Chega de puxadinho! PG merece um novo aeroporto
Editorial do Grupo aRede cobra mudanças para Ponta Grossa ter um aeroporto digno do seu tamanho
Publicado: 15/02/2025, 08:00
![Aeroporto Sant'Ana virou tema de discussão após Azul anunciar suspensão de voos a partir de março](https://cdn.arede.info/img/cover/550000/1000x500/Aeroporto-de-Ponta-Grossa_00559481_0_202502150131.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.arede.info%2Fimg%2Fcover%2F550000%2FAeroporto-de-Ponta-Grossa_00559481_0_202502150131.png%3Fxid%3D1948562%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1740082774&xid=1948562)
EDITORIAL
É tanta ‘buia’ política que essa discussão sobre o aeroporto de Ponta Grossa parece ter perdido a racionalidade. Está na hora de virar a chave e pensar grande. Neste momento, lideranças políticas e empresariais da cidade estão novamente às voltas com proposta de gastar mais dinheiro para contratar um estudo sobre a viabilidade técnica e ambiental de ampliação do antigo Aeroporto Sant'Ana. E um projeto que prevê gastar mais de R$ 60 milhões em recursos públicos na reforma do velho terminal está em vistas de ser iniciado até abril. Uma enorme perda de tempo para remediar um problema que é crônico.
Tudo o que for investido na precária e limitada estrutura do velho campo de aviação de Ponta Grossa será totalmente em vão. Isso pode até amenizar uma situação de momento, mas está muito longe de resolver definitivamente o problema. O Aeroporto Sant'Ana é limitado de um lado por linha férrea e zonas residenciais. E de outro lado é limitado pelo Rio Tibagi. Ainda que a pista seja ampliada agora - no limite do que é permitido pelas condições físicas e naturais -, a curto prazo o velho aeroporto se tornará obsoleto novamente.
Neste momento, algumas opções estão colocadas à mesa, para que Ponta Grossa possa se projetar entre as cidades de médio e grande porte do Brasil que contam com estrutura aeroportuária adequada para operação de voos comerciais. A questão mais urgente a ser resolvida, sem dúvida, é o posicionamento da Azul Linhas Aéreas de cancelar os voos comerciais de Ponta Grossa.
A decisão da empresa é digna de repúdio. E o argumento do Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, comandada pelo deputado ponta-grossense Sandro Alex, de que o fim dos voos se justifica pelos prejuízos da Azul na cidade, não pode ser aceita naturalmente sem algumas ressalvas. É certo que nenhuma empresa pode operar no prejuízo. Mas no caso da Azul, a empresa recebe milionários subsídios do governo do Estado, que deu desconto na cobrança do ICMS sobre combustível, justamente para viabilizar a operação da empresa em todos os aeroportos do Paraná.
Então, o que se precisa saber agora é se a operação da Azul no Estado – e não apenas em Ponta Grossa – está ou não no vermelho. Esse dado, até agora, ninguém apresentou. Apenas tentou-se imputar aos empresários de Ponta Grossa a culpa por não ter voos suficientes. E aí cabe outra importante ressalva: a Azul nunca chamou os empresários da cidade e região para avisar que a operação estava deficitária. Nunca propôs alternativas para mudar este cenário.
Aliás, hoje a Azul só oferece voos de Ponta Grossa para Campinas e em horário que não atende aos interesses dos empresários, que imploram, há muito tempo, por outros destinos – especialmente Congonhas – e por preços e horários alternativos. É imperioso, portanto, que a Azul reveja o seu posicionamento, mantenha e melhore a oferta de voos comerciais em Ponta Grossa, sob pena de perder os vultosos subsídios que recebe do Estado. E Ponta Grossa, na condição de grande arrecadadora de impostos aos cofres estaduais, tem todo o direito de cobrar essa contrapartida.
Manter os voos é o mais urgente agora. Mas, ao mesmo tempo, é preciso decidir o futuro. E uma solução definitiva nem de longe passa em fazer mais um “puxadinho” no Aeroporto Sant'Ana. Gastar agora mais de R$ 60 milhões na construção de um novo terminal aeroportuário no local é, mais uma vez, investir mal o dinheiro público. Ponta Grossa precisa construir um novo aeroporto, em uma área nova, pensando na demanda da cidade não de agora, mas daqui a 30 ou 40 anos. A cidade e a região crescem de forma extraordinária. Somos a locomotiva do crescimento econômico do Paraná. É preciso pensar grande, num aeroporto que corresponda ao tamanho gigante de Ponta Grossa.
Aquele estudo que estava escondido desde de 2014, contratado e pago pelo governo federal, ao custo de R$ 30 milhões (atualizados hoje em R$ 66 milhões) já mostrou, 11 anos atrás, que a pista do Aeroporto Sant'Ana até pode ser ampliada, mas a melhor alternativa sempre foi construir um novo aeroporto, em outra área, mais ampla e adequada. Todo esforço de nossas lideranças políticas e empresariais, portanto, deve ser nessa direção.
Por que, por exemplo, não construir o aeroporto na área antiga Embrapa, na região do Botuquara, por onde, inclusive, passará o Contorno Norte? Por que não usar esses R$ 35 milhões que existem em caixa (projeto de reforma do atual terminal) no projeto de um novo aeroporto? Por que não buscar junto ao governo federal alguma alternativa de outorga ou privatização? Vale a pena fazer um puxadinho no “Santana”, que daqui a pouco, já vai ficar pequeno e ocioso?
Tanto dinheiro público já foi jogado no lixo e o saldo que Ponta Grossa tem até agora é a decisão da Azul de cancelar os voos, com a anuência, inclusive, de quem deveria defender a cidade.
Acorda Ponta Grossa!!!! A cidade pode continuar voando alto no crescimento, econômico, contribuindo para o avanço do Paraná e do Brasil. Mas, a mentalidade de nossas lideranças também precisa sair do chão.