Reitor destaca impacto positivo da UEPG na saúde e economia local
Em entrevista ao Portal aRede, professor Miguel Sanches Neto também falou sobre as especulações que envolvem seu nome na disputa para a Prefeitura de Ponta Grossa em 2024
Publicado: 13/10/2023, 15:30
Cogitado para a disputa da Prefeitura Municipal em sondagens eleitorais e nos bastidores da política em Ponta Grossa, o reitor da UEPG Miguel Sanches Neto é o convidado desta semana na série ‘De Olho em 2024’. Durante a entrevista, o professor reforçou o foco em seu segundo mandato à frente da Universidade, que não possui pretensão de disputar o cargo no próximo ano, e destacou a importância que a disputa ao cargo de prefeito terá não só no cenário municipal, mas também para a política de todo o Paraná.
Jornal da Manhã/Portal aRede: Reitor, muito obrigado por aceitar o nosso convite. Nas últimas semanas, o senhor falou sobre a citação do seu nome como um potencial candidato a prefeito em coluna aqui no Jornal da Manhã e no Portal aRede: como isso chegou até o senhor e o que sente em relação a isso?
Miguel Sanches Neto: A UEPG é o segundo maior orçamento dos Campos Gerais, acima de R$ 600 milhões anuais, e logicamente que qualquer pessoa que esteja em um cargo com um orçamento dessa natureza acaba sofrendo especulações sobre candidatura a algum cargo público. Recentemente apareceu uma pesquisa que apontava o meu nome como um dos possíveis candidatos e logicamente isso faz parte do processo de pesquisa, se sondam os nomes para ver o potencial de candidatura e a partir dessa pesquisa, e também de muitas conversas que acabei tendo com as pessoas, eu resolvi fazer uma coluna dizendo que não sou candidato. Eu tenho compromisso com a UEPG de fazer a gestão da universidade até o dia 1º de setembro de 2026, esse é o meu compromisso. Mesmo eu falando isso, escrevendo a coluna, parece que a coluna teve um efeito reverso: porque todo mundo acabou dizendo ‘ah, você falou isso porque, na verdade, você tem intenção de ser candidato’. Não, realmente não tenho intenção de ser candidato a prefeito, nem a vice-prefeito, nem a nenhum outro cargo público, tenho intenção de terminar a gestão da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Mas tem sido muito engraçado, porque pessoas me dizem ‘olha, você é um bom nome, você é uma figura que tem feito uma boa administração’, acho isso importante para a universidade. A UEPG vive um momento importante, um momento de desenvolvimento, entregamos dez obras que estavam paralisadas há mais de dez anos. Acho que a Universidade vive um momento muito bom dentro da cidade e no estado do Paraná e isso acaba, de uma certa forma, resultando nessa situação.
JM/aRede: Já que o senhor citou esse momento importante da UEPG, qual é a importância, na sua visão, da Universidade para este ciclo de desenvolvimento que Ponta Grossa vive nos últimos anos?
Sanches Neto: A UEPG é uma Universidade completa. Claro que nós temos outras universidades aqui em Ponta Grossa, todas importantes, mas você vê que na Universidade Estadual de Ponta Grossa tem do curso de artes ao curso de medicina. Então, se nós abrangermos todas as áreas do conhecimento, nós temos e fixamos, eu uso muito essa expressão, nós fixamos cérebros na cidade. Você tem professores com doutorado, pós-doutorado, professores e alunos que têm experiência no exterior, então ela é um elemento extremamente importante para o desenvolvimento regional, fixa um tipo de profissional diferente dentro da cidade. Na questão da economia, a Universidade impacta diretamente na economia, seja através dos salários de professores e de agentes universitários, nas compras que nós fazemos, também com os nossos hospitais universitários, que tem um impacto sobre a economia: contratamos profissionais da saúde, empresas de segurança, enfim, ela ajuda o motor da economia girar. Eu faço sempre um desafio, imagine Ponta Grossa sem a UEPG: é uma cidade sem, no mínimo, 600 milhões de reais no ano.
JM/aRede: Uma das áreas que a UEPG mais atua em conjunto com o poder público é a saúde. O senhor entende que essa área é de maior prioridade no momento em Ponta Grossa?
Sanches Neto: A dimensão de Ponta Grossa, a quarta maior cidade do Paraná, a torna complexa: nós não podemos eleger apenas uma área como prioritária, é um conjunto de áreas prioritárias. Além da saúde, por exemplo, uma outra área muito prioritária é a geração de empregos com boa remuneração, com a população bem remunerada aumenta a circulação do dinheiro dentro da sociedade. Essa é uma área que é extremamente importante e que impacta na saúde, porque uma população que tenha um salário melhor pode, inclusive, ter um plano de saúde. Outra área prioritária que também existe dentro da nossa cidade é a questão ambiental: estamos em uma área que é extremamente importante e tem que ser considerada, temos que aliar a questão ambiental com a questão do turismo, porque o turismo é uma outra área importantíssima para a Ponta Grossa. Dentro disso, e de outras áreas também, o mais urgente é a saúde, acho que aí eu respondo a tua pergunta: todas as áreas são importantes, mas a mais urgente é a saúde, porque é aquela que afeta diretamente a vida do cidadão no seu dia a dia e que afeta a economia, porque uma saúde ruim é também uma dificuldade para a própria manutenção do ciclo econômico do município.
JM/aRede: Falando agora do professor Miguel, quais são seus planos e como o senhor pretende atuar na vida pública nos próximos anos?
Sanches Neto: A frase que eu uso sempre, eu sou um animal político. Como animal político, me interesso todos os dias, todas as horas, por questões políticas. Mas eu não sou um animal partidário. Nunca me filei a nenhum partido e sempre tive essa preocupação de fazer política apartidária. Essa é a minha vocação, é continuar fazendo política apartidária. De que maneira? Das maneiras que a minha qualificação me permitirem. Nas minhas qualificações, que são na área da cultura, que agora são na área da gestão universitária, vou continuar trabalhando após a minha saída da reitoria, que coincide com a minha aposentadoria. Então eu termino a reitoria e logo me aposento. Não tenho pretensões de ser candidato, nem de me filhar a nenhum partido. Isso não está no projeto de vida. No meu projeto de vida, quero continuar desenvolvendo políticas públicas em parceria com todas as iniciativas que sejam em benefício da população, mas sempre sem vínculo partidário.
JM/aRede: O senhor disse que não tem pretensão de ser candidato, mas lhe pergunto o seguinte: um reitor que é bem-sucedido na gestão de uma Universidade tão grande e com o orçamento da UEPG tem a experiência e está preparado o suficiente se candidatar e eventualmente assumir a prefeitura de uma cidade como Ponta Grossa?
Sanches Neto: Com certeza. A gestão de uma universidade ela é executiva, o perfil do reitor é um perfil executivo, ele tem que executar, entregar projetos, obras, e a gente, minha equipe como um todo, porque na verdade eu brinco que sou apenas o síndico do prédio, tenho uma equipe altamente qualificada, dedicada, e que tem feito muito pela cidade e a região. Então nós temos uma experiência executiva, tanto é que quando somos chamados para resolver alguma coisa, a gente não é chamado como teórico, não somos chamados como professores que dominam a teoria, embora nós dominemos as teorias, mas sim como executores porque fazemos parte do executivo e logicamente que um gestor de uma universidade pública tem as condições para cargos no Executivo em qualquer instância.
ANÁLISE
PG terá eleição mais importante
Antes de concluir a entrevista, o professor, que é um dos principais escritores do país, aproveitou para fazer uma análise do que espera das eleições no próximo ano. “A eleição de Ponta Grossa será a eleição mais importante do interior do Paraná. Por quê? A eleição do Governo do Estado [daqui a três anos] passará pelo resultado das eleições de Ponta Grossa. E nós temos hoje grandes candidatos, com grandes potencialidades para fazer dessa uma eleição que vai ser muito disputada”, destaca o reitor da UEPG. “Temos certeza que teremos o melhor resultado para a cidade, que vai ser aquele que o povo escolher”, finalizou.