Editorial
Moradores estão inquietos
Da Redação | 15 de outubro de 2020 - 18:59
A transformação de um antigo seminário diocesano em uma
unidade de progressão de regime, para abrigar apenados, deveria passar por uma
audiência pública e por uma consulta junto à comunidade. Explicar a função
social deste espaço aos moradores evitaria pressões e manifestações contrárias.
Como isso não ocorreu, o clima de insegurança ganha uma dimensão maior.
Segundo reportagem do Portal aRede e do JM, o presidente do
Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Neto, forneceu uma série de
documentos que mostram a periculosidade dos detentos que estão no local.
Segundo os documentos fornecidos por Ribas Neto, há 17 presos no local, entre
eles condenados por homicídio, tráfico de drogas, feminicídio, estupro, estupro
de vulnerável e assalto.
Apenas nessa quinta-feira (15), o Departamento Penitenciário
do Paraná (Depen) esclareceu que existe
um projeto para ampliação da oferta de vagas da Unidade de Progressão de Ponta
Grossa, projeto este denominado “Reaprenda”. O local identificado como ideal
para essa finalidade é o antigo Seminário São José, no Jardim Paraíso, que
possui ampla área para o desenvolvimento das atividades, que basicamente são
relacionadas a estudo, trabalho e projetos voltados à comunidade.
Segundo o Depen, o modelo de Unidade de Progressão já existe
em Ponta Grossa há dois anos e agora, por conta dos resultados positivos, foi
planejada essa expansão, sustentando que o perfil de internos que habitarão o
espaço é bem específico, sendo admitidos apenas presos em fase final de
cumprimento de pena, com histórico de bom comportamento e que já passaram em
outras atividades de trabalho e estudo com bom aproveitamento.
O Depen, no entanto, não procurou os moradores para dar essa
explicação e deixou que eles descobrissem que o antigo seminário faz parte de
um projeto de ressocialização para apenados. Gera temor uma situação dessa,
mesmo porque não se sabe qual é o nível de segurança que o prédio oferece.