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O relógio que bate há 110 anos

Coluna 'Na Trilha da Fé': O relógio que bate há 110 anos

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Coluna 'Na Trilha da Fé': O relógio que bate há 110 anos -

Da Redação

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Coluna 'Na Trilha da Fé': O relógio que bate há 110 anos

Julho, mês de Sant’Ana. Uma devoção tão antiga quanto a história da Igreja na região dos Campos Gerais. Padroeira primeiramente de Castro, a santa, por extensão, acabou sendo escolhida como patrona de Ponta Grossa, freguesia que se originou dela, tanto administrativa quanto religiosamente. O culto à avó de Jesus chegou a essas terras por influência dos tropeiros que passavam por diversas paragens em sua rota e, em muitos casos, acabavam se fixando em alguma delas. Em Castro, a paróquia erigida em sua honra vai comemorar, em 2023, 250 anos. É a mais antiga da Diocese e uma das primeiras do Paraná. Uma construção que externou uma devoção que surgiu e se manteve por muito tempo graças à piedade popular.

E a longa história da Paróquia Sant’Ana de Castro é riquíssima. Uma trajetória de conquistas e feitos só possíveis devido ao empenho do povo de Castro. Tanto a construção da igreja como a instalação do primeiro de seu relógio resultaram da contribuição direta, financeira, material e humana, dos moradores. Em 1887, era entregue a construção da torre e frontispício da Matriz, sem o relógio. Incomodado com a situação, o maestro, agente postal e vereador Benedito Alves Pereira, em 1913, tomou a iniciativa de arrecadar fundos perante o povo e comprou por 1 conto e 500 mil réis o relógio, que veio da Europa por intermédio da empresa Roeder, de Curitiba. Ele foi inaugurado em 24 de abril de 1913, data do aniversário da esposa do vereador, Ana Xavier da Silva. A data, inclusive, está gravada no relógio como homenagem.

Desde a sua inauguração, nunca mais parou de funcionar. Lá se vão 110 anos. Em certa época, o relógio da Matriz até chegou a ficar parado por dias inteiros, mas por um motivo bem específico. Era um tempo em que as pessoas nem sequer assoviavam na Sexta-Feira Santa, por respeito. E isso também valia para os sinos do relógio. À meia-noite do dia anterior era parada a máquina e ele ficava sem funcionar. A missão de dar corda no equipamento passa de pai para filho. Primeiro, era do relojoeiro Cyríaco Ávila, que até os 80 anos subiu as escadarias da torre para cuidar do relógio e foi também responsável por uma de suas primeiras manutenções, em setembro de 1939. Em uma dessas ocasiões, o filho, Edison Ávila, aprendeu a dar corda no relógio. Quando o pai faleceu, ele assumiu o compromisso. Hoje, Edison é ajudado pelo filho José Carlos Ávila.

A escadaria que leva à torre é de metal e rente à parede, o que dificulta um pouco a subida. Os degraus comportam um pé de cada vez. No fim da escada, há um patamar de madeira com um buraco retangular no chão. É por esse buraco que passam os pesos que movem o relógio. O funcionamento é quase o mesmo do cuco. Só que, neste caso, o som é provocado por martelos que batem nos sinos situados no patamar de cima. Do lado, uma espécie de armário branco guarda a máquina que mantém sempre pontuais os ponteiros vistos do lado de fora. Uma manivela puxa três pesos, um de cada vez, que controlam os quartos de hora (batidas de sino mais graves e espaçadas a cada quinze minutos), as horas cheias (batidas vigorosas e um pouco mais agudas) e o movimento do relógio. Girar a manivela não exige muita força, mas ocorre um pequeno "tranco" a cada volta completa. Os pesos demoram uma semana para tocar o chão do primeiro andar. O relógio funciona perfeitamente. No final da década de 1960, uma nova torre foi erguida, à direita da igreja, contendo um relógio parecido com o primeiro. Mas o mecanismo é eletrônico. "Nesses quinze anos em que eu dou corda no relógio antigo, nunca vi esse mais novo funcionando. Parou no tempo", afirmava Ávila em 2013, em entrevista por ocasião do centenário da instalação do relógio.

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