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Petróleo: recorde de produção e do preço dos derivados

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Por  Mário Sérgio de Melo

A leitura matinal do jornal de Ponta Grossa espanta: notas curtas limitam-se a resumir os fatos principais. Mas vale contextualizá-los, interpretá-los, analisá-los. Primeiro, vejo que a ambicionada Escola de Sargentos das Armas, a incensada ESA, não vai vir para Ponta Grossa. Apesar da cidade ser, junto com Santa Maria no RS, uma das duas favoritas, segundo declaração do general responsável pela análise das alternativas. O presidente da república ordenou que a ESA vá para Recife. O general não soube dizer quais os critérios para a decisão final, nada lhe foi dito. Posso especular qual tenha sido: em qual das três cidades a escola de sargentos teria maior potencial de traduzir-se em votos na próxima eleição? Esse deve ter sido o critério. Se assim foi, a ESA, um investimento bilionário e com a criação de muitos empregos locais, estaria sendo usada como um suborno, uma compra de votos.

Segunda notícia: o governo federal estuda conceder auxílio para os caminhoneiros autônomos, para compensar a alta do preço do diesel. Os caminhoneiros ameaçam entrar em greve, alegam que o preço do combustível está impagável. A alta dos preços dos derivados do petróleo, e junto com eles o etanol, decorre de uma decisão dos dois últimos governos: a produção, refino e comercialização do petróleo e seus derivados não visam mais reverter benefícios para o país e sua população, mas sim para os acionistas internacionais que passaram de fato a controlar a Petrobras. O cogitado auxílio para os caminhoneiros também seria uma forma de suborno, para abortar a ameaça de greve de um setor estratégico, que já provou que, quando paralisa, pode derrubar governos.

O cogitado auxílio para os caminhoneiros só faria aprofundar as disparidades entre os setores da sociedade. Alguns teriam o benefício do auxílio compensador, mas a maioria continuaria a arcar com os custos que transferem para acionistas milionários a riqueza do país, o petróleo, que poderia estar beneficiando toda a nação. E de onde vêm os recursos para o tal cogitado auxílio? Outro furo no teto de gastos, equivalente ao furo decorrente do anunciado Auxílio Brasil? Que não passa de outro embuste, para transformar o Bolsa Família, um programa social criterioso e duradouro, num benefício eleitoreiro que acaba ao findar a eleição?

Mas a terceira notícia é a mais revoltante: o Brasil bateu nos últimos meses recordes históricos de produção de petróleo e gás natural, graças aos poços do pré-sal. Aquele mesmo pré-sal que, quando foi anunciado pelo governo Lula, os detratores disseram ser uma mentirosa invenção. O que a mídia não discute é que ao mesmo tempo estamos batendo recordes de produção e de preços dos derivados. Este é o paradoxo mais revelador, que quebra as noções clássicas do balanço entre oferta e demanda.

O governo atual governa para os interesses das transnacionais e do deus mercado. Esta é a lei do ultraliberalismo. À maioria da população do país resta o desgoverno.

 Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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