Crônicas dos Campos Gerais: ‘Radioteatro em Ponta Grossa’ | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: ‘Radioteatro em Ponta Grossa’

Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, Professora aposentada de Ponta Grossa

Sueli Fernandes é professora aposentada nascida em Ponta Grossa e filha da escritora, trovadora e artista plástica Amalia Max.
Sueli Fernandes é professora aposentada nascida em Ponta Grossa e filha da escritora, trovadora e artista plástica Amalia Max. -

Da Redação

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Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, Professora aposentada de Ponta Grossa

As pessoas com mais de 50 anos viveram a época dourada do rádio nas cidades do interior. A Rádio Central do Paraná, uma emissora AM que apresentava uma programação eclética, tinha programas esportivos, noticiário, programa direcionado às mulheres, programa infantil, muita música e a atração das noites: as novelas.

     Os atores eram da cidade mas, com o passar do tempo, agregaram-se novos artistas vindos de São Paulo.

      Minha mãe fazia parte do elenco do radioteatro, como eram denominadas as novelas. Para driblar o ciúme que meu pai sentia, eu a acompanhava e ficava por lá, brincando, mexendo na máquina de escrever, esperando a hora de voltar para casa.

     Dessa forma minha presença era assídua e eis que surgiu um personagem infantil numa novela de Ivani Ribeiro e fui convidada a participar. Minha mãe foi quem me ensinou a arte da interpretação. Eu tinha nove anos de idade quando iniciei e gostava muito de fazer aquele trabalho. Cada capítulo era feito ao vivo. Nada era gravado.

       A sonoplastia, executada com materiais improvisados, ficava perfeita. O silêncio no estúdio era imprescindível, porém aconteciam risos abafados atrás de uma cortina.

       Era o ano de 1956. Num sábado, véspera do Dia das Mães, seria levada ao ar uma peça especial para a data e o meu papel seria importante naquela apresentação.

        No entanto, durante a noite de sexta-feira fui acometida por fortes dores abdominais, minha mãe não podia fazer outra coisa além de chá e compressas. Não tínhamos telefone e nem carro e, para culminar, meu pai estava fora.

         Ela esperou amanhecer e levou-me ao Hospital São Lucas (hoje é o Pronto Socorro) onde o médico constatou apendicite aguda. Uma cirurgia de emergência era a indicação clínica. Comecei a chorar porque não concebia a ideia de não participar da peça. Na verdade, a direção teria que cancelar a apresentação pois não havia substituta, eu era a única atriz mirim do elenco.

         Convenci a todos de que faria meu trabalho de qualquer maneira.

         Naquele sábado, entreguei-me ao personagem como sempre o fazia. Microfone ligado, script na mão, painel aceso “NO AR”. Emocionada com o texto cheguei às lágrimas. Ao término, após um copo de água açucarada, fui levada pela Viviane Durski, uma grande atriz, a bordo do seu fusquinha, até o hospital onde aconteceu a cirurgia naquela mesma noite.

Texto produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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