Madero tem prejuízo de R$ 146 mi e dívida já atinge R$ 898 mi
Por conta do alto endividamento, grupo com indústria em Ponta Grossa diminuiu drasticamente investimentos
Publicado: 04/04/2023, 17:16
Relatórios divulgados da administração do Grupo Madero, de Junior Durski, revelam que empresa de redes de restaurante teve prejuízo em 2022 e dívidas que chegam a R$ 898,8 milhões. No balanço disponível sobre o ano fiscal do ano passado, empresa apresentou prejuízo de R$ 146 milhões apesar de lucro nas operações gerais após desconto de despesas. Pesa contra o grupo juros sobre financiamentos que representam quase R$ 200 milhões pagos nos últimos 12 meses.
Por conta do alto endividamento, Madero diminuiu drasticamente investimentos em seus 275 estabelecimentos em todo o país. Para evitar ultrapassar a marca de um bilhão em dívidas e maiores complicações com credores, apenas 20 restaurantes foram inaugurados pelo grupo em 2022. Maior corte no investimento aconteceu na Cozinha Central, sede fabril localizada em Ponta Grossa e que abastece toda a rede Madero.
Em 2019, somente a cozinha central recebeu R$ 131,3 milhões em investimentos de estrutura, reparos, expansão e logística. Naquela época, grupo chegou a inaugurar, inclusive, nova unidade em Ponta Grossa, com o primeiro Jerônimo do grupo nos Campos Gerais. No ano passado, no entanto, total de investimentos não passou dos R$ 12 milhões na cozinha.
Desde 2021 o Madero vem reduzindo gastos na Cozinha Central. Se em 2020 foram R$ 127,7 milhões colocados, o ano seguinte viu apenas R$ 34,9 milhões investidos nessa área. O grupo considera como investimentos gastos com novos restaurantes, Cozinha Central, corporativo e manutenção. Mesmo diante de um cenário fortemente impactado pela pandemia, Madero continuou com altos investimentos em 2020 e 2021.
No total, grupo investiu R$ 346 milhões e R$ 347,3 milhões respectivamente nos anos em que tiveram maiores prejuízos por conta da Covid-19. Em 2022, montante não chegou a R$ 200 milhões, totalizando apenas R$ 196,8 milhões.
Aumento nas manutenções
A fim de controlar a dívida que se aproxima de um bilhão, Madero inaugurou apenas uma nova unidade no último trimestre de 2022. Dos R$ 30,2 milhões investidos nos últimos três meses do ano passado, R$ 20,6 milhões foram gastos com manutenção, valor maior do que em todo exercício dos anos de 2019 e 2020.
Entendendo a dívida
A dívida líquida do Madero está em R$ 898 milhões, com R$ 85 milhões sendo de curto prazo (com pagamento para 2023) e R$ 904 milhões diluídos até 2028. Há também R$ 90 milhões em caixa e aplicações financeiras, que deixam a dívida bruta total em R$ 989 milhões.
Maior montante a ser pago acontecerá em 2024, quando empresa deverá pagar aos credores R$ 289 milhões. Dentre os principais a receber, estão Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e BGT Pactual. Até 2020, período anterior a pandemia, Madero tinha dívida líquida de apenas R$ 255 milhões.