A missa da miscigenação dos Campos Gerais | aRede
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A missa da miscigenação dos Campos Gerais

Texto de autoria de Rodrigo de Mello, Biólogo docente da UEPG, Ponta Grossa, elaborado no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

Texto de autoria de Rodrigo de Mello, Biólogo docente da UEPG, Ponta Grossa, elaborado no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.
Texto de autoria de Rodrigo de Mello, Biólogo docente da UEPG, Ponta Grossa, elaborado no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais. -

Da Redação

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Texto de autoria de Rodrigo de Mello, Biólogo docente da UEPG, Ponta Grossa, elaborado no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

Deita-se no sofá para ler e sua fiel companheira canina sobe no sofá, que lhe lambe o pé e apoia o focinho em sua perna olhando para ele balançando o toco de rabo que tem. Lê duas páginas bem concentrado, mas agora seus olhos são captados por uma espécie de telão de cinema ao ar livre que aparece no vão da janela, que projeta no céu uma animação sobre a identidade histórica e cultural da região dos Campos Gerais. Vê as formações geológicas do Primeiro e Segundo Planalto Paranaense e sua imponente Escarpa Devoniana: suas zonas fitogeográficas naturais, com campos limpos e matas de galerias ou capões isolados de floresta ombrófila, que agora aparecem todas em cores vibrantes que lhe gritam mais vivas.

Sobre a tela celeste, agora tropeiros abrem trilhas em intocadas florestas rumo a vegetações mais rasteiras, trazendo no lombo dos cavalos a história do mundo e a forte influência cultural e costumes que se enraizaram pelas regiões e assentamentos por onde passaram. Vê agora povos indígenas que, da mesma forma que os tropeiros, trazem uma mescla de heranças, como a luso-brasileira e a africana que os seguem. Observa todos esses povos ao redor de uma fogueira, comendo pinhão assado, bebendo e brindando alegres em celebração. Vê claramente a cultura da região dos Campos Gerais tornando-se muito diversificada no calendário do tempo, dispersando-se num sopro de vento na paisagem agora rodeada por plantações de café em plena floração, mas com flores imensas como as de um hibisco.

No telão impresso nas nuvens, agora em tons de amarelo e laranja de um fim de tarde, aproximam-se da fogueira grupos de caboclos, faxinalenses, eslavos, croatas, italianos, poloneses e germânicos. Iniciava-se a missa da miscigenação, e sentam-se todos ao redor do fogo. Sobre suas labaredas, vê um imenso caldeirão de ritos e raças borbulhando e transfigurando-se em nuvens agora avermelhadas por um pôr do sol entorpecedor. Um camaleão, andando pelas bordas com suas órbitas oculares olhando para todos os lados, se aproxima e lambuza de cores os olhos da multidão de gerações vindouras. Com seus dedos fundidos em forma de “V”, retira do caldeirão cartas de um baralho estampado com dupla-hélices de DNA, representando códigos genéticos destas variedades de povos que se embaralharão no genoma dos paranaenses, numa sinfonia molecular de diversidade fenotípica e cultural.

Acorda ao ouvir sua cachorra latindo para outro cão que passava pela rua e vê seu artigo sobre os Campos Gerais sobre o peito. 

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