Ameaçados pelo digital, sebos investem em vendas on-line
“Não podemos depender apenas da venda na loja física” diz proprietário de sebo.
Publicado: 26/03/2022, 08:00
“Não podemos depender apenas da venda na loja física” diz proprietário de sebo
A concorrência com livrarias de projeção nacional, a facilidade de acesso a livros digitais e a baixa adesão a leitura entre os brasileiros, são alguns dos desafios que os sebos precisam enfrentar.
Em Ponta Grossa, Roberto Belliato é proprietário de um sebo em uma das principais avenidas da cidade. O espaço tem 18 anos e ele conta que a ideia de empreender com sebos é familiar. “Na década de 70, em Londrina, um tio tinha uma banca pequena de revistas, ele começou a trocar gibis. A iniciativa popularizou e ele estendeu para outros materiais”, diz Roberto. Hoje possui sebos da mesma família em Londrina, Curitiba, Uberlândia e Ponta Grossa.
Roberto comenta que com o passar dos anos foi necessário pensar em estratégias para que o sebo não fechasse. A alternativa encontrada para rentabilizar o empreendimento foi a criação de uma estante virtual. Através de um site, atualizado diariamente com os livros que entram no sebo, as obras são comercializadas, e podem ser adquiridas por pessoas de qualquer lugar do Brasil.
Quando iniciou o empreendimento em 2004, Roberto diz que ele não se sentia ameaçado pela internet, mas com o passar dos anos, ele percebeu que depender apenas da venda física, não seria possível. Segundo o proprietário, a pandemia potencializou para que os compradores das lojas físicas se afastassem.
Além dos livros, os sebos comercializam CDs, DVDs e vinis, que segundo o proprietário, tem uma procura significativa.
Clientes gostam
Bruna Oliveira diz que ama ler e sempre recorre aos sebos. “Eu compro tanto na loja física quanto em loja virtual. Eu até tenho alguns livros digitais, mas ainda não sou adepta da leitura virtual, gosto de ter o livro em mãos, folhear as páginas”, conta a estudante.
Vinícius Castelari comenta que nos últimos anos está lendo mais, mas que optou por um kindle (aparelho eletrônico desenvolvido especificamente para leitura de livros, é semelhante a um tablet). Para o estudante, “nos sebos estou preso a oferta do dia, e normalmente não encontro os livros mais procurados. O custo de um livro kindle é baixo, podendo até ser grátis”, lembra o jovem.
Origem do nome
Não se tem uma versão de exata de qual foi a origem do nome sebo, mas existem algumas explicações. Uma matéria da revista Superinteressante traz duas versões. Uma delas, diz respeito ao uso da luz das velas para leitura, que antigamente eram feitas de gordura e de sebo, conforme derretiam, sujavam os livros, deixando-os engordurados. A outra versão, mais popular, é que estudantes carregavam tanto os livros debaixo do braço que acabavam sujando-o, deixando ‘ensebado’. Ainda, existe uma terceira alternativa. Uma matéria publicada no site da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), conta uma história um pouco mais regional. Um livreiro pernambucano teria sido o precursor da ideia de se vender ou trocar livros usados. Ele teria dado o nome de sebo ao seu estabelecimento, e a gíria se espalharia pelo resto do Brasil.
Por Izabelle Antunes, sob supervisão de Helton Costa. Esta notícia faz parte do projeto de fortalecimento do Jornalismo Regional, do curso de Jornalismo da UniSecal em parceria com o Portal aRede/Jornal da Manhã.