Editorial
STF, Lula e o Brasil
Da Redação | 09 de novembro de 2019 - 02:40

Dois importantes acontecimentos mexeram com a estrutura política
do Brasil nas últimas 25 horas. Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal
Federal decidiu na quinta-feira que o início do cumprimento de pena de
condenados deve ocorrer apenas depois do trânsito em julgado de seus processos,
ou seja, após esgotados todos os recursos. E essa decisão culminou com a
soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após 580 dias preso na
carceragem da Polícia Federal.
Os dois fatos, históricos, têm seus prós e contras num país
visivelmente dividido e descontente. O Brasil poderia estar preocupado com o
próprio futuro, definindo projetos e estratégias para chegar ao tão sonhado
Primeiro Mundo. Mas, não é isso que acontece. É fato que a decisão do STF e a
soltura do petista vai render muita discussão.
Quem ganha com Lula livre? A economia certamente que não e
muito menos a política. O petista foi condenado em duas instâncias por corrupção
e lavagem de dinheiro. Ele deixou a sede da PF pela porta da frente,
acompanhado por parlamentares do PT e seus advogados. Em um discurso de
aproximadamente 20 minutos, Lula agradeceu aos militantes do PT que fizeram um
acampamento na frente da PF em Curitiba durante os 580 dias de duração da
prisão. O ex-presidente também disse que vai retornar para São Paulo e
participará de reuniões no Sindicato dos Metalúrgicos durante o fim de
semana.
O desfecho da decisão do Supremo é uma derrota para a
Operação Lava Jato, que fez da prisão antes de transitado em julgado um símbolo
contra a impunidade. Ministros ressaltaram, porém, que a decisão não levará à
soltura automática de detentos, já que caberá aos juízes de execução de cada
caso aplicar o novo entendimento após manifestação das defesas e do Ministério
Público. Essa medida deve beneficiar 4.800 presos pelo seguimento da regra em
vigor desde 2016 até agora, segundo um levantamento do Conselho Nacional de
Justiça.
Este é o Brasil!