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Pesquisadores de PG querem identificar soldado morto na 2ª Guerra

O trabalho só está sendo possível, porque em 2012, um pesquisador italiano mapeou o DNA do soldado brasileiro que permanece em solo italiano

Os restos mortais do Soldado Desconhecido foram resgatados em 1967
Os restos mortais do Soldado Desconhecido foram resgatados em 1967 -

Da Redação

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O trabalho só está sendo possível, porque em 2012, um pesquisador italiano mapeou o DNA do soldado brasileiro que permanece em solo italiano

Helton Costa e Diego Antonelli, que pesquisam a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e que também são jornalistas, estão arrecadando dinheiro para a continuidade da pesquisa de identificação do “Soldado Desconhecido”, único brasileiro morto na Segunda Guerra Mundial que ainda está enterrado na Itália.

Eles começaram o trabalho no ano passado, com a busca de referências bibliográficas e documentais sobre quem poderia ser o soldado e, este ano, acabaram por se defrontar com a possibilidade de ser Fredolino Chimango, do Rio Grande do Sul. A dupla agora está na fase de comparação de DNA entre parentes de Chimango e os restos mortais que estão em Pistoia/Itália.

O trabalho só está sendo possível, porque em 2012, um pesquisador italiano mapeou o DNA do soldado brasileiro que permanece em solo italiano. Porém, o governo brasileiro não mostrou interesse em prosseguir com a pesquisa.

Fredolino Chimango servia na 7ª Cia do III Batalhão, do 11º Regimento de Infantaria. A comparação genética tem o valor de aproximadamente R$ 2.800,00, incluindo custos de materiais de análise e envio para a Europa.

Para ajudar na vaquinha, basta doar qualquer valor pelo link: http://vaka.me/2111255 ou pelo PIX 042999111950 (Andressa Beló Costa).

Pesquisadores contam o processo

Conforme Helton e Diego, mesmo que os restos mortais não sejam de Chimango, a coleta de material genético da família dele é importante, pois, além do Pracinha desconhecido, há outros onze soldados sem identificação, enterrados no Aterro do Flamengo, no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro. “Se não for o Chimango quem está na Itália, significa que ele já se encontra no Brasil e os resultados serão doados para o Governo Federal, para que tomem as medidas cabíveis. Agora, se for mesmo o Chimango, caberá à família decidir o que fará em seguida”, explica Helton Costa.

“É importante termos em mente que é um trabalho de resgate da memória e de justiça histórica. Alguém que foi tão longe morrer por um ideal de liberdade, dar a vida pela pátria, não pode ficar sem identificação. É o mínimo que podemos oferecer e a sociedade pode fazer a parte dela também, por meio da contribuição para o exame”, acrescenta Diego Antonelli.

O comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), João Batista Mascarenhas de Moraes também havia feito uma promessa, durante a guerra, de que nenhum brasileiro ficaria para trás. Mascarenhas morreu em 1968, sem ver sua promessa totalmente cumprida.

O achado

O Soldado Desconhecido foi encontrado em 1967, em Montese, onde em 1945 ocorreu a batalha mais sangrenta para os brasileiros, com mais de 420 baixas em somente três dias. Vinte e dois anos depois, um morador da cidade procurou o Miguel Pereira, que atuava como guardião do cemitério dos pracinhas na Itália, na cidade de Pistoia.

O morador contou que na época da guerra ele estava passando por dificuldades financeiras, que viu o corpo do brasileiro e roubou o relógio, as botas e outros pertences. Depois cobriu o corpo com escombros e fugiu. O resultado da ação dele foi que quando o Pelotão de Sepultamento brasileiro procurou o corpo para recolher, não encontrou mais.

Miguel Pereira foi junto com o homem até o local onde ele lembrava ter deixado o corpo e, usando uma escavadeira, achou os restos mortais, duas décadas depois. Dali os ossos do soldado foram para Pistoia, pois, anos antes os colegas dele que também haviam morrido na guerra, já haviam sido mandados de volta para casa. O Pracinha sem identificação está sozinho no antigo cemitério.

Quem pode ser o soldado?

Como dito, ele pode ser Fredolino Chimango. Quem escreveu que pode ser ele, foi o chefe do Estado–Maior da FEB, coronel Floriano de Lima Brayner, em 1971 e em 1973.

A pesquisadora curitibana Adriane Piovezan, no livro “Morrer na guerra: a sociedade diante da morte em combate” (2017), lembra que uma porção de terra do local onde foi primeiramente sepultado o “Soldado Desconhecido” – em Montese – foi doada para a sede do 11º Regimento de Infantaria, em São João del Rei (MG). A entrega ocorreu em cerimonial e o soldado teria sido identificado como Fredolino Chimango.

Além dos dois, o 3º sargento da Bateria de Comando da Artilharia Divisionária da FEB, Waldir Merçon, no livro “A minha guerra” (1985), também é categórico ao apontar que o “desconhecido” se trata de Fredolino Chimango. O paranaense José Dequech, 2º sargento da Cia de Obuses do 11° Regimento de Infantaria, no livro “Nós estivemos lá” (1985), também aponta ser Chimango.

Como Chimango teria morrido?

Conforme citação de combate registrada pelo coronel Adhemar Rivemar de Almeida, na parte de combate do 11º Regimento, Fredolino morreu tentando ajudar soldados da Companhia vizinha da dele. Escrevendo sobre os atos dos homens em Montese, Adhemar anotou: “Destaco entre eles o Cabo Fredolino Chimango, falecido, que com sua peça de metralhadora conseguiu heroicamente atingir e neutralizar uma casamata alemã que ameaçava seriamente o flanco esquerdo da 6ª companhia. Apesar da reação do inimigo, o cabo Chimango só deixou de atirar quando sua arma foi atingida em cheio por uma granada de artilharia que lhe levou a vida”.

Dos soldados desaparecidos em Montese, conforme o já citado Lima Brayner, somente um não foi identificado: Fredolino Chimango.

Helton e Diego

Diego Antonelli é mestre em Jornalismo e autor dos livros “Em domínio russo” (2008), “Paraná: Uma História” (2016) e “Vindas: Memórias da Imigração” (2018). Já Helton, é doutor em Comunicação e especialista em Arqueologia e Patrimônio, além de autor de “Confissões do front: soldados do Mato Grosso do Sul na II Guerra Mundial (2013), Crônicas de sangue: jornalistas brasileiros na II Guerra Mundial (2019) e “Dias de quartel e guerra: memórias do Pracinha Mário Novelli (2021). Helton dirigiu e Diego atuou na parte técnica e de revisão do documentário “V de Vitória: histórias brasileiras”, premiado em 2019 como o melhor trabalho sobre a FEB e melhor documentário, no ‘Militum 2019 – III Festival de Cinema de História Militar’. Juntos, os dois ainda tocam a página V de Vitória no Facebook (@vdevitoriabr). Helton mora em Ponta Grossa e Diego em Curitiba, ambas cidades paranaenses.

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