Comércio de notas falsas é praticado livremente na web | aRede
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Comércio de notas falsas é praticado livremente na web

Equipe de reportagem do JM manteve diálogo com o falsificador por dois dias. Proposta era de que com R$ 400 seria possível adquirir R$ 4 mil em notas falsas

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Daniel Petroski

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Equipe de reportagem do JM manteve diálogo com o falsificador por dois dias. Proposta era de que com R$ 400 seria possível adquirir R$ 4 mil em notas falsas

 “Tenho várias referências de clientes meu amigo. Meu ‘trampo’ (trabalho) é pelo certo”. A frase em questão poderia ser empregada facilmente no discurso de qualquer prestador de serviço. Apesar disso, o que se esconde nas entre linhas está bem longe de ser uma negociação dentro da legalidade.

O trabalho de investigação da equipe do Jornal da Manhã e do Portal aRede durou dois dias e começou através de grupos de Ponta Grossa nas redes sociais voltados para a compra e venda de produtos variados. Ostentando maços com cédulas de dinheiro, principalmente nos valores de R$ 100 e R$ 50, a postagem era enfática: “Notas fake (termo utilizado na internet para definir algo que seja falso) de qualidade, top, top, top”. A mensagem seguia exemplificando como a negociação seria feita e terminava com um “veeeem imboox, chama no chat”.

Um dos fotógrafos do JM/aRede entrou em contato com o responsável pela postagem explicando que estava precisando de dinheiro para adquirir uma motocicleta. O valor tratado seria de R$ 4 mil. Em menos de 20 minutos, a pessoa, se identificando como um jovem, respondeu. “Funciona assim. Te mando a conta para depósito. Você faz o pagamento na lotérica, tira foto do comprovante e me manda pelo Facebook. Eu vou na hora fazer o envio nos Correios e te passo o código de rastreio para verificar a entrega. O prazo de espera é de um dia. O Sedex para envio é por minha conta”, detalhou. Para conseguir a quantia desejada em notas falsas o fotógrafo teria que desembolsar R$ 400. “As notas são de qualidade, marca d´água, alto relevo, fita holográfica, ásperas. Passa nos principais testes”, garante o rapaz.

Para a surpresa da equipe de reportagem, ao enviar os dados bancários para que o depósito fosse efetivado, o jovem – que possui apenas 20 amigos na sua página do Facebook - respondeu passando um segundo nome.

Em uma busca rápida em sites que permitem a consulta de processos judiciais que não correm em segredo de justiça, foram identificadas mais de uma tramitação contra esse segundo nome dado pelo falsificador. Entre eles está o de crime de estelionato cometido no sul do país. 

O número da conta também diz respeito a um banco com agência instalada na cidade de Alvorada, no Rio Grande do Sul. O município possui pouco mais de 175 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pena para esse tipo de crime pode chegar a 12 anos de prisão

Falsificar, fabricar ou alterar moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou no estrangeiro é crime previsto no artigo 289 do Código Penal. A pena varia de três a 12 anos de prisão e multa. Estará sujeito à mesma pena quem importar ou exportar, adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, guardar ou introduzir na circulação moeda falsa. Mesmo tendo recebido de boa fé, comete crime, com pena prevista de seis meses a dois anos e multa, quem a recebe e a mantém em circulação, repassando a outros. De posse das informações e do arquivamento da conversa mantida com o falsificador, o JM/aRede denunciou o caso a Polícia Federal.

Aprenda a identificar cédulas falsas

O Banco Central (BC), responsável pela produção das cédulas de Real no Brasil, possui mecanismos para verificação da origem e da veracidade delas. O mais comum é a marca d’água. Presente tanto nas cédulas da primeira, quanto da segunda família do Real, elas podem ser visualizadas quando o papel é colocado contra a luz. Em cada nota, é possível ver a imagem de figuras que representam a República, a Bandeira Nacional ou os animais relativos a cada valor, em tons variados, claros e escuros. O BC também criou um aplicativo para esse fim. O app se chama “Dinheiro Brasileiro” (disponível em Android e iOS) e fornece informações sobre as cédulas do Real e ensina como identificar as notas falsas.

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