Debates
O país do futuro se constrói com inovação na indústria
Da Redação | 03 de setembro de 2019 - 02:33
Por Fabiano Lourenço
O Brasil é um país de desafios e oportunidades. Analisar a
situação macroeconômica atual do país é entender que há espaço para diferentes
setores crescerem e conquistarem mercado em meio à incerteza política.
Com PIB projetado a 0,80%* (conforme projeções do relatório
FOCUS do Banco Central publicado em 26/08/19) para este ano, discussões acerca
da Reforma da Previdência, Tributária e do cenário político, o país continua
sendo um terreno fértil para o desafio de todos os setores a encontrar uma
saída para lucrar pois o potencial ainda é enorme por aqui.
Evidentemente, se a economia caminha devagar em nível macro,
em nível micro, diferentes setores acompanham o ritmo lento. Na indústria, a
falta de demanda, o acúmulo de estoque e as condições financeiras debilitadas
ganham espaço como algumas das maiores preocupações apontadas por companhias
que atuam em território nacional, segundo a Confederação Nacional da Indústria
(CNI).
Superar essas adversidades depende de múltiplos fatores,
relacionados a políticas econômicas eficazes e com efeito suficientemente
notório para o setor. Dentro de casa – onde é mais fácil mudar as coisas de
lugar – a lição permanece a mesma: investir em produtos e serviços modernos,
capazes de atender à demanda dos clientes de maneira eficaz sempre procurando
aumento da produtividade. Isso está ligado à modernização de sistemas,
evidentemente, mas antes disso, depende de profissionais cada vez mais
qualificados, aptos a entender a cadeia de produção de maneira ampla.
Apesar de parecer relativamente óbvio, este é um ponto
crucial em que muitas companhias ainda falham. Enquanto isso, nos Estados
Unidos e Japão, por exemplo, o processo de formação envolve investimento
contínuo em múltiplas frentes. Profissionais deixam de lado o conhecimento
técnico acerca de operação de máquinas para compreender o processo como um
todo, entendendo o impacto que cada função exerce dentro da linha de produção.
Essa consciência, aliada à modernização das estruturas
industriais, garante a competitividade, produtividade e liderança de alguns
desses países em longo prazo, com efeitos significativos nas indústrias
eletrônica e automotiva. Não à toa, mesmo com o impacto das guerras comerciais
e da desaceleração da China, a produção norte-americana continua crescendo (ou,
no mínimo, estagnada, como registrado no mês de junho).
No Brasil, mesmo que a passos lentos, alguns benefícios
relacionados à automatização de processos podem ser percebidos de maneira
rápida e eficaz. No setor de autopeças, por exemplo, aperfeiçoar processos
humanos com colaboradores treinados e ferramentas capazes de integrar dados
integrados do chão de fábrica à esfera corporativa trazem como resultado a
redução de erros, aumento da transparência, qualidade e produtividade.
É evidente que há divergências fundamentais entre ambos os
países, em segmentos que vão muito além do industrial. Contudo, o horizonte de
inovação pode ser mantido, dado o potencial que o mercado brasileiro
representa.
No que depender das perspectivas positivas dos executivos, o
caminho está trilhado. O mesmo estudo feito pela CNI mostra que as expectativas
seguem positivas em relação ao aumento da produção nos próximos anos, mesmo em
meio ao cenário geral tão desafiador.
Transformar o pensamento positivo em realidade demanda tempo e investimentos. Em relação ao primeiro, não há muito que ser feito – a cronologia segue seu fluxo, dia após dia – contudo, o segundo fator demanda um olhar mais atento de lideranças. Mais do que sobreviver, é necessário investir para liderar e preparar-se para o futuro que está logo a frente.
Fabiano Lourenço é vice-presidente da Mitsubishi Electric