Editorial
Os prefeitos da AMCG não se curvarão ao tiranismo
Da Redação | 09 de setembro de 2025 - 02:00

É importante destacar essa mobilização dos prefeitos da Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) que, para defender as indústrias e os empregos em suas cidades, vão a Brasília, nesta terça-feira (9), para participar de uma audiência com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Essa comitiva, com propósitos de responsabilidades e atenta aos efeitos negativos da decisão arbitrária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros, objetiva encontrar soluções imediatos para evitar o colapso financeiro nos municípios. Somente Jaguariaíva teve 400 moradores demitidos semana passada.
O inquietante neste cenário de incertezas é que muitos grupos políticos defendem as medidas do presidente norte-americano, mesmo em prejuízo aos municípios. Muitos políticos, no Dia da Independência do Brasil, comemorado no último domingo, levantaram a bandeira dos EUA. A soberania brasileira não pode ser colocada em jogo.
Especialistas reforçam que o tarifaço tende a afetar desproporcionalmente setores específicos da indústria, que podem enfrentar maiores dificuldades de adaptação e competitividade no curto e médio prazo. Para além dos efeitos diretos sobre a balança comercial, o aumento das tarifas eleva o nível de incerteza econômica, com potenciais impactos negativos sobre o mercado cambial e os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED), e aumenta o risco de uma invasão de produtos industrializados no mercado doméstico.
Essa decisão afeta diversos segmentos da economia paranaense, especialmente o agronegócio, a indústria de base e o setor madeireiro, todos fortemente dependentes do comércio exterior. Algumas empresas, como BrasPine (Jaguariaíva) e a Milpar (Guarapuava), suspenderam a produção ou colocaram equipes em férias coletivas por não saberem como será a comercialização daqui para frente.
Em Jaguariaíva, devido à queda na arrecadação, a Administração Municipal anunciou medidas para contornar os impactos. Entre elas estão ações para geração de emprego e renda, como a adesão ao Programa Cidade Empreendedora, o planejamento para a construção de barracões industriais para atração de novas empresas, e a otimização dos processos de novas obras públicas, que possibilitarão a absorção de mão de obra local.
Os efeitos da medida já são concretos. No setor florestal, cancelamentos de contratos, suspensão de embarques, contêineres retidos em portos e demissões em larga escala foram registrados. Empresas com atuação relevante no interior do Paraná anunciaram férias coletivas e redução de operações, diante da inviabilidade de manter suas atividades sem a previsibilidade de mercado.
Os prefeitos da AMCG não se curvarão ao tiranismo do presidente norte-americano.