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Um artigo científico e a quarentena

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Por Giovani Marino Favero

O dia 16 de Março foi importantíssimo no fato de você estar em quarentena agora. Todos acompanhávamos a situação de isolamento desde o final do ano passado em algumas cidades chinesas, nos surpreendemos com a construção de alguns hospitais em poucos dias pelo governo daquele país. De repente a doença se tornou global.

Existem várias estratégias coletivas, governamentais, quando temos uma doença viral epidêmica, as mais comuns são a Inação, ou seja deixe o vírus contaminar a população e teremos uma nação imunizada naturalmente, a outra é a Mitigação, onde são realizados cuidados paliativos educacionais, tratamento e isolamento dos doentes, diminuição de aglomerações, mas sem afetar profundamente a vida das pessoas e a terceira, a Supressão, que basicamente é o que vivemos hoje, isolamento para tentar diminuir ao máximo a propagação da doença de forma rápida.

Até o dia quinze de Março, o Reino Unido estava trabalhando com a Mitigação, também conhecida como “imunização do rebanho” esperando que a infecção acometesse a população em um curto período de tempo e superariam a crise. Nesse mesmo dia os Estados Unidos da América estava optando pela Inação, deixar o vírus fluir por todo o país como uma gripe comum.

As medidas de cada governos seguiam seu fluxo até a publicação de um estudo científico do Imperial College de Londres, coordenado pelo pesquisador Neil Ferguson (disponível em https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-NPI-modelling-16-03-2020.pdf)  que, baseado, principalmente, nos dados da China e Coreia do Sul, mostravam que a espectativa de morte no Reino Unido, com a estratégia de Mitigação, chegaria a 250 mil pessoas e que dos Estados Unidos com a Inação seriam de 2,2 milhões. O estudo ainda mostra que se o Reino Unido partisse para uma não ação, o cenário seria de 510 mil mortos.

No mesmo dia o primeiro ministro Boris Johnson e o presidente americano resolveram mudar suas ações. Na Inglaterra, a quarentena foi programada e já esta em funcionamento, nos EUA, a mudança foi, e ainda esta sendo mais lenta, a quarentena foi decretada em alguns municípios e espera-se que o país seja o mais afetado pela doença se continuar com essa estratégia.

A curva será achatada, não teremos 50 milhões de mortos como a Gripe Espanhola de 1918, e a ciência, em tempos de terra plana, volta a ser ouvida novamente.

Giovani Marino Favero é Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UEPG. Doutor em Imunopatologia pela USP.

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