Crônica dos Campos Gerais: Bets à moda antiga | aRede
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Crônica dos Campos Gerais: Bets à moda antiga

Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG
Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG -

Da Redação

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Jogo derradeiro.

            — Jimmy, vamos — chamou Lúcio.

            — Calma aí.

            — Estamos atrasados.

            Jimmy seguiu o amigo até a última rua da vila. Uma rua ótima. Sem movimento.

            Chegaram à rua e encontraram seus outros amigos.

            — Por que demoraram tanto? — perguntou Cassandra.

            — Pergunta pro beleza aqui — respondeu Lúcio.

            — Larga do meu pé — retrucou Jimmy — Bora jogar!

            No último jogo, Jimmy, Lúcio, Cassandra e Alessandra foram os últimos a jogarem; portanto, seriam os primeiros a jogar.

            Jimmy e Alessandra foram para trás das duas bases desenhadas na rua, a sete metros uma da outra. Alessandra segurava a bolinha de tênis verde-limão. Eles colocaram os litros com pedrinhas no fundo no meio de cada base.

            Lúcio e Cassandra pegaram os bets e os fizeram girar no ar para testar o peso. E, mesmo sendo duas ripas de madeira lapidadas para formar um taco que se afinava em uma das pontas para melhorar a pegada, estavam equilibrados.

            Cassandra se posicionou na base de Alessandra e Lúcio na base de Jimmy, ambos deixando a ponta dos bets encostada no chão dentro do círculo desenhado. Foi quando Alessandra jogou a bolinha em direção ao litro da base oposta. A bola foi pingando; se você se distraísse, erraria a bolinha por pouco, mas macaco velho não pula em pau podre. Quando a bolinha quicou a um metro de Lúcio, ele pensou “é agora” e girou o taco. O taco acertou metade da bolinha e a fez voar até quase a outra esquina. Alessandra saiu correndo atrás dela, e Lúcio e Cassandra começaram a correr em direção às bases opostas, fazendo seus bets se chocarem quando se encontravam no meio do caminho. A cada batida, mais um ponto.

            Alessandra achou a bolinha, mirou e a atirou em direção à sua base. Lúcio e Cassandra viram a base desprotegida e cada um correu para a sua. A bolinha acertou o litro e o fez balançar, mas Cassandra colocou a ponta dos bets na base antes de o litro cair. Eles ainda estavam no jogo.

            Era a vez de Jimmy arremessar. Jogou bem, mas nem a melhor jogada deteria a rebatida de Cassandra. Ela acertou a bolinha em cheio e a fez sumir de vista. Jimmy correu atrás dela, e Cassandra e Lúcio já estavam correndo para marcarem mais pontos quando ouviram “bolinha perdida”, e todos foram até lá para ajudar o amigo a encontrar a bolinha, inclusive Lúcio e Cassandra.

            Esse foi o jogo derradeiro na vida das crianças. Quem imaginaria que o amanhã lhes reservava responsabilidades e preocupações? Com certeza não eles, pois, se imaginassem, teriam demorado mais para encontrar a última bolinha perdida.

Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).

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