Setor industrial pontua seis prioridades para 2026 em Ponta Grossa
Em recente encontro da Acipg, representantes das maiores indústrias de Ponta Grossa destacaram as prioridades para o próximo ano
Publicado: 27/12/2025, 18:00

O Núcleo das Maiores Indústrias (NDI 30+), da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), realizou recentemente uma reunião e estabeleceu as principais diretrizes de atuação para o próximo ano e identificou seis prioridades críticas para o setor, sendo a mão de obra qualificada apontada como a demanda mais urgente.
André Costa, coordenador do recém-criado NDI 30+ e gerente de manutenção e projetos na Tetra Pak, caracterizou o encontro como um divisor de águas. "Um marco histórico para a indústria ponta-grossense. Essa união das 30 maiores indústrias da cidade só resultará em benefícios a todas as indústrias e também para a população da cidade. Estamos unidos a partir de agora para discutirmos problemas e oportunidades, além de podermos compartilhar ideias que temos por termos culturas diferentes entre as indústrias", afirmou.

Rafael Rickli, diretor de indústria da Acipg e coordenador Regional Centro Oriental da Fiep, ressaltou o impacto coletivo da iniciativa. "Reunir as maiores indústrias de Ponta Grossa é essencial para fortalecer nossa capacidade de competir, inovar e crescer. Quando líderes empresariais se conectam, surgem soluções conjuntas, parcerias estratégicas e uma visão comum para desenvolver toda a região. Unidos, somos mais fortes — e fazemos Ponta Grossa avançar muito mais rápido", declarou.

Leonardo Puppi Bernardi, vice-presidente da Acipg, conectou as ações do núcleo ao planejamento de longo prazo da cidade. "Essa reunião técnica e periódica das maiores indústrias de Ponta Grossa é parte da governança necessária para alcançarmos os objetivos traçados no 'MasterPlan Ponta Grossa 2043'. Com a convergência de esforços e apontamento das prioridades para o setor público, podemos antecipar algumas melhorias necessárias para continuar avançando e melhorando nosso ambiente de negócios. E isso impacta não somente Ponta Grossa, mas toda a região dos Campos Gerais", analisou.
Depois da mão de obra, a energia elétrica é o segundo tema mais relevante, com foco em estabilidade, custo e disponibilidade. O aeroporto foi reconhecido como fator estratégico para logística e atração de investimentos, ocupando a terceira posição. Transporte de funcionários, acesso à indústria e utilidades como gás, vapor e água completam a lista de demandas prioritárias. Para 2026, ficou definido que o foco inicial será nas quatro primeiras prioridades, consideradas as mais críticas.
De acordo com André, o grupo vai trabalhar nas soluções para os quatro temas priorizados em reuniões bimestrais. “Queremos fomentar também a criação ou trazer câmaras técnicas, que já existem na cidade, para que tudo seja discutido junto, além de podermos contemplar a nossa percepção”. O Núcleo das Indústrias, por meio do NDI 30+, reforça assim seu compromisso com o desenvolvimento do setor industrial regional, atuando de forma estratégica e colaborativa para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado.
Ele ainda destacou a representatividade das 37 maiores empresas convidadas para fazer parte do grupo. “A arrecadação que essas empresas fazem, representam em torno de 60% de arrecadação de indústria na cidade. É algo muito expressivo, sendo que a arrecadação somada dessas 30+ é maior do que a arrecadação de cerca de 5,3 mil municípios”.
PRINCIPAIS DEMANDAS DE 2026
ENERGIA ELÉTRICA
Ao Portal aRede, o Coordenador do grupo das 30+, comentou que a segunda prioridade escolhida pelas indústrias foi a energia elétrica. “O que afeta principalmente as indústrias são as pequenas falhas e oscilações, e com esses eventos, temos perda de material e produtividade até o restabelecimento por completo da produção.” Para Rafael Rickli, há muita queda de energia e problemas causados por variação. “Uma única multinacional tem um dos piores desempenhos do grupo em número de quedas e tempo de parada”, contou. No entanto, ele destaca que o grupo está trabalhando em conjunto com a Fiep para buscar uma solução que solucione o problema.
TRANSPORTE DE FUNCIONÁRIOS
O coordenador do NDI 30+, André, expressa que a opinião dos representantes das indústrias, é que hoje existem poucas empresas em Ponta Grossa que fazem o transporte particular, assim como o transporte público, que tem somente uma empresa. Conforme André, atualmente, o funcionário fica em torno de uma hora ou mais, para ir até a indústria, assim como para voltar para a casa. “Então, temos que pensar em otimizar rotas”, finalizou. Ao Portal aRede, Rafael declarou que o grupo irá trabalhar em alternativas para a redução de custos operacionais. “Há muitas linhas de ônibus sobrepostas pelas empresas que podem reduzir custos se trabalharmos em conjunto”.
ACESSOS AO SETOR INDUSTRIAL
Segundo André, o acesso à indústria ficou entre as prioridades a serem melhoradas, por muitas indústrias serem próximas das BRs. “São muitos caminhões concorrendo com pequenos veículos e ônibus, sendo que o acesso para veículos pesados acaba sendo o mesmo dos veículos leves, onde temos alguns gargalos”. Já Rafael, comentou que o acesso à indústria se refere à infraestrutura logística da cidade. “O foco aqui é trabalhar em conjunto com a prefeitura e com o governo estadual, para propor alternativas que facilitem o acesso às empresas pelos funcionários”.
ÁGUA E GÁS NATURAL
André menciona que a preocupação dos representantes é principalmente com relação a fornecimento de gás natural e água: “Precisamos garantir a disponibilidade para as indústrias existentes e para as novas que estão chegando também tenham acesso fácil a gás e água”. Para o diretor de indústrias da Acipg, Rafael, é preciso buscar junto das empresas responsáveis a solução para problemas estruturais da área industrial, como o aumento na disponibilidade de água e gás natural.
AEROPORTO FUNCIONAL
O coordenador do grupo NDI 30+ traz o relato dos representantes: “O aeroporto é um tema muito crítico. Uma cidade com mais de 400 mil habitantes perde para municípios menos populosos, que já possuem um aeroporto”. Segundo o grupo, para as indústrias, o aeroporto é sinônimo de ganhar tempo. “Queremos ter a chance de ir e voltar de uma forma rápida e, hoje, para nos deslocarmos para outros locais do Brasil, assim como procurar voos internacionais, precisamos ir até Curitiba”. Já Rafael, declarou que a falta de voos locais, aliado aos problemas encontrados para acessar o aeroporto de Curitiba, tem causado transtornos para as empresas.
NDI FAZ VISITA TÉCNICA À TETRA PAK
A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), por meio de seu Núcleo das Indústrias (NDI), realizou uma visita técnica à fábrica da Tetra Pak em Ponta Grossa. A comitiva, composta por membros do NDI 30+ e convidados, foi recebida pelo diretor industrial da unidade, Salvador Marino, e por todo o corpo gerencial para um encontro focado em diálogo, intercâmbio de conhecimento técnico e troca de experiências.
Durante a visita, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer em detalhes os modernos processos produtivos da planta, sua infraestrutura e suas operações globais. Um dos momentos destacados foi a apresentação do programa "Elas na Indústria", uma iniciativa pioneira desenvolvida na unidade de Ponta Grossa com o objetivo de estimular e ampliar a participação feminina no setor industrial, refletindo o compromisso da empresa com a diversidade e o desenvolvimento humano.
Rafael Issa Rickli, diretor de indústria da Acipg e coordenador regional da Fiep, ressaltou o valor do encontro. "Fomos recebidos de forma muito acolhedora em um encontro marcado por diálogo, conhecimento técnico e troca de experiências. Conhecer iniciativas como o 'Elas na Indústria' nos inspira e mostra caminhos para o desenvolvimento do setor em nossa região", afirmou.
A secretária municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional, Faynara Merege, enfatizou a importância estratégica da aproximação. "A visita à Tetra Pak reforça exatamente o que defendemos na Secretaria: aproximação constante com as grandes indústrias, troca de experiências e construção conjunta de soluções para elevar a competitividade de Ponta Grossa. Quando o poder público se conecta com quem produz, abre caminho para inovação, geração de empregos e desenvolvimento econômico sustentável. Esse diálogo não é simbólico, ele é estratégico", declarou.
Leonardo Puppi Bernardi, vice-presidente da Acipg, detalhou a experiência. "Conhecendo as pessoas que trabalham na Tetra Pak se compreende o nível de excelência global alcançado pela companhia. Tivemos o privilégio de fazer uma visita guiada por todo o processo industrial das embalagens e constatar o altíssimo nível de qualidade e organização", comentou. Ele também mencionou desafios compartilhados pela empresa, como a sensibilidade dos processos industriais a interrupções no fornecimento de energia elétrica testemunhados durante a visita e um tema de interesse comum ao setor.
A visita reforça a atuação do NDI 30+ como um fórum estratégico para identificar desafios coletivos das grandes indústrias e articular soluções junto ao poder público e concessionárias de serviços. A iniciativa demonstra o compromisso da Acipg em promover a integração, a troca de conhecimento e o fortalecimento do ecossistema industrial regional.
























