Lula é orientado a evitar improviso em falas sobre segurança pública
Receio é que eventuais deslizes virem munição para oposição sobre combate ao crime organizado
Publicado: 01/11/2025, 10:29

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido orientado a evitar falas de improviso sobre segurança pública, relataram aliados à CNN.
A recomendação visa impedir que eventuais declarações do presidente se transformem em munição para a oposição, especialmente em um momento em que o tema da segurança deve ganhar centralidade no debate eleitoral.
POLÊMICA - Aliados citam como exemplo a fala de Lula, na Indonésia, quando o presidente afirmou que “traficantes são vítimas de usuários”. Apesar de ter se retratado em seguida e dito que a frase foi mal colocada, o trecho continua sendo usado pela direita para atacá-lo.
Nos bastidores, o entendimento é que o presidente não pode “morder a isca” da oposição, que tenta reforçar o discurso de que a esquerda é leniente com o crime organizado.
Desde a megaoperação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28), Lula tem se manifestado apenas pelas redes sociais sobre o assunto.
Um dia após a ação, na quarta-feira (29), o presidente escreveu que havia se reunido com ministros e determinado o envio de uma comitiva ao Rio para se encontrar com o governador Cláudio Castro (PL).
“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, disse Lula.
FALAS - Nesta sexta-feira (31), após assinar o projeto de lei Antifacção, o presidente voltou a publicar nas plataformas digitais.
No texto, Lula afirmou que o projeto do governo “eleva para até 30 anos as penas para quem integra facções criminosas” e cria mecanismos para ampliar o poder do Estado e das polícias na investigação e no asfixiamento financeiro das organizações.
O presidente destacou ainda que o PL Antifacção se soma à PEC da Segurança Pública, enviada em abril ao Congresso, para promover “ações integradas entre os órgãos federais, estaduais e municipais no combate aos criminosos”.
“As facções só serão derrotadas com o esforço conjunto de todas as esferas de poder. Diferenças políticas não podem ser pretexto para que deixemos de avançar. Por isso, confio no empenho dos parlamentares para a rápida tramitação e aprovação destes nossos projetos. As famílias brasileiras merecem essa dedicação”, escreveu Lula.
GOVERNADOR DO RJ - A megaoperação do governo de Cláudio Castro tem sido citada como modelo por outros governadores de direita.
Em reunião no Palácio da Guanabara, na quinta-feira (30), Castro e chefes de executivos de seis estados anunciaram uma articulação conjunta de combate ao crime organizado, batizada de “Consórcio da Paz”. Juntos, fizeram críticas ao governo Lula e às ações federais na área de segurança.
Pré-candidato à Presidência, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), foi um dos mais duros nas críticas e afirmou que integrantes da gestão petista são “complacentes e convenientes” com as organizações criminosas.
Como mostrou a CNN Brasil, o PT e o Palácio do Planalto farão pesquisas para avaliar a percepção da população sobre a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha.
POSICIONAMENTO - O objetivo é orientar o posicionamento do partido e do governo no combate ao crime organizado. Uma pesquisa da AtlasIntel, divulgada na sexta-feira (31), mostra que oito em cada dez moradores de favelas da cidade do Rio de Janeiro apoiam a megaoperação contra o Comando Vermelho.
Os dados indicam que 87,6% dos moradores de favelas cariocas aprovam a ação, 12,1% a desaprovam e 0,3% não souberam ou preferiram não responder.
No restante da população carioca, a aprovação é de 55%, enquanto a desaprovação alcança 40,5%, com 4,5% sem opinião. A disparidade evidencia percepções e experiências distintas entre os grupos sociais sobre a eficácia e o impacto dessas operações.
Em âmbito nacional, a aprovação entre moradores de favelas também supera 80%, apontando para um consenso nessas comunidades.





















