PUBLICIDADE

Artista de PG torna-se referência em tatuagem realista

Enquanto concilia o trabalho de músico com o de tatuador, Sergio Waldmann também produz cursos e prepara a inauguração de dois estúdios na Europa

Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista
Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista -

Enquanto concilia o trabalho de músico com o de tatuador, Sergio Waldmann também produz cursos e prepara a inauguração de dois estúdios na Europa

Na pele dos clientes, Sergio Waldmann, 29 anos, deixa marcas que costumam emocionar quando finalizadas, reação resultante da soma do significado com o realismo das tatuagens. As obras são fruto de uma técnica de observação apurada, produto de 14 anos de experiência e cursos de aperfeiçoamento. O trabalho tem aberto portas – muitas no exterior, e atraído admiradores, só no Instagram já são mais de 70 mil seguidores. Uma história de sucesso que se tornou realidade quando o ponta-grossense abandonou a carreira promissora de bancário para investir em um sonho.

Waldmann não lembra ao certo quando tomou gosto pelo desenho, mas foi na adolescência, com o apoio dos amigos, que começou a tatuar. “As primeiras telas foram da escola, no Ensino Médio. Hoje em dia eu estou fazendo a cobertura das tatuagens daquela época [risos]”, recorda Sérgio. Naquele tempo não havia muita informação ou cursos disponíveis e para aprender alguma técnica era preciso conquistar a confiança de profissionais mais experientes. “Você tinha que ser muito dedicado para aprender, ir em um estúdio, mostrar seus desenhos, e se ele fosse com a tua cara, falava para você voltar no outro dia para te passar alguma dica. Até lá você tinha que fazer alguns serviços no estúdio, como a limpeza de materiais”, explica o tatuador.

Também nessa fase, Waldmann teve as primeiras experiências com uma outra paixão que o acompanharia pela vida, a música. “Por influência dos amigos, eu comecei a ouvir bandas de rock e achei aquele mundo fascinante”, relembra Sergio. Quando esses amigos decidiram formar a própria banda, ele quis ficar com a guitarra, instrumento que aprendeu a tocar sem nunca ter feito aula. A imersão no mundo das artes em um momento tão decisivo na vida de um jovem, deixava os pais, Sergio e Rosicleia, inseguros. “Eles não viam futuro nisso, para falar a verdade, nem eu. Mas, eu sabia que era aquilo ali que eu queria”, conta Waldmann, que nesse período, além de estudar, ajudava no negócio do pai, uma empresa de transportes.

Quando terminou o Ensino Médio, Sergio trabalhou como vendedor no ‘Paraguaizinho’, depois cumpriu o serviço militar obrigatório por quase um ano, e também foi leiturista de energia. Em 2011, insatisfeito com a situação em que estava decidiu voltar a estudar, fez o Enem e conseguiu a 10ª nota mais alta cidade, que o credenciava para entrar em qualquer curso, pelo ProUni ou Sisu, ofertado em Ponta Grossa. Waldmann optou por cursar Direito, mesma graduação do pai e que por ser noturna permitia continuar trabalhando. Durante a faculdade fez estágios na Polícia Civil – onde chegou a ser nomeado Escrivão Ad-Hoc, na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e em escritórios de advocacia. Ainda durante o curso, passou em um processo seletivo para trabalhar em um banco, onde ficou por três anos. Em todo esse tempo, Waldmann mantinha a carreira de músico e seguia tatuando os amigos, mas por hobby, cobrando apenas o material.

Mudança 

Sergio acredita que o desejo de fazer uma graduação, além da busca por uma melhora de vida, passava pelo vontade de provar para si e para os pais, sua capacidade intelectual. “Mas, quando eu tive maturidade suficiente para perceber que eu não queria trabalhar com aquilo, eu decidi mudar a minha vida antes que fosse tarde demais, e foi a melhor coisa que eu fiz”, afirma o artista. Na ocasião, ele pediu demissão do banco e com o dinheiro que recebeu montou seu próprio estúdio de tatuagem e começou a viajar pelo país atrás de cursos com profissionais de destaque no meio, como Samurai Standoff, Fernando Souza, Ramon Rodrigo e Tuzinho.  

Para desenvolver a visão artística, Waldmann também buscou referências em outros segmentos, como no trabalho do pintor brasileiro Fabiano Millani, um nome de destaque na pintura hiper-realista. “Eu utilizo técnicas de pintura dentro da tatuagem. Então sempre estou pesquisando em outros meios de arte para trazer para o meu estilo. Observo as técnicas de observação dele, como que ele reproduz o rosto de uma pessoa, como trabalha com as técnicas de camadas de hiper-realismo”, explica o tatuador.

Com os aprendizados, Waldmann começou a ver nos trabalhos a qualidade que esperava, algo que antes não acontecia. “Eu era frustrado em não conseguir o resultado porque eu não tinha conhecimento técnico suficiente para conseguir fazer o que eu fazia no papel, na pele das pessoas”, relembra Sergio, que desenvolveu a sua própria técnica misturando tudo que aprendeu. Foram quatro anos se especializando no Realismo, estilo que busca fazer uma representação fiel da imagem, usando principalmente o contraste e o sombreamento. Sergio é especialista tanto no Realismo preto e cinza como no colorido.

Hoje, os trabalhos agradam tanto o profissional, que consegue reproduzir as imagens exatamente como deseja, quanto os clientes. “Geralmente as tatuagens realistas são de retrato, às vezes de pessoas que já morreram, homenagem para filhos, alguém famoso. Sempre é algo muito significativo para a pessoa. Quando ela olha aquilo na pele, algumas se comovem e choram, e algumas pedem para que eu assine a tatuagem. Quando eu vejo que a pessoa chorou e se emocionou eu penso que cheguei lá. Acho que é a recompensa maior da tatuagem, quando você consegue atingir o nível de resultado que você e o cliente queriam”, salienta Waldmann.

Dada a riqueza de detalhes necessária no Realismo, as tatuagens costumam levar algumas horas a mais que as ditas ‘comerciais’ – escritas e símbolos mais simples. O trabalho mais demorado que Sergio já fez foi em uma convenção e durou 27 horas, com pequenas pausas para café. Normalmente, ele tatua um cliente por dia, cada sessão custa R$3 mil, caso ultrapasse 8h, é necessário uma nova sessão. Waldmann atende na Galeria INKS, na Rua Theodoro Rosas, 1074, Centro de Ponta Grossa, inclusive tem uma Rifa de Natal rolando no perfil dele no Instagram, valendo uma tatuagem mais um livro de George Orwell. Do valor arrecadado com a rifa, 30% será destinado ao projeto Farejando Amor, que cuida de gatos resgatados das ruas da cidade.

Reconhecimento

Usando as redes sociais para divulgar os trabalhos, principalmente o Instagram, onde tem quase 71 mil seguidores, o tatuador tem conseguido chegar cada vez mais longe. De um lado, pessoas de outras estados e até países, já vieram até Ponta Grossa para serem tatuados por Waldmann. De outro, estúdios de diferentes lugares do mundo já o convidaram para fazer um Guest – passar um tempo como tatuador convidado naquele local. Um deles foi na Holanda, no começo deste ano. Ele ficou algumas semanas presenciando, inclusive, o primeiro lockdown do país por conta da pandemia do novo coronavírus. Para o início de 2021 ele tem outro Guest marcardo em um estúdio de Luxemburgo, e também prepara a inauguração de dois estúdios na Europa. Juntamente com um sócio, ele abrirá um estúdio de tatuagem na cidade de Rotterdam, na Holanda, e outro em Lisboa, capital portuguesa.

Há ainda outro projeto em andamento, a criação de um curso que será lançado no final de deste mês. Uma ideia que surgiu depois da sua passagem pela Europa, onde viu uma grande carência de informação sobre tatuagem, área que o Brasil tem representantes em níveis muito avançados. O curso de Realismo está sendo gravado em português, mas terá tradução em sete idiomas, e será vendido em uma plataforma on-line.

Enquanto planeja os próximos passos, paralelamente ao trabalho de tatuador, ele segue a carreira de músico como vocalista da banda de grunge e post-grunge, Groverkill, e fazendo apresentações com a cantora Isabela Huk. A meta da vida, segundo ele, é levar sua arte para outros países e conhecer todas as culturas possíveis, mas sem se estabelecer em nenhum lugar, nem casar ou ter filhos. “O meu único objetivo de vida é viajar o mundo. Se eu puder fazer isso trabalhando melhor ainda. E a tatuagem e a música podem me proporcionar trabalhar em qualquer lugar que eu for”, revela o artista.  

Vivendo o sonho, com reconhecimento e estabilidade financeira, os pais que antes não botavam muita fé no projeto de artista, por não conhecerem ninguém que era bem sucedido na área, agora são os maiores fãs do filho. “Hoje eles têm orgulho, contam para todo mundo, e ficam mais orgulhosos ainda quando alguém chega conversar com eles dizendo que me conhece”, conta Sergio. O tatuador acredita que o aperfeiçoamento é o caminho para o sucesso, e por isso, pretende continuar estudando e aprendendo cada vez mais. Mas, acreditar no sonho e ter coragem também é fundamental. “Se você não acredita em si mesmo, quem vai acreditar?”, finaliza Waldmann.

Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista
Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista Artista Sergio Waldmann torna-se referência em tatuagem realista
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE URBE

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE