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Celibato, resposta generosa a um dom de Deus
Da Redação | 21 de agosto de 2021 - 02:27
Por Maria Cristina
“O Celibato é um dom. A iniciativa é de Deus que cria a pessoa para este estado de vida". Com esta afirmação do fundador da Comunidade Canção Nova, Mons. Jonas Abib, gostaria de partilhar com você um pouco desse estado de vida. A pessoa que é chamada a ser celibatária na comunidade Canção Nova inicia seu percurso com o discernimento e amadurecimento na vocação. Os membros seguem fazendo o que chamamos de "caminho'', após o qual, mediante uma livre escolha, assumem o primeiro compromisso ao celibato por causa do Reino dos Céus.
Mas, em um mundo marcado por realidades terrenas, podemos
nos perguntar: ainda existem pessoas que se consagram ao celibato? E a resposta
é simples: enquanto houver amor, existirão almas que se consagram ao “Deus
Amor” por causa do Reino dos Céus. E foi por causa desse Amor que há 19 anos me
consagrei a Deus no Celibato na Canção Nova, com o desejo de me unir a Cristo,
de viver entregue à missão. O Senhor me escolheu para ser inteiramente dele.
Nasci em uma família numerosa e minha mãe sempre rezava
pedindo a Deus que, se fosse da sua vontade, um dos filhos fosse consagrado,
mas não imaginava que Deus me chamaria. Foi neste berço que descobri minha
vocação, tendo como lema: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo
que ele fez em meu favor?” (Sl 116,12).
De fato, o celibato é um dom, uma graça. Quando me deparei
com esta palavra do salmo, percebi o quanto sou pequena diante da grandeza de
Deus. Posso fazer da minha vida celibatária uma liturgia, um ato de contínuo
louvor e ação de graças a Deus. O celibato é uma vocação profética que aponta o
céu, e quanto mais nos entregamos, buscando imitar o Cristo que conhece o nosso
coração, mais nós nos configuramos a Ele.
Acredito que o celibato é uma resposta aos planos de Deus
nos tempos de hoje, pois na história da Igreja, Deus sempre suscita novos
carismas justamente para atender a uma necessidade desse tempo.
As pessoas que se consagram a Deus, devem viver em contínua
vigilância e espera do “Senhor que Vem” através do seu testemunho de vida, como
uma vocação escatológica. Essa vocação comporta uma vida de intimidade com Deus
e tem como fruto o transbordamento de uma vida entregue na missão.
Talvez você esteja se perguntando: Mas como é a vida de um
celibatário, são só flores? Usando uma linguagem poética, posso dizer que temos
flores sim, mas essas portam em si também os espinhos, assim como o sofrimento
é inerente ao homem.
O celibatário, diante de Deus e de sua comunidade, faz seu
compromisso para viver uma vida casta, pobre e obediente, tem os olhos voltados
para a cruz de Cristo. É gente de carne, vive as alegrias, tristezas,
frustrações e os desafios que a vida lhe oferece. O diferencial está na opção
desse estado de vida, vivendo uma vida sóbria, de sublimação, de entrega a
Deus.
Gosto da vida dos santos e santas da nossa Igreja, porque
viveram nesta terra fazendo o bem. E muitos deles eram celibatários. Como Madre
Tereza de Calcutá, que viveu sendo o rosto da caridade de Cristo, uma mulher de
força e garra, orante e ousada na sua missão.
A missão de cada celibatario é saciar a sede que Deus tem da
nossa alma, e, como consequência dessa experiência, somos chamados a ser vasos
comunicantes da Verdade que é Jesus. Só assim contemplaremos a beleza que vem
de Deus, a caridade, que é o dom maior. Porque Deus é amor.
*Maria Cristina de Souza é Missionária Celibatária da Canção Nova - Equipe de
Formação na Frente de Missão em Lavrinhas (SP)