Trump associa autismo a uso de paracetamol na gravidez sem evidências
Presidente dos Estados Unidos afirmou que Anvisa dos EUA vai recomendar que gestantes não usem medicamento
Publicado: 22/09/2025, 21:16

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira, 22, que a FDA (equivalente americana da Anvisa) vai emitir um alerta a profissionais de saúde sobre um suposto aumento no risco de autismo em crianças expostas ao paracetamol durante a gestação.
“Tomar Tylenol não é bom. Não é bom”, repetiu Trump durante coletiva de imprensa, referindo-se ao nome comercial do medicamento amplamente utilizado no mercado americano. Ele afirmou que, a partir de agora, a recomendação é que o uso do analgésico por gestantes ocorra apenas em casos de extrema necessidade.
A substância é uma das mais comuns no tratamento de dores leves e febre, e, historicamente, é considerada segura para mulheres grávidas. No entanto, o debate sobre seus efeitos no desenvolvimento neurológico fetal tem se intensificado, embora não haja consenso científico sobre qualquer relação direta com o espectro autista.
Nos Estados Unidos, o medicamento é fabricado pela Kenvue, empresa que se separou da Johnson & Johnson em 2023. A farmacêutica reagiu à declaração de Trump afirmando que não há sustentação científica para a alegação presidencial.
Entidades médicas também contestaram o posicionamento. O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia reiterou que estudos disponíveis até o momento não demonstram associação direta entre o uso responsável de paracetamol em qualquer fase da gestação e alterações no desenvolvimento fetal.
No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) mantém o medicamento como a principal recomendação analgésica para grávidas, ressaltando sua segurança em uso controlado. "É comumente tomado durante a gravidez e não faz mal ao bebê", segundo a autoridade britânica.
LEUCOVORINA E AUTISMO - Durante o mesmo pronunciamento, Trump também defendeu o uso da leucovorina — uma forma ativa do ácido fólico usada em alguns tratamentos oncológicos — como uma possível intervenção terapêutica para sintomas associados ao autismo. Apesar disso, a Casa Branca não apresentou novas evidências científicas que sustentem a recomendação.
Momentos antes da coletiva, a FDA anunciou a reaprovação de uma versão da leucovorina produzida pela farmacêutica britânica GSK, retirada anteriormente do mercado por razões comerciais. A decisão da agência se baseou em dados clínicos envolvendo mais de 40 pacientes diagnosticados com deficiência cerebral de folato (CFD), uma condição metabólica rara que pode apresentar sintomas semelhantes aos do autismo.
Estudos iniciais indicaram que a leucovorina pode ter algum efeito benéfico em determinados quadros, mas especialistas alertam que os dados ainda são limitados e carecem de validação em pesquisas mais amplas, com metodologia rigorosa e amostragem representativa.
O comunicado da agência cita a análise de dados de mais de 40 pacientes, incluindo crianças, diagnosticados com uma condição metabólica rara chamada deficiência cerebral de folato (CFD), que pode causar sintomas neurológicos semelhantes aos observados em pessoas com autismo.
No caso da leucovorina, estudos clínicos de alcance limitado apontaram algum potencial de melhora em sintomas relacionados ao autismo, mas a comunidade científica reforça que são necessárias pesquisas de maior escala, randomizadas, para comprovar qualquer benefício.
Com informações de: Terra.