Debates
Mesmo diante do caos, agro segue um notável fenômeno
Da Redação | 02 de dezembro de 2023 - 01:19

Por Ágide Meneguette
Desde o final do século passado, o agro vem proporcionando
sucessivos saldos positivos a nossa balança comercial por conta das suas
exportações. Neste ano, o feito deve se repetir. No ano passado, este saldo
positivo foi de 62 bilhões de dólares, que provavelmente será superado, já que
o saldo atual está em 71 bilhões de dólares.
Como sabemos, o nosso setor movimenta uma grande parte da
economia nacional, além de produzir comida para nossa população e para diversas
partes do mundo.
Esse notável fenômeno econômico somente é possível porque,
por trás, está o trabalho do produtor rural. Afinal, sem o agricultor e o
pecuarista, não existiria o agro e, consequentemente, nem os expressivos
resultados econômicos, sociais e ambientais, especialmente nos municípios do
interior do Brasil.
Embora seja o óbvio, é preciso enfatizar esta verdade para
boa parte dos nossos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, que insistem em criar obstáculos, mesmo o agro ajudando o Brasil.
Afinal, a todo momento, uma péssima novidade.
Uma hora é o Supremo Tribunal Federal distorcendo a
Constituição ao negar o Marco Temporal da demarcação das áreas indígenas ou,
então, ao criar um “Frankenstein”, ressuscitando a contribuição sindical, com o
pseudônimo de “contribuição assistencial”, para alimentar os cofres do sistema
das confederações trabalhistas, que, por sua vez, alimentam políticas
ultrapassadas.
Outra hora é o próprio governo federal, sabotando o seguro
rural, ferramenta de gestão essencial para que os produtores rurais se
arrisquem a plantar em meio às incertezas climáticas. Há, ainda, os órgãos
federais que insistem em ignorar o Código Florestal para multar produtores
rurais sob a falsa alegação de que suas propriedades devem se enquadrar na
legislação da Mata Atlântica. O Código Florestal está aí, e precisa ser
cumprido!
No âmbito estadual também temos desserviços. O governo do
Estado, em conluio com o governo federal, abandou as rodovias, que deveriam
estar sob administração de novas concessionárias desde novembro de 2021. Ou
seja, há mais de dois anos, o abandono resulta em prejuízos e, infelizmente,
mortes. O produtor rural acaba sofrendo para escoar a safra, pois as rodovias
ficaram interditadas por causa de desmoronamentos, como nos episódios da Serra
do Mar, e com o aumento no custo dos fretes em direção ao Porto de Paranaguá.
Diante deste cenário de caos, é no Congresso Nacional que
aparecem nossos aliados, principalmente os deputados federais e senadores que
compõem a bancada ruralista. Esses, posso afirmar, são verdadeiros defensores
dos interesses do produtor rural. A estes, meus sinceros agradecimentos.
Mesmo assim, a nossa defesa deve ser permanente,
estruturada, e a partir de uma rede forte, unida, para que possamos alimentar
com informações, demandas e dados os nossos parlamentares.
Hoje, neste evento, a presença de mais de 4 mil produtores
rurais vindos de todas as regiões do Paraná é uma demonstração latente de que
somos uma classe unida e forte. E mais: de que estamos atentos aos desafios que
se interpõem ao nosso ofício de produzir alimento para abastecer o Brasil e o
mundo.
A nossa união é fundamental, pois a defesa dos produtores
rurais começa na base, lá dentro da porteira, na roda de conversa no sindicato
rural, nas reuniões das comissões técnicas e na qualificação por meio dos
cursos do SENAR-PR. Posteriormente, podemos auxiliar nossos representantes
políticos. Afinal, o setor é extremamente sujeito a decisões dos governos
municipais, estadual e federal.
Aqui quero fazer uma ressalva. Nos últimos anos, a
mobilização de mulheres do agro paranaense tem sido um exemplo para o país.
Tanto que a nossa Comissão Estadual de Mulheres da FAEP foi reconhecida pela
revista Forbes, na lista “50 Grupos de Mulheres do Agro do Brasil”. Além disso,
outras federações de agricultura têm se inspirado no trabalho realizado no
Paraná para aplicar em seus respectivos Estados. A vocês, produtoras rurais,
também deixo os meus sinceros agradecimentos.
No contexto atual em que vivemos, tenho uma certeza: quando
muitas vozes conscientes se tornam um coral, certamente vão nos escutar e
perceber que existe algo que precisa ser atendido. E essas vozes são as nossas!
Então, reforço: precisamos nos unir e fortalecer o nosso sistema e o nosso
setor. Aproveito para desejar um Feliz Natal e um próspero 2024.
Tenham a certeza de que a diretoria e os colaboradores do
Sistema FAEP/SENAR-PR vão continuar trabalhando e lutando por vocês e pela
agropecuária do Paraná.
Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR