Crônicas dos Campos Gerais: Caçambas de entulho | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: Caçambas de entulho

Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, professora aposentada, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, professora aposentada
Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, professora aposentada -

Da Redação

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Diariamente saio às ruas cumprindo compromissos sociais, de trabalho, de lazer ou de cultura. A cidade é linda e fotografo algumas cenas que me agradam, principalmente árvores floridas. Não posso deixar de notar no meu trajeto, a existência do crescente número de caçambas de diferentes tamanhos e logomarcas de empresas do ramo, seja no centro ou nos bairros da cidade. Entulho seria sinônimo de crescimento? A querida Ponta Grossa certamente responderia que sim. A quase bicentenária Princesa dos Campos, que aniversaria em 15 de setembro, prepara-se para o evento que marcará seus 200 anos de criação, desde aquele longínquo 1823, assumindo ares de juventude com o grande impulso na construção civil. Principalmente nos bairros os terrenos baldios são preenchidos com novas edificações, casas, sobrados e prédios com muitos andares. Resíduos provenientes dessas construções, fragmentos ou restos de tijolos, concreto, argamassa, arames ou madeira têm seu descarte correto nas caçambas à beira das obras. Os tapumes de um material prateado, diferente do habitual que reflete os raios solares, é o indicativo de algo novo. Próximo à minha casa, onde residia a família de um bancário, o terreno desocupado coberto de vegetação e sinais de abandono está sendo ocupado por uma obra que modificará a paisagem. Por outro lado, o que causa tristeza e desconsolo e que também ocupam caçambas, são os entulhos da demolição indiscriminada. Em meio aos cortantes cacos de telhas coloniais, de cantos de tijolos rosados, da cinzenta argamassa e do concreto quase indestrutível, vão-se também as lembranças, imagens, memórias do que ali estava representado. Edificações que fazem parte da Ponta Grossa antiga, do Patrimônio Histórico, são derrubadas sem piedade com golpes não só na estrutura física, mas também nos sangrantes corações preocupados com a preservação de sua história. Exemplos recorrentes estão escancarados por aí no reino de uma Princesa. Existem grupos de moradores que denunciam essas atitudes de completo descaso com a preservação, como o grupo Sherlock Holmes Cultura. Esse atuante grupo de pessoas, com o mesmo objetivo, está conseguindo importantes conquistas nesse campo em que o interesse financeiro passa a máquina em cima da história e enche as caçambas de entulho.

Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, professora aposentada, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).

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