Crônicas dos Campos Gerais: “Remanescência” | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: “Remanescência”

Texto de autoria de Lenita Stark, Artista Visual de Ponta Grossa

Lenita Stark é paranaense, artista plástica e conta com inúmeras participações e premiações em exposições de arte. Também é membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA).
Lenita Stark é paranaense, artista plástica e conta com inúmeras participações e premiações em exposições de arte. Também é membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). -

Da Redação

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Texto de autoria de Lenita Stark, Artista Visual de Ponta Grossa

Ela já estava ali, muito antes da UEPG. Quantos jovens universitários por essa calçada passaram, num vai e vem tresloucado, dias, semanas, meses e anos. Muitas fachadas foram modificadas, arquitetura histórica nessa mesma quadra foi completamente desfigurada de sua originalidade. Outras foram demolidas. Essa casa sobreviveu às demolições. Ficou intacta, não houve nenhuma mudança na sua estrutura e nem reformas ou conservação.

Suas janelas, olhos já cansados de olhar o vai e vem de transeuntes, alunos, professores e funcionários dessa instituição, responsável pela grande movimentação no entorno.

As paredes dialogam. Contemplando-a podemos sentir ecos do passado. Bares, lanchonetes, livrarias e muitas outras empresas por ali se estabeleceram, algumas mudaram, outras findaram. Ela sempre ali, contingente, sempre à espreita de qualquer acontecimento.

Seu extenso quintal foi tomado, em estacionamento transformado, ficando um pequeno pedaço de chão nos fundos da casa. Ah! Mas, ela não se afetou, continuou firme, lutando contra o tempo. Mesmo faltando janela, com rombos na alvenaria, ferrugens e ausência de cor. Habitada, continua altiva e sem vergonha de seu cenário abandonado. É símbolo de resistência, remanescência d’um passado glorioso, uma arquitetura forte e resistente.

Em suas paredes a natureza faz morada… a vegetação ali encontrou terreno fértil, entre os desgastes do cimento e tijolos, as raízes vão se alastrando, o verde contrasta com o desbotado de suas paredes. Na janela frontal, a samambaia se ajeitou num cantinho para crescer na sombra, na beira da calçada, com perspectiva para a movimentação e emoções.

“O abandono como plenitude. A consciência de um mundo em ruínas revela a possibilidade de realização por meio de osmose com a natureza… “ André Ibañez.

Texto produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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