Coluna Fragmentos: Padre Carlos Zelesny e a paróquia São Sebastião | aRede
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Coluna Fragmentos: Padre Carlos Zelesny e a paróquia São Sebastião

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Notícia a respeito da comemoração dos 25 anos de vida sacerdotal do padre Carlos Zelesny publicada pelo JM em 05 de novembro de 1967
Notícia a respeito da comemoração dos 25 anos de vida sacerdotal do padre Carlos Zelesny publicada pelo JM em 05 de novembro de 1967 -

João Gabriel Vieira

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Nos últimos anos o Brasil tem convivido com o fenômeno do avanço das igrejas neo-pentecostais. A “teologia da prosperidade”, a relação de proximidade entre os pastores e seus fiéis, a sensação de catarse coletiva produzida pelos rituais e o distanciamento da igreja católica das questões de fundo social, talvez nos ajudem a compreender a ocorrência desse fenômeno que é, ao mesmo tempo, religioso e também sociológico.

Mesmo assim, o Brasil continua sendo um país que tem sua história visceralmente atrelada a presença e a ação do catolicismo junto à sociedade. Em virtude disso, é bastante comum em nosso país, desde os tempos coloniais até os dias atuais, encontrarmos casos de comunidades que se formaram e que estabeleceram uma forte identidade a partir da figura central de uma liderança religiosa católica.

Muitas vezes um pároco se constitui no elemento aglutinador para comunidades de bairros ou de pequenas cidades. Quanto isso ocorre, suas opiniões e posicionamentos passam, naturalmente, a reger as ações cotidianas do grupo.

A atuação de uma liderança religiosa pode facilmente extrapolar o campo da espiritualidade, interferindo diretamente na forma como as pessoas se comportam diante de questões complexas e/ou corriqueiras. Essa liderança pode, por exemplo, influenciar desde a maneira de uma comunidade se envolver – ou não – em questões políticas; encampar projetos ou causas; posicionar-se diante de temas de fundo moral ou religioso e, até mesmo definir questões menores, como o modo das mulheres se vestirem ou cortar os cabelos.

No caso de Ponta Grossa, um exemplo concreto de uma liderança religiosa que exerceu grande influência sobre uma comunidade é o do padre Carlos Zelesny, o vigário da paróquia São Sebastião que, por cerca de 30 anos, tornou-se uma figura determinante no bairro da Nova Rússia.

Nascido na cidade paranaense de São José dos Pinhais, o padre Carlos foi um sacerdote bastante conservador do ponto de vista de seus posicionamentos religiosos, no entanto, a importância de sua atuação junto à comunidade na qual trabalhou durante a maior parte de sua vida eclesiástica é inquestionável.

Além de orientar espiritualmente a comunidade, o padre Carlos marcou sua passagem pela paróquia São Sebastião por, pelo menos, duas grandes obras: a implantação de uma escola católica na Nova Rússia: a Escola São Sebastião – hoje Colégio Sagrado Coração de Jesus – e a construção da atual edificação da igreja São Sebastião.

Fundada pela ação pessoal do padre Carlos Zelesny no início de 1962, a Escola São Sebastião passou a ser administrada pelas Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus em 1963, constituindo-se, desde então, em uma das principais referências da educação católica em Ponta Grossa.

No início dos anos 70, percebendo que sua trajetória eclesiástica se aproximava do fim, o padre Carlos investiu na construção de uma nova edificação da paróquia que liderava. Com notável vigor, passou a arrecadar doações junto à comunidade do bairro e deu início as obras que resultaram no novo templo. É certo que atualmente as discussões sobre patrimônio histórico têm um peso muito maior do que possuíam há 40 anos, mas, se por um lado é louvável o esforço desenvolvido pelo vigário e por sua comunidade, por outro é preciso registrar a demolição da antiga igreja São Sebastião, uma construção datada do início do século XX e que remetia ao processo de formação identitária não só do bairro da Nova Rússia, como da própria cidade de Ponta Grossa.

Infelizmente, esse não foi um caso isolado em Ponta Grossa. As demolições da igreja Bom Jesus, também na Nova Rússia, no início dos anos 80 e, principalmente, da Catedral de Sant’Ana, em 1979, são outros exemplos de destruições patrimoniais de importantes monumentos religiosos em nossa cidade, ocorridos nas décadas de 1970 e 80.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 09 de novembro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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