Presidente da Universal Music é acusado de sequestrar a ex: entenda
Helena Lahis diz ter sido internada contra sua vontade pelo presidente da Universal Music Brasil, Paulo Henrique de Lima
Publicado: 07/04/2025, 17:52

A escritora Helena Lahis vive, há quase cinco anos, as consequências de uma internação psiquiátrica forçada que virou alvo de investigações criminais e processos na Justiça do Rio de Janeiro. As informações são da revista Piauí.
Em outubro de 2019, Lahis foi levada contra sua vontade para a clínica Espaço Clif, em Botafogo, sob diagnóstico de hipomania, um quadro de agitação e autoestima excessiva.
A internação foi articulada pelo ex-marido dela, Paulo Henrique de Lima, presidente da Universal Music Brasil, com apoio de uma psiquiatra amiga da família.
Na época, Lahis estava em processo de separação e iniciava um novo relacionamento o que, segundo investigação, teria motivado a ação do ex-marido.
Ele alegou que a ex-esposa estava fora de si e sob influência de um “trabalho espiritual”. O próprio psicanalista da escritora, que também é psiquiatra, discordou da internação e afirmou que ela não apresentava sinais de transtorno psiquiátrico. Ainda assim, um terceiro psiquiatra optou por mantê-la na clínica.
A escritora permaneceu 21 dias em confinamento, sem contato com o mundo externo. Sua libertação só aconteceu graças à ajuda da mãe de uma outra paciente internada, que conseguiu levar uma carta ao novo namorado de Lahis. Em novembro de 2019, a Justiça expediu um habeas corpus ordenando sua imediata soltura.
O caso se transformou em uma complexa batalha judicial. Paulo Henrique de Lima foi indiciado pelo Ministério Público e hoje responde como réu por sequestro, cárcere privado e invasão de dispositivo eletrônico. Também foram denunciados a psiquiatra Maria Antonia Serra
Pinheiro e o ex-diretor técnico da clínica, Gabriel Bronstein Landsberg.
O processo tramita em segredo de Justiça no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
“Ataque à minha dignidade”
Helena Lahis e Paulo Lima se divorciaram formalmente em dezembro de 2019. Ela afirma que tudo o que recebeu na partilha de bens foi gasto com honorários de advogados nos primeiros anos depois da denúncia.
A escritora precisou vender seu apartamento para pagar custas do processo e mudou-se para a casa onde funciona a sua editora. Nos últimos anos, conseguiu que alguns advogados atuassem pro bono em seus processos.
“Como me internaram sem um diagnóstico? Fiquei 21 dias presa em uma clínica. Quem sabe o que fica disso? Foi um ataque à minha dignidade, à minha capacidade cognitiva, relacional, profissional”, diz a escritora, que nunca se recuperou do ocorrido.
Com informações do Metrópoles