Cotidiano
Ponta Grossa registra 370 casos de incêndio até metade de 2025
Tenente do 2º BBM explica que queimadas naturais são raras, principais causas são por ocorrência humana
Iolanda Lima | 02 de agosto de 2025 - 06:55

O clima seco no Paraná não tem previsão de acabar tão cedo, com Agosto marcando mais um longo período sem chuvas, batendo um recorde histórico, segundo dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Com a estiagem, a preocupação com a ocorrência de queimadas é ainda maior para os ponta-grossenses, e, pensando nisso, a equipe do Portal aRede entrou em contato com o 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros para compartilhar informações sobre como combater a ocorrência de queimadas e incêndios ambientais atenuados durante esse período.
Em entrevista exclusiva, a tenente Mariana Assunção aponta que o mês de agosto é historicamente o mais propenso a grandes períodos de seca, mas a principal causa das queimadas não é natural. "Em termos climáticos, esse período do ano vem de vários momentos de estiagem, sem chuva, o que torna a época propícia a ter relatos de incêndio. Mas, boa parte das queimadas que atendemos são causadas por pessoas para abrir pasto, limpar lotes, ou mesmo pessoas com ações incendiárias", aponta a tenente.
Segundo dados apurados no Portal aRede, neste ano o Paraná teve 3.800 ocorrências de incêndio florestal. Mariana aponta que o número pode variar, pois ainda que a equipe do Corpo de Bombeiros esteja preparado para atender os casos, alguns podem não ter sido denunciados. Ainda assim, o dado é positivo e, para a tenente, não é preciso comparar com o ano anterior, pois 2024 foi um ano atípico, registrando 6.000 casos de incêndios florestais, quase o dobro deste ano.

PONTA GROSSA - O município registrou 370 ocorrências em 2025, e, em termos de preservação e cuidado, a tenente alerta sobre os riscos que vão muito além de um caso isolado. "Temos regiões de Mata Atlântico e Cerrado no Paraná, e essas queimadas tem impacto na nossa vida por termos climáticos e de saúde, a fumaça é muito prejudicial ao sistema respiratório, prejudicando principalmente crianças e idosos", orienta.
No Parque Estadual de Vila Velha há a coordenação de uma queimada controlada, como explica a tenente. "Neste período, entre maio e agosto, fazemos essa queimada como parte do plano de manejo do parque. Ele foi instituído nos anos 2000 e, desde então, esse manejo das áreas do Vila Velha acontece anualmente. Ele é realizado para mitigarmos a invasão de espécies invasoras vegetais, controlando e reduzindo essas espécies e fomentando o crescimento de vegetação típica da região. O plano é feito em parceria com biólogos, que auxiliam na administração dos animais para que os incêndios não os atinjam. É de grande benefício para preservar o parque".
Sobre a causa dos incêndios florestais, Mariana afirma que é possível entender a motivação logo no primeiro foco, pois a diferença entre fogos naturais e causados por humanos é na criação dele. "Queimadas naturais são extremamente raras no Brasil, necessitando de conjuntura de vegetação seca e ocorrência de raio, algo muito específico. O que nos incomoda diariamente são queimadas causadas por humanos, que iniciam com fogueiras de acampamentos, bitucas de cigarro, ou então, limpeza de espaços de loteamento e outras situações de benefício próprio", diz. Em julho deste ano, o Portal aRede reportou o caso em que um motorista lançou uma tocha em área de mato próximo ao Lago de Olarias, relembre aqui.
CONSCIENTIZAÇÃO - A tenente aconselha que as pessoas busquem ter mais consciência sobre as causas das queimadas. "Precisamos fazer campanhas de apelo contra o 'método' da queimada, uma vez que ele é prejudicial para a sociedade. Não soltem balões sem segurança, não promovam queimadas em regiões urbanas e, se alguém notificar essa ocorrência, peço que denuncie aos órgãos ambientais responsáveis por controlas esses crimes ambientais". Mariana ainda faz um apontamento com foco em quem mora ou cuida de loteamentos. "Se em volta do seu terreno há mato e ele não é de sua responsabilidade, você pode fazer a poda a mais ou menos 2m do seu muro para evitar que possíveis queimadas se aproximem da sua residência, ou ainda, molhe a vegetação perto da sua casa se você notar que há um fogo iniciando. Se você conhecer alguém que faz essa prática, faça o apelo de forma gentil, mostrando o prejuízo que a pessoa causa para si e ao próximo, oriente sobre as maneiras mais saudáveis de realizar o manejo do terreno", finaliza a tenente.
CRIME AMBIENTAL - Realizar queimadas em áreas urbanas e rurais é configurado como crime, de acordo com a Lei nº9.605, de 12 de fevereiro de 1988, de Crimes Ambientais, e, em caso de provocação de incêndio em mata ou floresta, a pessoa que motivou a queimada está sujeita a pena de reclusão de dois a quatro anos, e multa. Se notificado o início de um incêndio, denuncie para o Corpo de Bombeiros (193). A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (CEDEC) e o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (SIMEPAR) possuem equipamentos de plantão 24h via satélite e contato telefônico, emitindo alertas em caso de risco e, a partir do momento em que a queimada é notificada, os bombeiros serão acionados.