Ponta Grossa
Mais de 30 mil pacientes de Ponta Grossa fazem consultas em outras cidades
O Sistema Único de Saúde (SUS) em Ponta Grossa ainda não oferta exames ultrassonográficos (doppler), ecografias e eletroencefalograma em vigília e sono espontâneo
João Bobato | 13 de dezembro de 2025 - 06:50
Nos últimos anos, a cidade de Ponta Grossa experimenta um salto de investimentos na área da saúde. O objetivo busca sanar alguns problemas enfrentados por pacientes que necessitam do sistema público de saúde. Um dos principais fatores é a necessidade de deslocamento para realização de exames, consultas e alguns atendimentos que não são ofertados no município ou possuem grande fila de espera.
Em muitas ocasiões, a população precisa ser encaminhada para cidades do Paraná para fazer consultas, mas com novas estruturas, essa prática deve ser encerrada.
Como exemplos para os casos citados, o Sistema Único de Saúde (SUS) em Ponta Grossa ainda não oferta exames ultrassonográficos (doppler), ecografias e eletroencefalograma em vigília e sono espontâneo.
Ainda, devido à fila de espera, alguns pacientes precisam ser deslocados para realizarem polissonografia, ressonância magnética, ressonância magnética (com sedação), endoscopia digestiva alta, consulta pré-endoscópica, diagnóstico por tomografia (com sedação) e tomografia computadorizada.
Conforme explicado pela Administração Municipal em nota encaminhada ao Portal aRede, isso acontece, pois o município segue a disponibilidade do Sistema Estadual de Regulação (Sisreg).
Apenas dois exames são ofertados aos pacientes ponta-grossenses do SUS exclusivamente fora do Município; os demais possuem agendamentos tanto em Ponta Grossa quanto em outras cidades, seguindo a disponibilidade do Sistema Estadual de Regulação (Sisreg).
De acordo com o Governo do Estado, a regulação no SUS está organizada e definida através da Portaria nº 1.559, de 1º de agosto de 2008 que institui a Política Nacional de Regulação. As ações desta política estão organizadas em três dimensões de atuação, interligadas e integradas entre si: Regulação de Sistemas de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde e Regulação do Acesso à Assistência. Esta última pode também ser denominada de regulação do acesso ou regulação assistencial.
A Regulação do Acesso à Assistência é responsável pela organização, controle, gerenciamento e priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no SUS. Abrange as unidades reguladoras e a regulação médica exerce a autoridade sanitária para garantir o acesso baseado em protocolos, classificação de risco e outros critérios de priorização (PORTARIA Nº 1.559, 2008).
Regulação do Acesso à Assistência também denominada regulação do acesso ou regulação assistencial, tem como objetos a organização, o controle, o gerenciamento e a priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no âmbito do SUS, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos, sendo estabelecida pelo complexo regulador e suas unidades operacionais e esta dimensão abrange a regulação médica, exercendo autoridade sanitária para a garantia do acesso baseada em protocolos, classificação de risco e demais critérios de priorização.
CENÁRIO DEVE MUDAR COM INVESTIMENTOS NA SAÚDE
Com aproximadamente R$ 287 milhões programados para serem investidos no setor, o Município tem se desenvolvido cada vez mais para se tornar um grande complexo de atendimento na Saúde dos Campos Gerais - e o maior do Estado do Paraná. Estes investimentos no setor partem de grandes parcerias firmadas entre a cidade de Ponta Grossa com os governos Estadual e Federal, empresas como a Itaipu Binacional e também graças à atuação de políticos que articulam os recursos à cidade, como o deputado federal Aliel Machado (PV).
Aliel Machado destaca o compromisso do Governo Federal com a saúde dos Campos Gerais e o impacto dos projetos. "Tenho muito orgulho em participar de mais esse momento histórico para Ponta Grossa e região. O que nos move na política é poder mudar a vida das pessoas. Centenas e milhares de pessoas serão atendidas com dignidade aqui no nosso município. Nunca houve tantos investimentos em saúde como nos últimos anos."
Entre os principais investimentos podemos citar a Policlínica, o Centro Oncológico da Santa Casa e as obras no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG).
O provedor da Santa Casa, Juarez Carvalho, reforça a importância do novo Centro Oncológico. "Esta obra representa mais do que infraestrutura. Ela simboliza o avanço da medicina, a possibilidade de tratamento radiológico para pacientes oncológicos que, até então, muitas vezes precisavam buscar atendimento longe de suas famílias. É um marco histórico que não apenas celebra o passado de dedicação da Santa Casa às pessoas em tratamento de câncer, mas também aponta para um futuro promissor."
Considerando os exames listados anteriormente, muitos deles estão registrado queda significativa na fila de espera existente se compararmos ao início de 2025: exames ultrassonográficos (doppler) e ecografias tiveram filas reduzidas em 64%; endoscopia digestiva alta em 84%; diagnóstico por tomografia em 94%; e tomografia computadorizada em 64%.
DEMANDA DEVE SER SANADA ATÉ 2030
Na área da saúde, a Prefeitura de Ponta Grossa trabalha em dois importantes eixos para qualificar, cada vez mais, o atendimento à população. A primeira frente reúne as medidas imediatas, onde investimentos robustos estão sendo aplicados em obras estruturantes, como as já entregues da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Uvaranas e os Superpostos Panamá e Borato, além do maior programa de modernização das Unidades de Saúde da história de Ponta Grossa e a contratação de mais de 300 profissionais de saúde nos últimos anos.
Em paralelo, os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde lideraram um amplo estudo que contempla ações e obras para atender o crescimento da demanda em toda a cidade, levando em consideração um mapeamento geográfico e estratégico, tendências de crescimento populacional e os novos adensamentos urbanos. O estudo denominado “Territórios Mais Saúde PG” concluiu que, além das obras em andamento e previstas tanto pelo Poder Público quanto pela iniciativa privada, há a necessidade da construção de mais três Superpostos - nas regiões do Chapada, Colônia Dona Luiza e Cará-Cará.
Este conjunto de obras, de acordo com o estudo da Prefeitura, estabiliza a necessidade de novas construções de espaços de saúde até 2030.
De acordo com nota encaminhada pela Administração Municipal ao Portal aRede, toda essa união de esforços busca, como meta principal, atender a demanda dos ponta-grossenses tanto na área de urgência e emergência, atenção primária e atenção secundária (consultas, exames e cirurgias eletivas). Ao atender a demanda de Ponta Grossa com mais qualidade e capacidade, naturalmente os municípios da região acabam sendo beneficiados; no entanto, é importante esclarecer que a atenção secundária, conforme está previsto na legislação, é uma atribuição conjunta entre Estados, municípios e Governo Federal.
“Sabemos que o atendimento especializado no SUS é um grande desafio, e por isso estamos trabalhando de forma permanente e integrada, ao lado dos demais municípios da região e da Secretaria de Estado da Saúde – Sesa, para suprir esta demanda. Juntos, atuamos no planejamento estratégico e na busca de parcerias para ampliar a rede de atendimento, aumentando a oferta de serviços, sempre buscando reduzir o tempo de espera para consultas, exames e cirurgias”, afirma a secretária municipal de Saúde, Liliam Brandalise.
Para a prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil), o planejamento na saúde deve estar alinhado com o crescimento de Ponta Grossa. “Estamos virando a chave na saúde com muito trabalho e planejamento. Nosso foco está no presente, qualificando cada vez mais as nossas equipes e com importantes obras em andamento, mas principalmente no futuro da nossa cidade: precisamos ter um sistema de saúde que esteja alinhado com o crescimento de Ponta Grossa em todos os segmentos”, avalia.
Em 2025, somando todos os exames via SUS para pacientes de Ponta Grossa, de janeiro a novembro de 2025, foram 191,5 mil atendimentos realizados. Em relação a tratamentos, consultas e exames fora do Município, foram 30,3 mil atendimentos realizados (onde a Prefeitura oferece o transporte e diária para os pacientes).
PONTA GROSSA DEVE SE TORNAR REFERÊNCIA MACRORREGIONAL NA SAÚDE
Sobre essa nova realidade da saúde em Ponta Grossa, através da vinda de grandes estruturas como a nova Policlínica e o futuro Hospital do Câncer, o município irá se consolidar não apenas como uma cidade de passagem, mas como a referência macrorregional de saúde para quase 1 milhão de habitantes.
Para se preparar para o alto fluxo de pacientes, a Administração Municipal, junto da Associação Médica de Ponta Grossa (AMPG) e demais entidades, elaboraram o MasterPlan da cidade.
“Primeiro, é fundamental a integração digital. Precisamos de uma centralização de dados que conecte o sistema municipal com o estadual. O paciente que vem da região precisa já chegar regulado, com a telemedicina servindo como uma barreira de triagem para que ele só venha quando realmente seja necessário, otimizando nossos leitos e consultórios”, comenta o presidente da AMPG, Dr. Mário Montemor.
Outro ponto abordado por Montemor é a necessidade de encarar a saúde como um vetor de desenvolvimento. “O MasterPlan aponta para o 'Turismo Hospitalar'. Se vamos receber pacientes de fora, precisamos que a cidade ofereça estrutura hoteleira e de serviços, transformando essa demanda em receita e emprego para Ponta Grossa. E um terceiro ponto, e talvez o mais importante: o Capital Humano. Como Associação Médica, defendemos a integração total entre os hospitais e as nossas universidades. Precisamos formar e fixar especialistas aqui. A Policlínica e o Hospital do Câncer podem ser hospitais-escola de excelência”, pontua.
Por fim, o presidente da Associação reforça a união com a Prefeitura para auxiliar o crescimento do município na saúde. “Ponta Grossa está pronta para assumir esse protagonismo. A Associação Médica está ao lado da gestão pública para garantir que esse crescimento traga, acima de tudo, dignidade e agilidade no atendimento para a nossa população e para quem busca nossa ajuda”, finaliza.
A partir disso, podemos concluir que a Prefeitura de Ponta Grossa planejou e investiu para melhorar a qualidade do atendimento na saúde pública local, projetando transformar o município em referência no setor em toda região dos Campos Gerais, podendo atender a população de mais de 1 milhão de habitantes, de forma organizada e que supra as necessidades dos habitantes locais e aqueles que vierem de outras cidades para buscar o atendimento e a estrutura presente em Ponta Grossa.