Setores empresarial e turístico pedem soluções imediatas ao aeroporto
Áreas citam impactos negativos na economia da cidade e na rotina de trabalho das empresas
Publicado: 20/06/2025, 18:59

O Aeroporto de Sant’Ana em Ponta Grossa não recebe voos comerciais de transporte de passageiros desde o dia 29 de março deste ano, quando a Azul Linhas Aéreas encerrou oficialmente as operações na cidade. Quase três meses depois, questões referentes ao tema ainda são debatidas por diferentes esferas afetadas pela ausência do serviço.
A equipe do Portal aRede entrou em contato com empresas situadas na cidade de Ponta Grossa, para entender de que forma a temática do aeroporto da cidade impacta na rotina e no trabalho de cada uma.
Marcio Pauliki, CEO das Lojas MM, relata que a empresa tem passado por ajustes na agenda interna para conseguir receber visitantes. “As pessoas que vem nos visitar precisam estar aqui desde cedo e se possível voltar no mesmo dia. Sem o aeroporto, esse atendimento está sendo feito entre 10h da manhã e 16h da tarde para que elas possam se adequar aos voos de Curitiba”, diz Marcio.
Além disso, Pauliki cita que o horário praticado pela Azul quando em funcionamento, já não era positivo. “Os voos eram em um dia sim, um dia não. Mudavam muito de horário e de dia, isso sempre foi um problema não só para nós, mas para várias empresas”.
“A prefeitura está fazendo um bom trabalho em cima disso, junto do Governo do Estado e Federal. Temos a expectativa de que uma nova companhia aérea venha para cá, mas com voos regulares, se possível um pela manhã e um no final do dia, seria espetacular para toda região”, declara o CEO.
A equipe procurou outras empresas como XBRI Pneus, Ambev e DAF, mas estas preferiram não se posicionar no momento. A Maltaria Campos Gerais relatou que não são impactados pelo encerramento dos voos comerciais, pois o fluxo de viagem acontece entre Guarapuava (distrito de Entre Rios) e Ponta Grossa. Além disso, Heinekein, Nissin e Master Cargas não responderam as solicitações até o momento da realização desta matéria.
O setor hoteleiro da cidade também foi impactado pelo encerramento dos voos comerciais. Daniel Wagner, diretor executivo do Planalto Select Hotel, destaca a importância do aeroporto para a economia de Ponta Grossa. “É um facilitador para trazer visitantes de fora para negócios, eventos ou lazer. Não ter o aeroporto é uma desculpa para as pessoas escolherem outras cidades”, ressalta.
“Ao perdermos os voos regulares, uma porta importante se fechou, mais pessoas precisam ir a Curitiba para pegar um voo e deixam eventualmente de dormir uma noite em Ponta Grossa. Mas existe sim uma grande demanda”, relata o diretor.
Assim como Marcio Pauliki, Daniel Wagner cita o modo de atuação que vinha sendo praticado pela Azul. “Estavam ofertando horários e frequências pouco adequadas, precisamos de voos diários em horários favoráveis. Ainda assim, esperamos que a Azul reveja sua decisão” finaliza.
Segundo o presidente do Visite Ponta Grossa, João Guilherme Castro, a falta de voos no aeroporto Sant'ana fecha uma porta importante de acesso à cidade. "Isso nos preocupa como fomentadores do turismo, pessoas deixam de nos conhecer. Além disso, grandes eventos priorizaram cidades com malha aérea, ou seja, estamos perdendo em comparação a outros destinos", cita.
O presidente pontua que espera uma solução rápida para o problema. "Estamos mobilizados com os demais parceiros para chegarmos a uma solução deste problema, esperamos que logo tenhamos voos regulares", completa.
Procurado pela equipe do Grupo aRede, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa (CDEPG) relata que formou um grupo de trabalho dentro da Câmara Técnica de Infraestrutura e Mobilidade Urbana para estudar especificamente o caso do aeroporto,
De acordo com o Conselho, a região dos Campos Gerais também é prejudicada com o cancelamento dos voos, sendo assim, recentemente foi necessário pedir apoio à Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) para tratar do assunto.
No momento o CDEPG aguarda o retorno da prefeitura a respeito da realização de obras na pista (projeto e prazo), no terminal, e da possibilidade de realização de um planejamento estratégico no aeroporto.
OBRAS - Junto ao encerramento dos voos comerciais, recursos do Governo Federal para obras de melhorias estruturais no aeroporto que eram aguardados desde 2016, começaram a ser liberados após um parecer final do Tribunal de Justiça do Paraná no segundo semestre de 2024.
Como a prefeita Elizabeth Schmidt (União) antecipou ao Grupo aRede, o valor liberado, embora esteja com o Governo Federal desde então, está corrigido conforme a inflação do período. “Ele era de R$ 35 milhões, e hoje está corrigido em R$ 52 milhões”, declarou Elizabeth.
Esses recursos serão utilizados para a construção de um novo terminal de passageiros, construção de nova taxiway, ampliação do pátio de aeronaves e área para manobras, além de outras obras de melhoria complementares (mas sem ampliação da pista), com previsão de conclusão até o final de 2026.
ANÁLISE - Quando encerrou as operações, a Azul alegou em nota que reavaliava constantemente as operações em suas bases, assim como as possibilidades e necessidades de mercado, como parte de um processo normal de ajuste de oferta à demanda. “Dessa forma, a companhia irá suspender as operações na cidade de Ponta Grossa, devido a uma série de fatores como o aumento de custos operacionais causados pela crise global na cadeia de suprimentos, a alta do dólar e disponibilidade de frota”, informou a empresa.