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Imagem ilustrativa da imagem Dividir para dominar

Por Mário Sérgio de Melo

Ao longo da história da humanidade vê-se a eficácia dessa ancestral estratégia de dominação: dividir os povos a serem dominados, lançando tribos contra tribos, povos contra povos, etnias contra etnias, religiões contra religiões, culturas contra culturas, homens contra mulheres... Hoje, nações contra nações, classes sociais contra classes sociais, ideologias contra ideologias, até o clímax da cizânia, irmãos contra irmãos.

Há na índole humana teimosos resquícios do instinto de competição e dominação, inerente à nossa natureza animal e ao princípio da seleção natural. Mas desde que tomamos ciência de que somos competitivos, esse traço primitivo é manipulado para dominar-nos. É assim para assanhar a ânsia de consumo da civilização atual. Possuir é sobressair-se, faz íntima ligação entre a posse de bens e a ostentação da supremacia dos dominadores. Tornamo-nos consumidores compulsivos, à mercê de quem lucra com nossa compulsão. E, vítimas da guerra cognitiva, competimos com nosso conterrâneo, nosso vizinho, nosso irmão. Um instinto tão forte que nos cega para a compreensão de que, alhures, alguém nos manipula – dividindo-nos, enfraquecendo-nos – enquanto nos controla e nos explora.

A fraqueza que nos é incutida manifesta-se também na tibieza do caráter. A guerra cognitiva é vitoriosa quando subjuga a mente do inimigo. Implanta nela desinformação, negacionismo, segregação, medo, ódio, inaptidão para refletir, discernir, dialogar, ter sensibilidade e empatia. Os subjugados reagem como animais acuados.

Seremos capazes de quebrar esse ancestral arquétipo? De perceber quantos fantasmas nos são imputados para que, amedrontados, transformemos nosso próximo num inimigo visceral? Desde a cuca que vem pegar a criança inquieta, monstro fictício inventado para assustá-la e controlá-la, até o apregoado perigo, não menos fictício, da outra ideologia, da outra religião, da outra cultura, são muitas maldosas criações para nos provocar medo, nos dividir e dominar.

Dominação não é só de um país sobre outros, como temos visto hoje com a ânsia estadunidense de submeter todo o mundo. Tão perversa e tão global quanto ela é a dominação econômica, num arranjo onde uma elite usufrui dos benefícios da riqueza produzida pelo trabalho de uma imensa maioria excluída e empobrecida.

Todas as formas de dominação – territorial, cognitiva, econômica, racial, de gênero – estão ligadas. São expressão do impulso primitivo, agora manipulado por moderníssima tecnologia, com apurados métodos científicos. Se quisermos escapar da dominação de quem nos divide, para alcançar a emancipação e a liberdade pessoal, e a soberania de nosso País, é essencial que deixemos de ter nossos instintos manipulados. Isso é possível, se cultivarmos nossos princípios e convicções – nossa cultura – com mais força que o nosso inimigo da guerra cognitiva que já nos foi declarada.

Nossa consciência é muito mais poderosa que esse inimigo estranho que quer nos dominar.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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