Júri de bolsonarista acusado de matar tesoureiro do PT em Foz começa hoje
Jorge Guaranho está em prisão domiciliar desde setembro; MP sustenta que o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda aconteceu por motivação política
Publicado: 11/02/2025, 12:57
![O tesoureiro do PT Marcelo Arruda (à esq.) e o ex-policial penal Jorge Guaranho (à dir.)](https://cdn.arede.info/img/cover/550000/1000x500/Captura-de-tela11-2-2025125610wwwbandabcombr_00558757_0_202502111257.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.arede.info%2Fimg%2Fcover%2F550000%2FCaptura-de-tela11-2-2025125610wwwbandabcombr_00558757_0_202502111257.jpg%3Fxid%3D1945056%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1739289590&xid=1945056)
O julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar a tiros o tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, começa nesta terça-feira (11). O crime ocorreu em julho de 2022, durante a festa de aniversário da vítima, e teve grande repercussão.
A previsão é que o julgamento do acusado comece às 10h no Tribunal do Júri de Curitiba. A Justiça reservou o tribunal também para quarta-feira (12). O júri popular será conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler.
O julgamento do réu, que responde por homicídio duplamente qualificado, acontece em Curitiba após a defesa pedir o desaforamento para evitar a parcialidade dos jurados, já que o caso seria julgado na cidade onde o crime ocorreu.
A defesa de Guaranho afirmou que a decisão “é fundamental para assegurar um júri equilibrado e imparcial”, a qual “visa prevenir quaisquer influências externas que possam comprometer a equidade do julgamento”.
A acusação será feita pelas promotoras de Justiça Roberta Franco Massa e Ticiane Louise Santana Pereira, que atuam na Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos Contra a Vida. A equipe de assistência de acusação é composta pelos advogados Andrea Pacheco Godoy, Daniel Godoy, Alessandra Raffaeli Boito e Rogério Oscar Botelho.
No primeiro dia de julgamento, os jurados convocados serão sorteados para compor o Conselho de Sentença, e partes do processo serão lidas. Em seguida, testemunhas e peritos prestarão depoimento. Após essa etapa, começam os debates entre acusação e defesa. Concluídas as argumentações, os jurados se reunirão para deliberar sobre o caso.
“É a quarta vez que o júri é marcado e temos fé de que finalmente o autor do assassinato do Marcelo vai ser julgado e condenado. O assassino está em casa, em prisão domiciliar. E nós estamos enfrentando toda essa dor. Ele matou uma pessoa boa, pai de quatro filhos, que vão sofrer para sempre a ausência do Marcelo. Não entra na minha cabeça o que ele fez, de invadir um local privado e matar um inocente. É um crime que de forma alguma pode ficar impune. Que finalmente seja feita justiça”, diz a viúva de Marcelo Arruda, Pamela Silva.
Em setembro do ano passado, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná autorizou a prisão domiciliar do ex-policial penal Jorge Guaranho. Os juízes de segunda instância entenderam que o CMP (Complexo Médico Penal), onde Guaranho estava preso desde agosto daquele ano, não oferecia condições adequadas para o réu, que também foi atingido por tiros naquele dia.
MOTIVAÇÃO - O Ministério Público do Paraná (MPPR) sustenta que o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, em sua própria festa de 50 anos, em 2022, aconteceu por motivação política. O crime ocorreu meses antes das eleições presidenciais, e Jorge Guaranho apoiava o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
Segundo os relatos à polícia na época, o ex-policial penal passou de carro em frente ao salão de festas dizendo “aqui é Bolsonaro” e “Lula ladrão”, além de proferir xingamentos. Laudo técnico aponta ainda que Guaranho gritou “petistas vão morrer” ao atirar contra o tesoureiro.
O documento baseado em um laudo de leitura labial e imagens de câmeras de segurança aponta que Jorge Guaranho também gritou frases como: “Aqui é Bolsonaro, Bolsonaro, porra! Petralha!” e “Pra baixo, pra baixo, pra baixo”. Para os advogados que representam a família de Marcelo Arruda, o laudo confirma motivação política por trás da morte dele.
A defesa do ex-policial, por outra lado, nega motivação política na morte do petista e argumenta que o crime ocorreu por uma “discussão de [nível] quinta série“.
Informações: Banda B, parceiro do Portal aRede