Editorial
Saúde dos adolescentes é colocada em perigo
Da Redação | 17 de setembro de 2021 - 02:27
A população foi pega de surpresa, nesta quinta-feira (16),
com a decisão do Ministério da Saúde de suspender a vacinação de adolescentes
sem comorbidades. É, no mínimo, equivocada. Em Ponta Grossa e no Paraná, as autoridades
médicas ainda buscam uma solução para este contratempo provocado pelo governo
federal.
A medida foi divulgada por meio de nota técnica emitida pela
Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19 (SEI/MS) ainda na noite
dessa quarta-feira (15). Até então, a ampliação da imunização de jovens de 12 a
17 anos estava oficialmente recomendada.
Como justificativa para revogar a proteção do grupo, o
governo federal afirma que a "Organização Mundial de Saúde não recomenda a
imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades".
O ministério também argumentou que a decisão foi tomada
devido ao fato de a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela
covid-19 apresentarem evolução benigna da doença. Outro ponto levantado
foi o de que houve uma redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60%
no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por covid-19 nos
últimos 60 dias) com melhora do cenário epidemiológico.
Não há o menor fundamento nos argumentos apresentados pelo
Ministério da Saúde. Suspender a proteção dos adolescentes compromete não só a
saúde deles, como a própria efetividade do Plano Nacional de Imunização.
Mais de 2 mil adolescentes morreram de covid-19 desde o
início da pandemia. Esse número supera a soma de mortos por todas as doenças
imunopreveníveis na infância no país. O peso da COVID sobre esses jovens,
portanto, é significativo e merece atenção. A saúde do adolescente, mais uma
vez, está sendo negligenciada
Especialistas ressaltam que a saúde dos jovens de 12 a 17
anos, apesar de pouco debatida durante a pandemia, foi significativamente
impactada pela doença e não deve ser negligenciada. O número de óbitos em
crianças e adolescentes no Brasil foi sete vezes maior do que no Reino Unido,
em decorrência de situações de vulnerabilidade socioeconômica.