Crônicas dos Campos Gerais: ‘O esquilo da Vila Velha’

Texto de autoria de Aline Sviatowski, estudante de Ponta Grossa

Nos arenitos das taças, subsiste a história de milhares de anos. Antes, fundo do mar. Hoje, avermelhado terreno de andanças humanas. O humano busca sempre conectar-se com o passado e, certamente, caminhar por entre as formações rochosas dos Campos Gerais é uma das mais genuínas formas de imergir no passado.

Cenário superado dos fundos de um oceano magnífico para qualquer humano, é imperiosa morada de animais. Alguns, mais acostumados à presença humana.

Nesse contexto, o pequeno e peludo esquilo observava o menino caminhando com sua família. Enquanto observavam os formatos peculiares das pedras, nem imaginam estarem sendo observados em contrapartida.

O esquilo imaginava se aqueles seres grandes, que estranhamente viviam sobre duas patas, forneceriam algum pedaço de alimento. O esquilo, contudo tinha uma fascinação em particular que o levou a ali permanecer.

Cabelos.

Ele gostaria de sentir como seria ter pelos tão longos e coloridos que esvoaçassem ao vento, assim como as pedras eram esculpidas pelo mesmo motivo.

Não entendia como era possível uma rocha imponente ser detalhada pelo mesmo fator eólico que movimenta os longos e finos fios da cabeça.

Foi observado. Olhou por alguns instantes nos olhos daqueles seres quase extraterrestres em um momento de epifania e autoconsciência. De súbito, correu aos pulos para cima da árvore repleta de alimentos seguros. De onde via as copas das cabeças e analisava as mais variadas cabeleiras.

Texto escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.