Editorial
Brasil no meio da bagunça
Da Redação | 17 de abril de 2020 - 03:35
No meio da guerra da pandemia, com os hospitais abarrotados
de pessoas infectadas pelo coronavírus, o presidente da República, Jair
Bolsonaro, decidiu demitir Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde. Isso
aconteceu nessa quinta-feira (17), quando o país contabilizou 28.320 infectados
e 1.736 mortos pela covid-19. É o tipo de decisão que causa instabilidade.
O ex-ministro fez críticas aqueles que se afastam das evidências científicas e afirmou que o trabalho da pasta é pautado em três pilares: defesa da vida, do Sistema Único de Saúde e da ciência. Há três semanas, ele vinha passando por um processo de fritura. O principal embate com o presidente era a defesa das medidas de isolamento social como sendo as mais eficazes para evitar um colapso no sistema público de saúde.
Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro já vinham divergindo sobre os caminhos para o combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O ministro se alinhava às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela adoção de um isolamento social mais forte, enquanto o presidente vinha defendendo a abertura do comércio como forma de evitar impactos na economia.
Com Mandetta ou sem Mandetta, o fato é que o Brasil continuará a enfrentar os mesmos problemas. A economia deteriorada, níveis alarmantes de desemprego, violência, saneamento precário e pessoas vivendo na miséria. Há outras dezenas de graves problemas sociais que o governo não resolve.
Desde o começo desta crise, Bolsonaro escolheu o caminho da negação e guiou suas decisões pelo achismo, politizando o que deveriam ser ações técnicas com critérios científicos. A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua histeria, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele. Um comportamento de quem está mais preocupado com sua reeleição do que em salvar as vidas dos brasileiros.