizado em poder sempre estar nessas discussões importantes da cidade, seja nas questões dos ativistas, políticas, empresariais, porque vivo realmente a nossa cidade. E até tenho ficado muito feliz, inclusive, de ver uma geração que tá aí, de pessoas novas, jovens, que estão discutindo a cidade. Nós estamos numa necessidade muito grande de discutir a cidade para os próximos 25, 30 anos. Vemos aí muitos trabalhando, e essa união de todos, entidades, a própria gestão municipal, é de extrema importância.
aRede/JM: Quais são as prioridades que você vê que um eventual novo governo municipal precisa dar mais atenção?
Pauliki: Com uma série de pessoas e lideranças, nós projetamos o plano Ponta Grossa 200 anos. Nós precisamos de representatividade e abrir a cidade. Se um deputado de Maringá, de Londrina, de algum lugar, estivesse buscando uma cadeira na Justiça, em relação a alguém daqui da cidade de Ponta Grossa, até entenderia, o duro é você saber que tem aqui, entre os próprios deputados, um querendo comer o olho do outro. Aí outro não assume também e vira secretário? Então, primeira coisa: as entidades, a Prefeitura, tem que chamar esse pessoal, botar aqui e falar que precisamos de recursos. Segundo, nós precisamos fazer com que realmente tenhamos esses projetos consistentes porque dinheiro tem lá no governo federal, no governo estadual, mas é preciso fazer projetos. Ponta Grossa é uma cidade com 200 anos, tem as suas mazelas também, tem suas coisas boas, talvez o que mais hoje Ponta Grossa não enxergue é que são nos vales que nós temos a extrema pobreza. Diferente do Rio de Janeiro, que você vai lá e você vê nos morros, está visível, em Ponta Grossa não é visível, você vai no Shopping Palladium, que é ali a meca do comércio da cidade, e anda três quadras para baixo, tem a Coronel Cláudio, pessoas vivendo numa situação precária. Então, é reconhecer que a existem mais de 20 mil famílias que vivem abaixo da linha da miséria, que são famílias com cinco, seis pessoas que ganham menos que com um salário mínimo. Agora, fora isso, as questões de mobilidade, a cidade precisa ser desenvolvida nos seus entornos. Ponta Grossa tem mais de 10 locais que o comércio se desenvolve, diferente de Maringá, Londrina, que é só no centro, então isso já é uma grande característica positiva. Precisamos ter competição, porque concorrência gira o mercado, fica um pouco mais receptivo ao consumidor. Como no caso do transporte coletivo, acho que no melhor dos sonhos, a Viação [Campos Gerais (VCG)], não imaginava que ia ter esse acordo. Não teve a licitação e nós vamos ainda pagar um valor (subsídio) sobre tarifa técnica [para a passagem ser R$ 4 reais]. Pode ser o que for, a gente complementa o valor. Tem também a questão da água. A Sanepar tem um contrato para 30 anos, independentemente se fecharam ou não fecharam, discuta com a comunidade, discuta com a sociedade civil organizada e chega na Sanepar e fala assim: “Estamos abertos para negociar, mas deixa um tempinho para fazermos um estudo”. É preciso saber quanto que seria caso a [distribuição de água] fosse municipalizada, quanto sobraria para a cidade em 30 anos se fosse uma gestão aqui do Município. Faz a conta pelo menos e mostra para eles na negociação [para aumentar os investimentos].
aRede/JM: Queria conversar também sobre questão partidária, como está a sua movimentação, agora que faz parte do PP?
Pauliki: O Progressista, se não me engano, é o quarto maior partido do Brasil. Tem o Ricardo Barros [deputado federal licenciado e secretário de Indústria e Comércio do Paraná] e a sua filha Maria Victória [deputada estadual]. Tenho conversado com o Ricardo se ele acha interessante a minha permanência no Progressistas para poder ajudá-lo e ajudar os líderes daqui a compor uma chapa importante, já pensando em 2026 [eleições para deputado, senador, governador e presidente]. Podemos até lançar candidato próprio à Prefeitura, afinal de contas para cidade seria muito importante um 2º turno. Com uma pessoa e outra, a discussão acaba ficando polarizada, de esquerda e de direita. Então, você ter a possibilidade de um 2º turno, para ter mais discussões, seria importante. E aí eu acho que Ponta Grossa merece essa discussão, independentemente quem seja os candidatos. E eu queria até deixar claro, eu tenho, por exemplo, uma boa relação com todos os lados, converso com Jocelito [Canto], e com Elizabeth [Schmidt, prefeita]. Ponta Grossa está bem servida de candidatos e candidatas, então o mais importante é saber qual deles terá o melhor planejamento, o projeto mais eficiente para a cidade e que vai realmente poder tirar as propostas do papel.
aRede/JM: E o Márcio Pauliki vai ser candidato a prefeito, pode ser candidato a prefeito?
Pauliki: Eu tive a oportunidade de ser candidato a prefeito em 2012, foi uma campanha espetacular. Se não fosse o Ibope no último dia... A gente sabe dessa história. Eu comecei com 1%, cheguei a 32%, 33% no primeiro turno. Fui o deputado estadual mais votado da história da cidade na época. Tentei sair federal, tive azar, porque fique entre os 30 mais votados. Não foi por falta de voto, mas a história da coligação. Agora, até 2028 eu tenho um compromisso familiar com a minha empresa, estou em contrato como CEO do Grupo MM, que tem um baita de um projeto de estar entre as 10 maiores redes de varejo do país. Então, para nós, é uma satisfação estar à frente dessa grande empresa, mais de 3.000 colaboradores, e até 2028 nós temos esse compromisso firmado em cartório.
aRede/JM: Não se candidatando, o senhor vai ser visado como apoiador. O que um candidato precisa fazer para ter um apoio relevante como o seu?
Pauliki: Olha, eu não preciso de cargo comissionado, se precisar empregar alguém boto lá na MM, não preciso de nenhum favor do governo... O que eu vou querer é que o candidato respeite a cidade em relação aos seus projetos, que as propostas sejam técnicas. Não adianta vir com falácia, promessas que não vão ser cumpridas, né? Que seja alguém que realmente queira fazer as coisas pela cidade, que realmente seja um grande gestor. Ponta Grossa ainda precisa de uma equipe gestora forte e alinhada com os preceitos das entidades que têm governança, e lembrar que lucro no sistema público é investir no social.
Quem é?
Nascido em Ponta Grossa, em 29 de agosto de 1972, Márcio Pauliki é filho de Cirlei Simão Pauliki e Jeroslau Pauliki. Casado com Fábia Pauliki, é pai de Maria Eduarda e Mariana Pauliki. Foi presidente da ACIPG na gestão 2010-2012, candidato a prefeito em 2012 e 2020, e deputado estadual eleito de 2015 a 2018. Atualmente, é CEO do Grupo MM.