Giro Agropecuário
Ação do Governo gera renda para pequenos produtores
O programa começou a ser implantado em 2015 para eliminar desigualdades regionais
Da Redação | 03 de janeiro de 2018 - 11:23
O programa começou a ser implantado em 2015 para eliminar desigualdades
regionais
O programa Pró-Rural,
desenvolvido pelo Governo do Paraná, está propiciando desenvolvimento e renda
para produtores da região Central do Estado. Atualmente são 132 municípios
beneficiados, com capacitação de agricultores, regularização fundiária,
aquisição de patrulhas rurais para melhoria de estradas rurais e projetos de agroindustrialização.
Até 2019 serão R$ 150 milhões aplicados no programa, que tem apoio do Banco
Mundial (BIRD).
“O Pró-Rural tem como objetivo
desenvolver regiões agrícolas em condições de vulnerabilidade, desenvolvendo
projetos inovadores, estimulando o cooperativismo, a qualidade da produção e a
geração de renda”, diz o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto
Ortigara.
O programa começou a ser
implantado em 2015 para eliminar desigualdades regionais. “Voltado para regiões
menos desenvolvidas, como o Vale do Ribeira, o programa veio para criar
oportunidades de geração de renda, que é uma das principais formas de redução
de desigualdades”, diz Jefferson Meister, coordenador técnico do Pró-Rural.
Desde que foi criado, já foram
capacitados 50 mil produtores rurais. Há cerca de 3 mil ações de regularização
fundiária em fase final de ajuizamento, além de outras 1,6 mil em tramitação no
Tribunal de Justiça. Foram adquiridas nove patrulhas rurais.
AGROINDÚSTRIA - Um dos principais focos do programa é agregar
valor à produção do campo. Até o fim de 2018 serão 41 projetos beneficiados, de
acordo com a Secretaria da Agricultura. Uma das iniciativas apoiadas está sendo
implantada na zona rural de Guarapuava, onde produtores do assentamento
quilombola Paiol de Telha estão colocando em prática um projeto para agregar
valor às hortaliças produzidas na comunidade.
Em parceria com a prefeitura e a
Secretaria da Agricultura, eles estão construindo uma unidade de processamento
que permitirá vender hortaliças, como cenoura, repolho, couve, abóbora,
batata-salsa e beterraba já cortadas e embaladas para o varejo.
O projeto está orçado em R$ 85,5
mil, dos quais R$ 68,2 mil vêm do Pró-Rural, e vai beneficiar cerca de 12
horticultores do assentamento, que reúne 60 famílias. Os produtores já contam
com equipamentos como mini-câmara fria, mesa, processador de alimentos,
centrífuga industrial, embaladora a vácuo, selador de embalagem e balança
eletrônica. O recurso do Pró-Rural está sendo usado para a construção do
barracão que vai abrigar a usina de processamento, que deve ficar pronta em
2018.
“É uma forma de diversificar a
atividade dos agricultores, que já trabalham com grãos e pecuária de leite
principalmente”, diz Patrikk John Martins, agrônomo da secretaria de
Agricultura de Guarapuava. A ideia, explica, é agregar valor à produção de
hortaliças, que rende cerca de R$ 500 por semana por produtor com a venda in
natura.
MEL EMBALADO - Em Ortigueira, por exemplo, apicultores estão
montando uma fábrica para poder vender mel embalado. O projeto foi o primeiro
assinado dentro do Pró-Rural no Estado.
A ideia, em parceria com o Sebrae
e a Associação dos Produtores de Mel (Apomel), envolve 48 apicultores que
produzem cerca de 500 toneladas de mel por ano, gerando um faturamento bruto
médio de R$ 50 mil anuais para cada associado.
“Hoje esse mel é vendido in
natura, em tambores de 300 quilos, para intermediários que vendem para o
consumidor final. Com recursos do Pró-Rural, os apicultores adquiriram máquinas
de fracionamento e embalagem do mel, o que vai agregar valor ao produto. Com
isso, os produtores poderão vender direto para o consumidor final e até
exportar”, diz Luis Hiroshi Shimizu, consultor credenciado do Sebrae que atua
no projeto.
Para o presidente da Associação
de Produtores, Valdemar Kieltyka, esse dinheiro vai mudar a vida dos produtores
de Ortigueira, a região que mais produz mel no Estado. A expectativa é que o
valor pago pelo quilo de mel, que hoje é de cerca de R$ 10, possa a chegar a R$
23. A intenção também é abrir mercados para exportação. A previsão é começar a
vender o mel embalado já em 2018.
Mulheres quilombolas esperam ampliar
agroindustrialização
A expectativa dos produtores da
comunidade quilombola Paiol de Telha é que o processamento das hortaliças gere
novos negócios e abra espaço para novos projetos de agroindustrialização no
futuro. O projeto começou pela iniciativa das mulheres da comunidade.
Luisa Pereira de Lima Viana,
produtora e primeira tesoureira da Associação de Mulheres do assentamento,
lembra que até agora o principal destino da produção de hortaliças era a merenda
escolar.
“Desde 2009 entregávamos os
produtos in natura para a merenda escolar. Como veio a proposta de criar uma
agroindústria e precisávamos de um espaço físico, buscamos esse projeto e o
Pró-Rural para ampliar nosso trabalho melhorar a geração de renda e agregar
valor”, diz Luisa.
Ela lembra que processar o
alimento triplica o valor das hortaliças. “Lógico que ainda temos os nossos
custos, mas, ainda assim, é uma forma de gerar mais recursos. Graças a Deus
estamos bem felizes. Em 19 anos aqui dentro do assentamento, nunca vimos nenhum
projeto desse tamanho”, afirma.
Michele Dal Santos, nutricionista
da secretaria Municipal de Agricultura de Guarapuava, conta que os agricultores
receberam capacitação sobre como utilizar as máquinas, cortar, lavar e embalar
as hortaliças. A ideia é terminar a construção do barracão em 2018.
De acordo com Luisa Viana, um dos
objetivos é aproveitar a produção de hortaliças que atualmente não tem como
destino a merenda escolar. Ela explica que como o fornecimento da merenda é
estabelecido de acordo com cotas, muitos produtores que investiram em
hortaliças não conseguiram vender e acabaram se desfazendo da produção. “Tem
produtor que teve que jogar fora 200, 300 quilos de repolho, acelga, três mil
unidades de alface. Isso desestimulou o plantio. Mas com o novo projeto, os
produtores já estão voltando”, diz.
LATICÍNIO - A intenção da comunidade Paiol de Telha é também
investir mais em outros projetos de agroindustrialização com recursos do
programa. “Queremos finalizar a obra e buscar novos projetos pelo Pró-Rural,
mas dessa vez, na área de laticínios. A ideia é aproveitar a produção de leite
para fazer o queijo, bebida láctea, iogurte, empacotar o leite. Agora que
começamos não queremos mais parar”, acrescenta.
Para a agricultora Maria da Luz
Oliveira Santos, o projeto surgiu para dar uma oportunidade de geração de renda
para as mulheres do assentamento. “É uma alegria ver que o barracão está quase
pronto e poderemos trabalhar nas mercadorias e embolsar o dinheiro que render”,
afirma.
Informações Agência de Notícias
do Paraná