Moção contra Eduardo Bolsonaro gera polêmica
Moção foi proposta por vereador Geraldo Stocco (REDE). Proposta gerou debate acalorado entre parlamentares
Publicado: 11/11/2019, 18:03
Moção foi proposta por vereador Geraldo Stocco (REDE). Proposta gerou debate acalorado entre parlamentares
A sessão da Câmara Municipal de Ponta Grossa (CMPG) desta segunda-feira (11) teve uma acalorada discussão envolvendo a figura do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) - ele foi alvo de uma moção de repúdio proposta pelo vereador Geraldo Stocco (REDE). A moção 680/2019 foi baseada em uma declaração de Eduardo, feita há alguns dias, citando a possibilidade de um “novo AI 5” - a votação da moção, que acabou rejeitada, deixou os ânimos acalorados.
O primeiro a falar sobre o tema foi o próprio Stocco. O parlamentar lembrou que mesmo após Eduardo se arrepender da fala, a fala do deputado federal é “muito grave”. “Temos que analisar o que essas pessoas falam [Eduardo Bolsonaro]. Eu não sei se vocês tem conhecimento do que foi o ato institucional 5, mas o nosso congresso foi fechado e nossa mídia reprimida”, contou Stocco.
O AI 5 é tido como o ato mais ‘duro’ da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) no cerceamento de garantias institucionais. A moção de Stocco inflamou o ânimo de alguns parlamentares. “Eu espero que meus colegas vereadores, como parlamentares eleitos democraticamente pelo atual sistema político, tenham consciência da gravidade da fala do deputado [Eduardo Bolsonaro]”, disse Stocco defendendo a “importância da democracia”.
O primeiro a se opor foi Florenal (PODEMOS). “Se essa sessão fosse semana passada, eu talvez até votaria a favor. Mas depois do desserviço do STF [prisão após condenação em segunda instância], eu sou contrário. Acho que nós temos que preservar a nossa democracia. Vivi as duas fases, era sargento do Exército durante o Governo Militar, não era ditadura”, afirmou Florenal.
“O Eduardo diz que se as reformas não forem feitas e que se os poderes políticos não assumirem a responsabilidade não colaborem com a mudança, podia sim ser instituído um novo AI 5”, afirmou Florenal. O vereador do Podemos defendeu que a declaração de Eduardo deveria ser encarada como um protesto e não como um excesso à ordem constitucional estabelecida.
“Se as mudanças não acontecerem, a única luz que sobra para o povo brasileiro é essa mesmo [um novo AI 5]”, afirmou Florenal.
Ricardo destacou que Bolsonaro havia se arrependido
O vereador Ricardo Zampieri (PSL) usou a palavra para destacar que o próprio Eduardo Bolsonaro já havia se arrependido da declaração. “Não tem porquê repudiar algo que alguém já se arrependeu e já se desculpou”, disse Zampieri. Para o vereador, a moção se torna desnecessária diante da ação de Eduardo. “Só pelo simples ato de se desculpar, não há necessidade de uma moção de repúdio”, afirmou Zampieri.
“Muito livro e pouca prática”, diz Felipe Passos
Quem também se manifestou sobre o tema foi o vereador Felipe Passos (PSDB). “Eu servi no Exército e sei o quão importante é a disciplina. É muito livro e pouca prática. Não vivi naquele tempo, mas muitos falam da importância desse disciplina”, disse Felipe. “Só para esclarecer o que o deputado falou, ele disse que no final dos anos 1960 havia uma radicalização e que se isso se tornasse realidade, novamente, seria necessária uma intervenção”, contou Felipe.
“Não entendi a revolta”, diz Pietro
O vereador Pietro Arnaud (REDE) saiu em defesa de Geraldo Stocco. “Não entendi essa revolta. A moção nem fala em PT, nem em nada do tipo. Existem evidências históricas nas ditaduras militar de atos de corrupção e isso acontece porque todos os governos são compostos por pessoas, isso é importante que se diga”, salientou. “O PT não tem um monopólio da esquerda, não se pode vestir a camiseta [da esquerda e todo mundo aceitar. Esses meninos [filhos de Bolsonaro] falam demais”, ponderou o vereador.