Projeto discute destinação adequada de resíduos em escolas
Promovida a partir de uma parceria entre uma empresa de embalagens da região metropolitana de São Paulo e o Sindicato de Escolas Particulares, iniciativa aproxima estudantes ponta-grossenses da realidade da cadeia da reciclagem
Publicado: 12/06/2025, 19:47

O Portal aRede e o Jornal da Manhã dão sequência, nesta quinta-feira (12), à segunda edição do Painel Digital Meio Ambiente e Sustentabilidade. Realizado no mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o projeto traz entrevistas e reportagens especiais que apresentam iniciativas sustentáveis adotadas por empresas e instituições localizadas em Ponta Grossa, cidade que possui um dos polos industriais mais consolidados do Paraná.
Com o lema "Todo resíduo tem o seu lugar", o programa Meiwa Educa leva discussões sobre consumo responsável e importância da reciclagem para salas de aula de 12 instituições de ensino privadas de Ponta Grossa, beneficiando mais de 950 estudantes do quarto ao sétimo ano . A iniciativa é realizada a partir de parceria entre a Meiwa Embalagens e a direção regional do Sindicato das Escolas Privadas (Sinepe/PR) e tem o objetivo de estimular estudantes a desenvolverem um pensamento crítico sobre geração e destinação de resíduos.
Em entrevista ao Jornalismo do Grupo aRede, Ivam Michaltchuck, educador ambiental e representante da Meiwa, explica que a iniciativa deu os primeiros passos ainda em 2004, a partir da preocupação sobre o destino do EPS, tradicionalmente chamado de isopor e principal produto feito pela empresa. Apesar de apresentar boas condições para acondicionamento, transporte e conservação de alimentos, o material é descartável.
Em 2007, as primeiras ações educacionais começaram a ser desenvolvidas na rede pública de ensino de Arujá (SP). A partir de 2009, a iniciativa chega ao Paraná e, em 2014, alcança escolas de Ponta Grossa a partir de parceria com o Sinepe. Nos Campos Gerais, além de promover palestras e gincanas com o objetivo de disseminar o conceito de economia circular, pontos de coleta de EPS também foram instalados nas instituições participantes.
Com o uso de uma máquina que tritura o material, ao longo de 10 anos, três cooperativas de coleta de produtos recicláveis já encaminharam mais de 160 toneladas de EPS para uma empresa de Santa Catarina - lá, o famoso isopor ganha novos destinos. Tal destinação já rendeu mais de R$ 230 mil para as associações, promovendo geração de emprego e renda para os agentes da cadeia da reciclagem.

Outro benefício indicado por Michaltchuk é evitar que o EPS seja descartado em aterros sanitários, o que é proibido em Ponta Grossa pela Lei Municipal nº 13.564/2019. “Na mão das cooperativas, esse material se transforma em dinheiro. O projeto vem em uma crescente e, a partir deste ano, passa por uma mudança de perfil”, aponta.
NOVIDADE - Ainda em 2024, o setor de Sustentabilidade da Meiwa propôs estabelecer uma nova abordagem para o projeto, que fosse além da reciclagem do EPS. Com isso, um projeto piloto foi desenvolvido para mostrar aos estudantes, professores e familiares que todos os resíduos descartados têm um destino correto, como óleo de cozinha usado e pilhas e baterias.
Além de promover palestras nas escolas, o Meiwa Educa também aproxima os visitantes dos processos da cadeia da reciclagem, a partir de visitas às cooperativas de coleta de materiais. “Muitas vezes os alunos não têm ideia de para onde o resíduo descartado em casa vai. Nas cooperativas, eles conhecem o trabalho de recebimento, triagem, separação, compactação e comercialização para geração de renda e ficam encantados”, compartilha Michaltchuck.
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De acordo com o educador ambiental, a realização das visitas facilita o debate sobre a temática em sala de aula. Por ser um projeto piloto, algumas adaptações ainda devem ser realizadas. Segundo o professor, a expectativa é que a iniciativa alcance outras cidades do Paraná no futuro, como Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava, bem como outros municípios brasileiros.
“Tem sido uma experiência fantástica. Os alunos assumem um compromisso de multiplicar o que aprenderam em sala de aula para amigos e para suas famílias. Eu ensino que não devemos cuidar e proteger o meio ambiente. Temos que cuidar dele inteiro”, reforça. Os participantes do projeto também recebem uma ecobag feita de TNT reciclável - a bolsa contém uma cartilha com os conteúdos discutidos nas palestras, um certificado de participação e uma régua feita de EPS reciclado.
IMPORTÂNCIA - Questionado sobre a importância de levar o debate sobre meio ambiente e sustentabilidade para as escolas, Osni Mongruel Junior reforça a ideia de Michaltchuck a respeito do potencial multiplicador dos conteúdos abordados pelo projeto educacional.
“A proposta é que a gente possa espalhar essa semente, colocar isso na pauta do dia a dia e estimular as pessoas a entenderem que o processo de destinação correta de resíduos é algo simples e que demanda, basicamente, boa vontade”, aponta o diretor regional do Sinepe/PR.
Inclusive, Mongruel compartilha que algumas instituições participantes desenvolveram iniciativas próprias a partir da passagem pelo projeto. O Colégio Sepam, por exemplo, criou uma brigada ambiental que visita escolas municipais de Ponta Grossa para discutir a importância de adotar ações sustentáveis no cotidiano.

“Pontualmente, colocamos uma data como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas, precisamos insistir que esse trabalho seja feito ao longo de todo o ano, seja na escola ou em casa, com o objetivo de cada vez mais ampliar esse impacto positivo”, frisa.
Instituições de ensino interessadas em participar da iniciativa devem estar associadas ao Sinepe/PR. Basta entrar em contato com a coordenação regional pelo telefone (42) 99972-8565 para obter mais detalhes.