Observatório Astronômico de PG poderá ser tombado | aRede
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Observatório Astronômico de PG poderá ser tombado

Astrônomo amador revela que resposta da Prefeitura sairá dentro de um mês

Imagem ilustrativa da imagem Observatório Astronômico de PG poderá ser tombado

Fernando Rogala

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O antigo observatório astronômico de Ponta Grossa poderá ser tombado. Em análise por parte da prefeitura de Ponta Grossa, há uma mobilização, entre os astrônomos amadores do município, para que o prédio preservado. Maurício Kaczmarech, um dos que defende esse tombamento histórico, ressalta a importância do Observatório, ainda construído na rua Octaviano Macedo Ribas, número164, no bairro Boa Vista: este foi o primeiro observatório astronômico do Paraná. Kaczmarech, aliás, foi quem fez o pedido do tombamento, ainda em 2002, ao município. Segundo ele, essa análise do município deverá ser concluída dentro de um mês.

Em artigo enviado ao Jornal da Manhã e portal aRede, ele conta um pouco mais da história do antigo prédio:

"Observatório Astronômico: Tombamento com a caneta ou com a marreta

Quando as temáticas de História, Turismo e Educação são relacionadas a gestão de uma cidade, é comum desvincular a preservação do patrimônio cultural e arquitetônico dos mesmos. As ações de reconhecimento de valor histórico e cultural parece estar intrinsecamente ligadas ao nível cultural de proprietários de imóveis e das autoridades administrativas locais. O Brasil, conhecido por ser o país do futebol, tem hoje, um museu dedicado à história daquele esporte, bem como possuí outros museus, sendo a maioria para preservar a história regional da vida comum ou de alguma atividade de destaque do local e até de empresas...iniciativas louváveis. Em Ponta Grossa, as atividades impares que podemos relacionar com o patrimônio histórico e cultural, não se concentra nos campos de futebol, em alguma guerra ou em alguma personalidades de fama nacional ou internacional, como encontramos exemplos, mas sim em algo que passa despercebido...Ponta Grossa é o berço da Ciência da Astronomia no Paraná! Em 1952 foi fundado, por um grupo de entusiastas, o primeiro grupo de Astronomia amadora do Paraná, a Sociedade Ponta-Grossense de Amadores de Astronomia (SPAA). Este grupo concretizou no Paraná, a primeira construção especialmente planejada para ser utilizada como um posto de observação do céu... o primeiro observatório astronômico do estado. Por aqui também apareceu um observatório em uma igreja e ainda, o primeiro observatório astronômico oficial do Paraná. Ponta Grossa também viu nascer o Encontro Paranaense de Astronomia, um evento que tem incentivado a Astronomia não só no Paraná, mas em estados vizinhos ao nosso. E hoje possuí o maior observatório astronômico paranaense.

A construção que foi o primeiro observatório astronômico do Paraná e primeiro observatório oficial do estado ainda existe, estando cravado na Rua Octaviano Macedo Ribas, nº 164 no bairro Boa Vista e por ter duplo valor histórico, ganhou uma proposta para que fosse incluída na lista de locais reconhecidos como tendo valor histórico em Ponta Grossa, ou seja, que fosse feito o tombamento histórico como mais popularmente é conhecido o processo. Isto aconteceu no ano de 2002. O documento peregrinou por vários órgãos, recebendo análises históricas, arquitetônicas e até teorizações sobre o seu futuro uso. Posteriormente, a ideia do reconhecimento foi tentar a sorte na capital paranaense (na Assembleia Legislativa do Paraná) e lá, também não recebeu a devida atenção. A Secretaria de Estado da Cultura também em passado não muito recente resolveu que não se prestaria para examinar a proposta (lembre que é órgão máximo da Cultura no estado e não havia interesse em trabalhar pela cultura!). Houve até a opinião de um arquiteto ponta-grossense, o qual sugeriu algo bizarro... que o antigo observatório não fosse tombado, no sentido da conservação de patrimônio, mas que fosse encaminhado para o tombamento feito com tratores e marretas, terminando com a “genial” sugestão de que o observatório depois de demolido ganhasse uma maquete que poderia ficar exposta no atual prédio do Observatório Astronômico UEPG! A motivação para todo esse desprezo talvez seja o fato de que o edifício do antigo observatório não é adornado por colunas jônicas, escadarias de mármore ou grandes e adornadas cúpulas douradas! Ou quem sabe, o antigo observatório na tem o apoio político que é tão valorizado na cultura brasileira! O patrimônio histórico deve ser considerado não só pela beleza arquitetônica e interesses particulares ou políticos, mas deve se orientar pelo valor histórico intrínseco, esta compreensão deve ser feita principalmente para os patrimônios da História da Ciência, os quais muitas vezes são puramente funcionais, brutos ou com de um tecnicismo sem apreciação popular, mas mesmo assim, são valorosos historicamente.

Na Rússia, existe um lugar em um campo comum, que possuí um monumento, isto porque ele foi o local de pouso da primeira nave espacial da História, a Vostok 1 que levou Gagarin ao Espaço! Outro exemplo, que é até estranho, é o fato de que a cadeira onde Tomas Edison (aquele da lâmpada elétrica e gramofone!) sentou pela última vez, está pregada no chão de seu laboratório! No Museu Smithsoniano do Ar e Espaço em Washington, existe uma pedra, a qual, os visitantes fazem questão de tocar...uma rocha trazida da Lua por astronautas! O reconhecimento histórico serve para conservar, comemorar e valorizar um fato histórico, uma pessoa que fez algo extraordinário ou um local que entrou para a História da Humanidade, por um fato que lá aconteceu. Opostamente, observamos pulular por algumas regiões do mundo, criminosos culturais, que tem prazer na destruição do patrimônio histórico (por exemplo, os terroristas que sonhavam até em dinamitar as pirâmides do Egito!).

Este ano completa-se 15 anos da criação da proposta para tombamento histórico do antigo Observatório Astronômico da SPAA/UEPG junto à Fundação Cultural da Prefeitura de Ponta Grossa. E mesmo assim, com uma década e meia de tempo para análise, reuniões, investigações históricas, avaliações, etc, ainda não foi dado um consenso sobre o caso. Até o pedido teve que ser renovado. Entretanto, existe uma série de conveniências para efetivar a colocação do antigo Observatório na lista de construções reconhecidas como de valor histórico, sendo elas: a construção é pequena e fácil de conservar; o Observatório consta como sendo parte da UEPG, que é um órgão público, não havendo interesses particulares como ocorre quando a propriedade é particular e a UEPG possuí os cursos de História, Geografia e Turismo, os quais, dentro de suas áreas, poderão confirmar o valor de um observatório e a necessidade de conservar um patrimônio que além de histórico, pode ter valor turístico. Faço até um convite para que estes três departamento publiquem neste mesmo jornal, suas considerações sobre a minha indicação, isto para exterminar qualquer dúvida que alguém tenha sobre a necessidade do tombamento histórico em questão.

O processo de tombamento não chega a uma conclusão e se arrasta a bom tempo. Para comparar, nos EUA, a partir da proposta de criação do Projeto Apolo, em oito anos, astronautas já estavam andando na Lua! A torre Eifel em Paris levou dois anos para ser montada! A acidentada e demorada viagem de Fernão de Magalhães que circunavegou nosso planeta pela primeira vez, demorou... 3 anos! Já o resultado para o pedido de tombamento histórico do antigo Observatório da SPAA/UEPG vai chegar aos 15 anos de duração... qual é o problema? Será que a dúvida se prende à ferramenta a ser usada? Com qual ferramenta se promove um “tombamento”? Será que é com a caneta ou com a marreta...será que esta é a dúvida? Acho que depende da cultura das pessoas envolvidas no processo... elas tendem para o movimento de valorização das Ciências dos países que valorizam a cultura ou para a forma de “pensar” dos terroristas que queriam explodir as pirâmides do Egito!

O Conselho Municipal de Patrimônio Cultural – COMPAC, que tem entre as suas funções, examinar as propostas de inclusão de novos imóveis como de valor histórico, informou na última quinta-feira, que no máximo, em um mês, a comissão que avalia a proposta própria do Observatório Astronômico da  SPAA/UEPG , emitirá um parecer sobre se o Observatório tem negado o seu valor histórico e o lança para o tombamento à marreta ou reconhece seu valor histórico e abre caminho para a conservação da construção e quem sabe, na utilização do mesmo como elemento de utilidade para a cultura e para o turismo em Ponta Grossa. Já foram apresentados algumas opções de uso para o antigo observatório, que hoje serve de depósito de móveis. Entre as opções de uso, está a adaptação do local para ser um centro histórico e educacional dedicado à Astronomia e às Ciências. Outra opção seria a doação do imóvel para o grupo de astrônomos amadores da cidade, para que este utiliza-se o local como sede do grupo. Mas para isto, deve ser decidido o futuro do antigo observatório, o qual sempre está a mercê da possibilidade de que o imóvel será vendido e demolido. O que recairá sobre esse patrimônio histórico, a caneta ou a marreta, a primeira poderá assinar o reconhecimento do observatório como de valor histórico ou então, ele será exterminado pela força da marreta! Esperemos para ver se Ponta Grossa é a cidade da conservação ou da destruição!

Maurício José Kaczmarech

Astrônomo amador ponta-grossense"

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