Brasil e EUA preparam reunião em Washington para discutir tarifas e crise comercial
Estados Unidos acenderam sinal de alerta quando Brasil começou a escoar produção a outros mercados
Publicado: 09/10/2025, 19:48

O Itamaraty confirmou nesta quinta-feira (9) que os chanceleres brasileiro, Mauro Vieira, e norte americano, Marco Rubio, vão se encontrar em Washington, em breve, para discutir a taxação imposta pelos EUA sobre produtos exportados do Brasil. A data ainda será definida.
A iniciativa surgiu após uma conversa telefônica tida como “muito positiva” entre os diplomatas.
No comunicado oficial, o Itamaraty afirmou que equipes técnicas de ambos os governos prosseguirão o diálogo para “dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países.”
Também consta que Rubio convidou Vieira para integrar a delegação, sinalizando que o encontro será presencial, com foco em temas prioritários da relação Brasil-EUA.
CONTEXTO - A medida tarifária dos EUA incluiu sobretaxas de até 40% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, em retaliação política e econômica - em que pese o fato de os Estados Unidos serem superavitários na balança comercial com o Brasil, ou seja, exportam mais do que importam.
O impacto recaiu sobre produtos considerados estratégicos, como carnes, frutas, café e minérios.
Em resposta, o governo brasileiro tem argumentado que a medida eleva o custo de vida nos EUA e agrava desequilíbrios no comércio bilateral. Além disso, o presidente Lula declarou que os dois países trocaram celulares para manter comunicação direta e afirmou que o Brasil está disposto ao diálogo e a flexibilizar em pontos econômicos específicos como, por exemplo, na tarifa cobrada do etanol americano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, destacou que o Brasil vai apresentar os “melhores argumentos econômicos” para reverter a tarifa, ressaltando que existem oportunidades de investimento no país, especialmente nos setores de energia limpa, minerais críticos e tecnologias verdes.
Expectativas e riscos da reunião diplomática
O encontro simboliza a reabertura de canais diplomáticos após a fase mais tensa da crise comercial entre Brasil e EUA.
Para o Brasil, é uma chance de defender exportadores, conter prejuízos agrícolas e industriais e preservar a confiança dos mercados internacionais.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou que 77,8% das exportações brasileiras para os EUA já estão sujeitas a alguma forma de sobretaxa — seja pelo decreto inicial de 10%, a tarifa adicional de 40%, ou ainda pelos efeitos da Seção 232, que impõe tarifas de até 50% em setores como aço, automóveis, alumínio, entre outros.
Já para os EUA, pode representar uma via diplomática para ajustar preços internos à véspera das eleições legislativas (que marcam o meio do mandato presidencial) e relações comerciais com parceiros estratégicos.
Carne brasileira dá show - Apesar do tarifaço, o Brasil tem driblado os impostos e ligado o sinal amarelo. Um exemplo é a carne bovina. Setembro de 2025 foi o melhor mês da série histórica para exportações de carne bovina do Brasil: foram embarcadas 352 mil toneladas, um aumento de 31,1% em comparação com setembro de 2024 (268 mil toneladas). A receita foi de cerca de US$ 1,9 bilhão, alta de 18,4% ano a ano.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as exportações de carne bovina somam aproximadamente 2,44 milhões de toneladas, cerca de 16% acima do mesmo período de 2024.
A China continua sendo o maior destino da carne bovina brasileira, tanto em volume quanto receita. Em setembro de 2025, as exportações de carne bovina para o país asiático aumentaram 38,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior, chegando a 187.340 toneladas.
Em segundo lugar aparece a União Europeia, comprador destacado nos meses mais recentes, com grande salto nas importações no contexto das sanções dos EUA.
Os Estados Unidos ainda figuram entre os principais compradores, e vem ampliando suas importações apesar das tarifas nas alturas impostas sobre produtos brasileiros.
México e Rússia também ganharam destaque como clientes após o tarifaço e atualmente diversos outros mercados estão em processo de abertura, como a indonésia.
Com informações de: Agrofy News.