O conto, o fato e as reflexões
Publicado: 28/09/2014, 07:27
O conto
Uma viúva, de uma pobre aldeia em Bengala, não tinha dinheiro para pagar o ônibus ao seu filho, pois ela o tinha matriculado num colégio distante de casa. O garoto teria que atravessar sozinho, uma floresta. Para tranquiliza-lo, ela disse:
- Não tenha medo da floresta, meu filho. Peça ao Deus Krishna para acompanhá-lo. Ele ouvirá sua oração.
O garoto fez o que a mãe dizia, Krishna apareceu, e passou a levá-lo todos os dias à escola.
Quando chegou o dia do aniversário do professor, o menino pediu à mãe dinheiro para comprar um presente.
- Não temos dinheiro, filho. Peça ao seu irmão Krishna para arranjar um presente.
No dia seguinte, o menino contou seu problema a Krishna. Este lhe deu uma jarra cheia de leite.
Animado, o menino entregou a jarra ao professor. Mas como os outros presentes eram mais bonitos, o mestre não deu a menor atenção.
- Leva esta jarra para a cozinha – disse o professor para um assistente.
O assistente fez o que lhe fora mandado. Ao tentar esvaziar a jarra, porém, notou que ela tornava a se encher sozinha. Imediatamente, foi comunicar o fato ao professor que, aturdido, perguntou ao menino:
- Onde arranjou esta jarra, e qual é o truque que a mantém cheia?
- Quem me deu foi Krishna, o Deus da floresta.
O mestre, os alunos e o ajudante, todos riram.
- Não há deuses na floresta, isto é superstição! – disse o mestre.
– Se ele existe, vamos lá fora vê-lo!
O grupo inteiro saiu. O menino começou a chamar por Krishna, mas este não aparecia. Desesperado, fez uma última tentativa:
- Irmão Krishna, meu mestre quer vê-lo. Por favor, apareça!
Neste momento, veio da floresta uma voz, que ecoou por todos os cantos:
- Como é que ele deseja me ver, meu filho? Ele nem sequer acredita que eu existo!
O fato
O golfista argentino Robert de Vincenzo, depois de haver vencido um importante torneio, dirigiu-se ao estacionamento para pegar o carro. Neste momento, uma mulher aproximou-se. Depois de cumprimentá-lo pela vitória, contou que o filho estava às portas da morte, e que não tinha dinheiro para pagar o hospital. De Vincenzo deu-lhe, imediatamente, parte do dinheiro do prêmio que havia ganhado àquela tarde.
ma semana depois, num almoço no Professional Golf Association, contou a história a alguns amigos. Um deles perguntou se a mulher era loura, com uma pequena cicatriz embaixo do olho esquerdo. De Vincenzo concordou.
“Você foi trapaceado”, disse o amigo. “Esta mulher é uma vigarista, e vive contando a mesma história a todos os tenistas estrangeiros que aparecem por aqui”.
“Então não existe nenhuma criança às portas da morte?”
“Não”.
“Bem, essa foi a melhor notícia que recebi durante a semana!” – comentou o tenista.
Reflexões
Alguns pensamentos de poetas persas do início do milênio (A Sabedoria Persa, Ed. Ediouro):
Quem conhece a Deus, não o descreve. Quem descreve a Deus, não o conhece (Husayn Ibn Mansur)
A pior maneira de manter um casamento é privando o outro de sua liberdade. Se você amarrar dois pássaros, eles terão quatro asas, mas nunca conseguirão voar. (Djeladin Rumi)